Super Bock Super Rock 2024 – 28ª edição

O Super Bock Super Rock regressou à Herdade do Cabeço da Flauta de 18 a 20 de Julho e, com ele, trouxe um cartaz que dividiu os fãs do festival: para uns, trouxe um dos grupos mais desejados pelo público português e, para outros, deixou muito a desejar. No entanto, curva contra contra, todas as estradas deram ao Meco, para deleite de todos. 

O festival que fez o Meco ser uma das “Mecas” dos festivais de música em Portugal tem razão para o ser: ao longo dos anos tem trazido nomes que outrora foram emergentes (e não só!) e que agora todo o mundo sabe as letras e melodias de cor. Escrevemos sobre David Bowie (headliner na edição de 1996), Jamiroquai (headliner na edição de 2008), Arctic Monkeys (headliners na edição de 2011), e a lista continua bem recheada. 

 

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Na edição de 2024, os artistas que mais fizeram os olhos dos festivaleiros brilhar, terão sido os italianos Maneskin  e o rapper britânico 21 Savage. Será que foram os melhores concertos?

 

Nesta reportagem propomos uma abordagem diferente: para se ler os parágrafos que se seguem, será necessário vestir-se a rigor: uma cerimónia de entrega de prémios está quase a começar. 

 

Prémio Revelação – MAHALIA

 

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O sotaque britânico não enganou ninguém – era mesmo a Mahalia a brilhar no palco principal no segundo dia do festival. Em quase 1 hora de concerto, deixou que o seu coração cantasse mais alto, ao contar na primeira as histórias dos seus amores e desamores. 

 

A artista britânica, ainda que com uma curta carreira, já colaborou com artistas como Jacob Collier, e lançou-se pela primeira vez a solo com o seu álbum “Diary of me” (2016). Tem vindo a ganhar, também, cada vez mais reconhecimento pelo seu mais recente álbum, “IRL” (2023). Com uma presença e carisma magnéticos, é um dos nomes a apontar para a música que se vai ouvir nos próximos tempos.

 

Houve quem acompanhasse o compasso de emoção no mesmo tom, e fez com que aquele fim de tarde se tivesse tornado num concertos mais especiais do festival. Portugal conheceu a Mahalia e espera uma visita muito em breve!

 

Prémio Potência (“persistência”) Máxima – ROYAL BLOOD

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Já o sol se derretia quando os primeiros acordes se ouviam do palco principal – eram os Royal Blood a transbordar energia (literalmente!). O que se parecia ser com pequenos erros técnicos, tornaram-se demorados, tendo a banda parado de tocar (literalmente!) pela coluna não aguentar com tamanha potência (sim, aconteceu mesmo!). 

 

Há bandas que chamam os seus, e a dupla britânica não foi excepção. Com o apoio máximo, Royal blood continuaram a esbanjar energia, e o público recebeu o que pôde. 

 

Prémio surprise, surprise – PAPILLON

 

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Prostrados sob o ardente sol da praia do Meco, bocejantes numa tenda semi-acordada ou até ainda de bagageira lotada rumo à bela herdade, todos os festivaleiros se uniram num despertar insólito – o abrupto cancelamento do cabeça de cartaz do 2.º dia de festival, 21 Savage. 

 

Os novos pés, responsáveis por preencher tão grandes sapatos, foram os de Papillon. Orgulhosamente vindo de Mem Martins, onde se cifrou no agora extinto coletivo GROGNation, decalcou ainda mais além a profecia de sucesso que se avizinhava no seu álbum de estreia a solo “Deepak Looper” (2018) e se confirmou no mais recente álbum, “Jony Driver” (2022).

 

Vestido nas suas cores de emoção e humildade, desdobrou-se em agradecimentos pelo concretizar de um sonho – pisar o palco do Meco. Comoveu e comoveu-se. O público retribuiu o seu carinho e gratidão em plenitude, cantando cada letra e entoando até o seu nome nos esquivos momentos de pausa. O Meco eternizou-se nesta simbiose de amor que se tornou um dos mais surpreendentes concertos desta edição do Super Bock Super Rock. 

 

 

Prémio Concerto de Prata – Slow J

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Com o cancelamento do cocnerto de 21 Savage, a programação do segundo dia do SBSR sofreu uma pequena-gigante reviravolta, sendo que o Papillon entrou em ação (e arrasou!), e Slow J, passou a ser o cabeça de cartaz nesse dia.

2024 tem sido um ano marcante para o artista que teve a agenda repleta de concertos para a promoção do seu álbum “Afro fado” (2023), tendo atuado na Altice Arena -, um dos concertos mais marcantes para o artista.

A quantidade de pessoas na herdade do cabeço da flauta era impressionante, e Slow J confessou a emoção desmedida por ver aquela maré de pessoas a cantar com todos os seus pulmões música portuguesa. Papillon voltou a subir a palco, e partilhou com o artista a overdose de felicidade deste concerto especial.

Foi uma festa bonita.

