Peter Hook canalizou Ian Curtis no palco principal de Paredes de Coura ontem à noite. A sua apresentação do álbum “Unknown Pleasures” ao vivo e na íntegra proporcionou a primeira verdadeira enchente deste ano em Coura, com os presentes movidos pela curiosidade de ver Hookie voltar ao passado e interpretar os temas de um álbum que ficará para sempre como um marco na história da música. Aos primeiros acordes do concerto (e do álbum), já se adivinhava que algo de especial estava a acontecer. Com bons músicos a acompanhá-lo e o registo de voz de Hook supreendentemente perto do de Curtis, ficava-se com a sensação de estar a ver o que poderiam ter sido os Joy Division se alguma vez tivessem actuado num palco daquele tamanho. Mas Hook não tem a presença em palco de Ian Curtis, se bem que nunca nos tenha parecido ser essa a intenção dele. E também não tem Bernard Sumner e Stephen Morris. Não fossem os atritos que levaram à paragem indefinida dos New Order e poderíamos ontem ter assistido a uma interpretação de “Unknown Pleasures” ainda mais perto da original. O encore traz dois temas extra, um brinde para o mar de gente no anfiteatro natural de Coura. “Transmission” e “Love Will Tear Us Apart” fecham o alinhamento, levando às lágrimas a jovem a quem Hook dedicou a última música.
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Sendo a actuação mais aguardada da noite, Los Campesinos! encheram a tenda After-Hours, roubando os deambulantes mais teimosos às barracas de cerveja. Em palco são oito, mas parecem muitos mais (a fazer lembrar uns Arcade Fire, se não em estilo, pelo menos em número). Os corpos sempre a mexer e as harmonias de voz feminina e masculina já características da banda, os galeses apresentaram assim um alinhamento onde constaram temas de “Romance is Boring” e ” We Are Beautiful, We Are Doomed”. “Death to Los Campesinos!” é o primeiro grande tema a surgir, ainda no início do concerto, a levar ao êxtase a multidão adepta da cena indie que fielmente assistia. “My Year in Lists” aparece já com metade do concerto decorrido e “We Are Beautiful, We Are Doomed” já quase a acabar. O fim aproxima-se e Gareth Campesinos! não quer deixar Coura sem vir até ao público agradecer e surfar a multidão. As saudades já apertam e Portugal espera um regresso breve destes camponeses.
Com apenas uma guitarra e uma bateria (e uns quantos samples), os Memory Tapes, projecto de Dayve Hawk, iniciaram a vertente electrónica desta edição de Paredes de Coura. Não se sabe muito bem como é que Dayve chegou a Portugal, dado o seu medo de andar de avião, mas o facto é que cá esteve e nos deu a conhecer os temas do primeiro LP dos Memory Tapes “Seek Magic”. Sem nunca agarrar bem o público, o duo em cima do palco acabou por proporcionar um bom ambiente sonoro para os campistas, alguns deles já em Coura há vários dias.
O primeiro dia fechou com Isidro Lisboa. O radialista da Nova, na faceta DJ, extendeu a noite até às 6h da manhã, alternando temas recentes com a onda 80’s, sem fugir muito da cena rock.
Paredes de Coura 2010 – Dia 1: Entrevistas (7.88 MB)
Reportagem: Ricardo Machado e Tiago Cavaleiro
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