Primavera Sound Porto 2024 – 2ºdia

No segundo dia do Primavera Sound Porto, 7 de junho, o desastre estava prometido. Com o Porto em alerta laranja, a meteorologia ditava fortes precipitações e trovoadas secas. Todos os festivaleiros foram preparados para estas condições adversas, mas a verdade é que não houve uma única pinga de chuva nesse dia, e foi outra a causa da desilusão que grande parte dos visitantes do Parque da Cidade sentiram.

AMBIENTE_PRIMAVERA SOUND PORTO 2024
_ © Hugo Lima | www.hugolima.com | www.instagram.com/hugolimaphoto

 

Quando chegámos ao recinto, percebemos que algo de errado se passava: o concerto de Mutu não iria ter lugar. A organização do Festival alertou nas redes sociais oficiais que poderia haver alterações à programação do palco Vodafone, “por motivos de segurança na montagem das estruturas”. Mais tarde, cancelaram mesmo todos os concertos que originalmente iriam ter lugar naquele espaço: Classe Crua, The Legendary Tigerman, e os franceses Justice. Estes últimos eram um dos nomes principais do cartaz daquele dia, e o cancelamento imediatamente gerou um grande descontentamento dos participantes, manifestado nas redes sociais. 

Não há como disfarçar, o Palco Vodafone, palco principal do festival até 2022, é o palco favorito dos festivaleiros do Primavera Sound Porto. Ainda assim, é também o palco em que mais problemas técnicos se têm verificado. Será por azar, mau planeamento? Desta vez, foi mesmo da responsabilidade da organização: um erro de cálculo entre a capacidade de suporte do palco e a quantidade de material técnico que lhe foi destinada para a atuação dos Justice, o que resultou no risco de aluimento por excesso de peso, como o JN mais tarde apurou.

 

Tendo em conta este cenário, decidimos arrancar o dia com o concerto de Crumb, que teve lugar no Palco Porto. Uma boa decisão para um início de tarde relaxado na companhia do seu indie rock psicadélico. Fomos blindados com temas do seu mais recente disco “AMAMA” (2024), mas também dos já conhecidos e adorados “Ice Melt” (2021) e “Jinx” (2019). Tendo em conta as condições atmosféricas que estavam previstas, parecia mesmo estarmos a presenciar o “calm before the storm”. Não levitamos, mas pouco faltou. 

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O que se seguiu foi um dos concerto mais esperados do dia, quiçá do ano. As britânicas The Last Dinner Party, que deveriam ter marcado presença na última edição do Vodafone Paredes de Coura, apareceram em toda a sua força e esplendor. 

Munidas de uma setlist constituída por músicas do seu álbum primogénito “Prelude To Ecstasy” (2024), uma versão de “Wicked Game” de Chris Isaak e ainda uma música nova “Second Best”, estavam prontas para conquistar a multidão que as esperava. A verdade é que a maior parte das (imensas) pessoas que se aglomeravam no Palco Porto estavam já a guardar lugar para Lana Del Rey e nem faziam ideia do que estava prestes a acontecer. 

Felizardos os que foram apanhados desprevenidos pelo furacão Abigail e imediatamente se renderam. Felizardos também os que, já estando familiarizados com a banda, ainda assim ficaram também rendidos ao maravilhoso espetáculo que aquele grupo consegue dar. De facto é impossível ficar indiferente à cumplicidade entre os vários elementos e à dedicação que é colocada em cada tema. Talvez seja por isto que, quando chegou o momento de contar em uníssono “Give me the strength” durante “Portrait of a Dead Girl”, o público gerou um coro que (caro leitor, perdoe a hipérbole) provavelmente ecoou até ao Hospital de São João. 

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Depois da grande festa dada pelas The Last Dinner Party, os holofotes viraram-se para um dos nomes mais aguardados do festival, Lana Del Rey. Foi tão promovido e aguardado que os próprios artistas que pisavam o palco principal iam relembrando que, em poucas horas, naquele palco, iria estar a superestrela norte-americana.

Durante o dia, já se podia prever a dimensão espetacular da produção: um cenário complexo que ocupava metade da largura do palco principal – os panos pretos permitiam espreitar um bocadinho para o que iria acontecer ali. Às 23:15, estavam reunidas todas as condições para o início do espetáculo.  

O início do concerto, não poderia ter sido mais convidativo: ao som da guitarra portuguesa, Lana deu as boas-vindas e o público que ficou, naturalmente, em êxtase assim que a viram entrar em palco com as suas botas brilhantes. Começou por cantar a “Without you”, fazendo uma viagem no tempol até ao seu primeiro álbum, “Born to Die” (2012). Seguiu-se a “West Coast” e a icónica “Summertime Sadness”. Em todas as músicas, a artista norte-americana contou sempre com os seus back vocals contratados à última hora – o público – que, em tom de karaoke, sentia cada verso de canções de amores, de desamores, de vida e de morte com todos os poros. A intensidade era tanta que, os versos ecoavam por todo o recinto, ondulando pelas milhares de pessoas que assistiam ao concerto. Naquela maré de luzes, sorrisos e lágrimas, Lana reafirmou o que há muito era sabido: a espetacularidade que é; o ícone que criou; o talento que tem, e que será residente permanente na história da música mundial. 

Apesar do tom / energia q.b. melancólica, a artista conseguiu cativar quem assistia, descendo do palco no final da música “Born to die”, onde interagiu uns largos minutos com os fãs. Antes da despedida, ainda apareceu um holograma seu – que confundiu os mais distraídos -, a cantar  “hope is a dangerous thing for a woman like me to have – but i have it”. 

Terminou em beleza com a “Young and Beautiful” e com a promessa de que regressará em breve. O porto assim esperará pelo seu regresso! 

 

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Maria Alves da Silva

Mariana Varejão de Magalhães

 

 

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