Primavera Sound Porto 2024 – 3ºdia

No último dia de Primavera Sound Porto, a primavera pareceu ter ficado à conversa com SZA, pelo que o outono-inverno presenteou os festivaleiros com litros de água que escorriam pelos céus. “Concerto molhado, concerto abençoado”, dizem os que viram o concerto de Best Youth. Esses, os mais corajosos, vestiram-se a rigor, e também  não deixaram escapar um dos primeiros concertos do dia, os Expresso Transatlântico. De gabardine, ponchos, galochas, estava tudo pronto para receber a banda lisboeta no palco plenitude. 

PRIMAVERA SOUND PORTO 2024
_ © Hugo Lima | www.hugolima.com | www.instagram.com/hugolimaphoto

 

À procura de bom tempo, a viagem transatlântica começou com uma excelente receção musical da banda que tem vindo a ganhar reconhecimento pela originalidade, qualidade e talento, que não deixam ninguém indiferente. Os acordes da guitarra portuguesa de Gaspar Varela dão um sabor especial ao que se ouve, mas é inegável a explosão de brilhantismo aquando da mistura com os outros instrumentos. 

No último dia de festival, dançou-se ao som de “Ressaca Bailada”, o álbum de estreia da banda, editado o ano passado, e com sons dos países que desenham o atlântico, dançou-se muito. “Primeira Rodada”, “Alfama, Texas”, “Azul Celeste”, foram algumas das músicas que fizeram parte da playlist desta grande festa que se tornou o palco plenitude. 

O mais interessante da banda é que, apesar de ser rara a música com voz – apenas “barquinha” que conta com a participação de Conan Osíris -, dá uma flexibilidade gigante de criar e imaginar novas narrativas para aquela melodia que se está a ouvir, tornando a experiência ainda mais especial. Houve espaço e tempo para tudo, entre crowdsuf, copos de vinho, etc. A festa foi bonita e, no final da viagem, chegámos todos a bom porto – à terra onde o sol brilha e por lá continuou.

A Engenharia Rádio teve a oportunidade de conversar com a banda no final do concerto e descobrimos que a festa ainda vai ser maior. Curioso? Lê aqui.

 

This slideshow requires JavaScript.

 

Seguimos em direção ao palco Super Bock, para conhecer a banda espanhola – Lisabö. A diferença de público era notória – bastante mais velho e, diria, habitual nos concertos desta banda, para nós, desconhecida (ainda). De visuals tinham a bandeira de palestina, o que gerou uma onda de amor para com o povo palestiniano.

Revelaram ter uma energia intensa derivada, sobretudo, de terem duas baterias em palco mas que, infelizmente, houveram demasiadas falhas técnicas na mesa de som, o que desapontou quem assitia e a própria banda que, após 20 min. de concerto, ia sair de palco. 

Após resolvidos estes percalços, a Lisabö retomou o ritmo frenético com a ajuda dos seus fãs aguerridos.

 

PRIMAVERA SOUND PORTO 2024
_ © Hugo Lima | www.hugolima.com | www.instagram.com/hugolimaphoto

 

Para o concerto que se seguiu, voltamos ao nosso palco favorito: o Vodafone. Restabelecido após os problemas técnicos do dia anterior, veio mesmo a tempo de os Pulp pisarem as suas tábuas. E ainda bem, pois este deve ter sido um dos melhores concertos dos três dias. 

Com Jarvis Cocker a comandar a operação, deu-se uma festa de greatest hits: “I Spy”, “Disco 2000”, “Something Changed”, “Pink Glove”, “F.E.E.L.I.N.G.C.A.L.L.E.D.L.O.V.E.”, “Do You Remember the First Time?”, “Babies”, “Underwear”, e a bíblica “Common People” foram alguns dos momentos mais altos. 

O público cantava cada palavra e dançava, completamente absorvido pela incrível energia que lhe chegava. Alegria, nostalgia, amor, amizade. Tudo se concentrou naqule espaço temporal.

 

This slideshow requires JavaScript.

 

Embevecidos pela magia do concerto anterior, o passo seguiu ligeiro até ao concerto que se seguia, no palco vizinho, o palco Super Bock. Apesar do infortúnio de coincidir com o concerto dos The National, a dupla de Gondomar aproveitou esse pretexto para fazer com que se ouvisse do palco principal a terra icónica de GONDOMAR.

A dupla composta por David Bruno e pelo Homem do Robe rasgarram preconceitos com um rap caseiro mas, ainda assim, não menos original. Rimam aos bairros do Porto, aos que vivem de roubar catalisadores e aos que dão “chino no olho” de tão brilhantes e vanguardas que são. 

Carisma, ousadia (e hidromel) não faltaram naquela atuação que não deixou ninguém indiferente. Gritou-se, várias vezes, “GONDOMAR”, “GONDOMAR” e, não só os The National ouviram como, provavelmente, em Gondomar também. 

 

This slideshow requires JavaScript.

 

The National foi o nome escolhido para encerrar esta edição do Primavera Sound Porto. “The National? Outra vez?”, podem alguns ter pensado ao ver este nome no cartaz do festival. Na verdade, este concerto foi o vigésimo segundo dado pela banda de Matt Berninger em Portugal. Mas nem por isso teve uma multidão mais pequena, ou aborrecida. 

À hora marcada, um mar de gente preparada para cantar a plenos pulmões esperava pelos artistas. Estes, que sentem tanto carinho pelo público português como acontece na direção contrária, vinham preparados para lhes entregar todo o seu amor, mais uma vez – talvez por isso tenham decidido dar início ao espetáculo com “Sea of Love”.

Seguiram-se mais vinte e duas canções que deambularam entre os vários álbuns da banda. “Mr November” foi dedicada a Joe Biden, momento em que Matt apelou ao voto no atual presidente dos Estados Unidos da América, atacando Donald Trump.

 

This slideshow requires JavaScript.

 

 

 

 

Foi nesta comunhão de amor e paz que se passaram os últimos momentos do Primavera Sound Porto 2024. Se foi perfeito? Não. Se valeu a pena? Claro, a menos que o leitor seja um dos fãs de Justice que se deslocou ao Porto exclusivamente para o seu concerto. Felizmente, cada ano vem com uma nova oportunidade, e só nos resta esperar para ver o que a edição de 2025 nos trará.

 

Maria Alves da Silva

Mariana Varejão de Magalhães

Publicado a

Comentários fechados em Primavera Sound Porto 2024 – 3ºdia