 

 

Prémio Concert d’Or – MÅNESKIN

Assim que se soube que a banda italiana se iria estrear a Portugal, leu-se e viveu-se de tudo, tendo sido quase automática a contagem decrescente para o dia em que Måneskin tocariam em solo português. 

Numa mega produção, as expectativas estavam altas, mas conseguiram ultrapassá-las. Tocaram todos os seus hits, incluindo a canção que foi cantada mais alto na Eurovisão, Beggin’, que os colocou nos holofotes e nos karaokes do mundo, como uma das bandas de rock mais promissoras. 

O charme e o carisma transbordavam daquele palco, tendo havido tempo para múltiplos “SIIIIIII”, enquanto homenagem ao representante de todos nós no mundo, CR7, e ainda vários fãs subiram a palco para dançar com a banda.

Foi, seguramente, um dos concertos da noite e – sem dúvida – do festival.

Bravo!

 

Prémio Imprevisbilidade – Marc Rebillet

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Ainda fresquinhos de Måneskin, os velozes festivaleiros desbravaram pela Herdade, fiéis devotos a não perder nem um minuto da aparição de Marc Rebillet.

 

Somam-se os álbuns do artista franco-americano. Todavia, não é segredo que não foram esses os elementos que catapultaram o seu sucesso. Os numerosos vídeos no Youtube e live streams de improvisação electrónica no seu quarto (ou em localizações várias), munido de vestuário único (os seus conhecidos boxers) e construindo humorísticos cenários (a partir de sugestões do seu público), cimentaram a sua reputação de imprevisível. Pouco mudou entretanto.

 

O palco secundário do Super Bock Super Rock não tardou a bailar ao som dos seus beats – fresquinhos, fresquinhos, prontinhos a sair do forno. Até a pizza, oferenda dos fãs que não largaram a frontline, serviu de mote para um dos mais imprevisíveis e, inerentemente, mais joviais concertos do festival. 

 

Prémio sem sal – Nina Kraviz

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Igual dose de expectativa e igual dose de (des)ilusão – assim se fechou o palco principal no 1.º dia rumo ao Super Bock Super Rock. 

 

Visivelmente atrasada – mas ainda mais visivelmente despreocupada – Nina Kraviz entrou desafogada, ainda de mala ao ombro. Iniciou a marcha, demorou-se no que pareciam testes de som apressados. Os festivaleiros que foram consultando os relógios de forma ansiosa surpreenderam-se com a exagerada simplicidade do palco – a abandonada mesa de som bem ao centro, sem nenhum dos espetáculos de luzes que se anteviam.

 

Apesar do conturbado começo, o público que se foi fixando lá gradualmente se apaixonou pelas sonoridades vibrantes, com tempero q.b. português – não tivesse a DJ russa incluído no seu set emblemáticos motivos brasileiros. Ainda assim, Nina Kraviz, um dos nomes que mais tinta faz correr no mundo da música electrónica actual, defraudou expectativas. No fundo, o tempero não bastou – tudo precisava de mais sal.

 

Prémio you’re beautiful – Aminé

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Depois de tours e mais tours europeias sem uma única cruz a desbravar territórios lusitanos, Aminé redimiu-se – e veio para ficar.

 

O norte americano de 30 anos ascendeu ao estrelato em 2017 com singles como ‘Caroline’ e ‘Spice Girl’, do aclamado álbum estreante “Good for You” (2017), que abriram portas a filas expectantes. Depois de lançar os consagrados álbuns “ONEPOINTFIVE” (2018), “Limbo” (2020) e “TWOPOINTFIVE” (2021), ainda mais aguardada se tornou a sua chegada aos palcos.

O célebre companheiro abriu as honras da pista com clássicos hip-hop para colocar o já caloroso público em crescendo. Aminé trouxe o ponto de ebulição – com um repertório dos mais antigos (não se esqueceu até da Bonus Track ‘Heebiejeebies’)  até aos mais recentes (‘Mad Fun Freestyle’ abriu bem cedo o apetite), gingou jovialmente pelo palco, deu ‘pé de dança’ e lembrou todos os que lá passaram do quão “beautiful” eram. 

E, já se adivinha, prometeu corrigir o erro de todas as anteriores tours – de agora em diante, todos os caminhos vão dar a Lisboa!

 

Prémio Despertar – Black Coffee

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As dúvidas de fecho do Palco Principal rapidamente se dissiparam à entrada de Black Coffee. O repertório do DJ e produtor musical sul-africano seduziu a priori os desconhecidos ou reticentes – quatro DJ Awards, um prestigiado (e sobretudo prestigiante) Grammy Award for Best Dance/Electronic Album. Se ainda restassem dúvidas, dissolveram-se na pista de dança.

 

Carismático, envolveu o seu público não só num set, mas numa experiência plural – a exaltação da cultura sul africana e negra que o carateriza sob a forma visual, a emoldurá-lo calorosamente.

 

Fechou-se em beleza o 2º dia desta edição, numa performance digna do prémio despertar.

 

Até sempre!

Maria Alves da Silva

Mariana M. Martins

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