Entrevista aos Expresso Transatlântico | Primavera Sound Porto 2024

No último dia de Primavera Sound Porto, as condições metereológicas proporcionaram um «efeito especial» ao concerto dos Expresso Transatlântico, ora não estivéssemos na invicta. A banda Lisboeta, composta por Gaspar Varela (GV), Sebastião Varela (SV) e Rafael Matos (RM), proporicionou um ambiente de festa a todos os corajosos que vestiram os impermeáveis e calçaram as galochas para dançarem ao ritmo de uma «Ressaca Bailada».

No final do concerto, a Engenharia Rádio (ER) esteve à conversa com a banda:

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ER: Como foi, para vocês, atuar no palco do Primavera Sound? Foi um concerto abençoado, não foi?

SV: Tens de falar tu que eu ‘tou cheio de soluços.

GV: Oh pá, foi incrível. Ficámos muito entusiasmados quando recebemos o convite para vir ao festival. Chegar aqui e perceber «Ok, está a chover. Já nos lixámos. Não vamos ter ninguém. Vai ser difícil. Vamos cair em palco. Vai acontecer tudo»  e aconteceu tudo ao contrário: correu tudo bem, o público aderiu bué e acho que a chuva foi mesmo um milagre e só deu mais intensidade ao concerto e foi assim um cenário de borla. 

SV: Exato!

 

ER: Foi um efeito especial!

GV: Faz parte do concerto. 

RM: Foi o patinho que clicou no botão (risos!)

 

ER: E, aqui no norte, ainda só tinham atuado no Vodafone Paredes de Coura, o ano passado, certo?

GV: Sim, o ano passado. Eu estou aqui a representar o Paredes de Coura (2013). Mostra a sweat

 

ER: E dá para comparar as experiências? Ou são festivais demasiado diferentes?

GV: São dois festivais diferentes – não quero estar a dizer isto, mas são vibes diferentes (yes, i talk in english), mas tanto um como o outro são incríveis, mesmo.

 

ER: São especiais à sua maneira.

GV: Claro! Cada um tem as suas características e isso também é bom – haver essa diferença.

 

ER: E, relativamente ao público, há pouco tempo estiveram em Buenos Aires. Como é que foi a vossa experiência? a receptividade do público?

SV: Imagina, nós apanhámos Buenos Aires num dia de greve geral, portanto, foi fixe, divertimo-nos imenso na viagem.

RM: Comemos muita bem!

SV: Ouvimos óptimo tango, fomos a uns sítios muita giros como o “El Boliche de Roberto”, por exemplo. O concerto em si também foi muito divertido, muito fixe, mas ya apanhamos um dia de greve geral que complicou um bocadinho a cena mas…

GV: … mas nada como tocar aqui em Portugal, que aqui o pessoal entende as letras (muitos risos!)

 

Entra o Zé Cruz (trompestista e teclista – ZC)

ZC: Vim só dizer adeus aos meus amigos!

GV: Já vais embora?

ZC: Vou! Então, a minha mãe faz anos.

SV: fazes estas coisas só para aparecer nas entrevistas (muitos risos!)

retomando a entrevista

 

ER: A vossa música é, maioritariamente, instrumental, à exceção da «Barquinha»  com o Conan Osíris. Querem continuar neste registo ou encontram-se abertos a que seja adicionada voz?

SV: Sempre estivemos abertos a colaborar com outros artistas, principalmente, a ideia é essa: às vezes queremos colaborar com outros artistas independentemente se é voz ou não é. Tipo, para nós a piada é estar a tocar com outras pessoas e ir buscar universos diferentes, para misturar um bocado o nosso universo com outros -, o que aconteceu com a «barquinha» – fomos buscar e misturar o universo do Conan. Acho que a cena é essa, principalmente. Tendo vozes ou não.

 

ER: A vossa música também muito cinematográfica! Gostavam de fazer a banda sonora de algum filme?

SV: Temos bastante interesse.

GV: Até pode acontecer um filme nosso (risos!)

SV e GV em uníssono: Será que vai acontecer? Não percam o próximo episódio!

 

ER: Ainda na onda cinematográfica, vocês têm uma canção que se chama «Alfama, Texas»  – esta foi a vossa «Lisbon Story» para o mundo?

SV: Para nós era o que fazia sentido para aquela música, o que estávamos a ir buscar a compôr a música.

GV: Faltava-nos o nome, man. Estávamos em estúdio e foi a primeira sessão com o Tiago, que toca connosco baixo, e ele estava a ouvir a música e disse: «Oh pá! isto é bué Alfama, Texas». Nós olhámos os três para ele e dissemos «isto mesmo» (risos!). 

 

ER: Na vossa música há elementos tipicamente portugueses, tais como a guitarra portuguesa …

GV: É o instrumento principal da banda (risos!) Estou a brincar.

ER: … é intencional vocês manterem esses elementos para também levar mais longe esses sons?

RM: Não, isto foi o último concerto do Gaspar (risos!)

ER: Ouviram aqui primeiro!

SV: Uma cena que sempre tentámos fazer em Expresso é mexer um bocadinho com a tradição e dar-lhe uma roupagem um bocadinho diferente. Brincar com aquilo que temos e, sei lá, tentar perceber aquilo que pode ser também ou que poderia ser e andar um bocadinho à volta dessa base. É uma coisa que sempre tivemos presente, que continuamos a ter presente e há-de continuar porque a génese de Expresso Transatlântico também é muito essa: pegar na tradição e transpô-la para outro sítio

 

ER: E fica especial. O ano passado lançaram o vosso primeiro álbum: se o pudessem pintar de uma cor, qual seria e porquê?

Todos: Cor-de-rosa!!!

SV: Rosa, porque é festa, é para andar para a frente, é celebrar o que vem a seguir. Andar para a frente, festejar.

ER (Mariana): É a minha cor preferida (risos!)

 

ER: E chegámos ao fim. Obrigada pelo vosso tempo!

Todos: Obrigado nós!

 

Maria Alves da Silva

Mariana Varejão de Magalhães

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