O concerto-abraço de Júlia Mestre no M.Ou.Co
Há vozes que adocicam a mais amarga da pessoa, sendo a voz da Júlia Mestre uma delas.
Na noite estrelada de Domingo, a cantautora carioca fez da sala do M.Ou.Co a sua sala de estar, recebendo os seus convidados com a sua leveza e carisma características. Depois de ter convidado todos a sentarem-se confortavelmente, com uma chávena de chá na mão e guitarra afinada, Júlia Mestre começou a partilhar a(s) sua(s) história(s).
A cada capítulo de música, dava uma breve introdução, ou melhor, uma “fofoca” – como lhe chamou, onde explicava o que estava por de trás de cada verso. Há algo de intimista nestas partilhas: onde os artistas abrem o livro da sua vida, com bons e maus momentos que perdurarão, para sempre, em canções.
Primeiros acordes dados e, ali estava, Júlia Mestre e uma guitarra a pararem o tempo. Apresentou as canções do seu mais recente álbum “Arrepiada” (2023) e canções nas quais participou no processo de escrita: “Cores e Nomes”, música que partilha o mesmo nome da canção dos Gilsons. A letra remete para uma das fofocas relacionada, inclusive, com um membro dos Gilsons, mas foi feita uma jura de mindinho que nada iria sair daquela sala – prometido.
Canção após canção, o público ficava ainda mais confortável, descalçando-se (literalmente!) de tudo o que pudesse alterar o bem-estar. “Menino Bonito”, o mágico pôr-do-sol de “Chuva de Caju”, foram algumas dessas canções que aqueceram a sala.
Júlia cantou, também, uma canção da banda onde começou a brilhar ainda mais: Bala Desejo – composta por ela, Zé Ibarra, Dora Morelenbaum e Lucas Nunes. O projeto que os fez viajar por todo o mundo fez com que a canção “Passarinha” tivesse uma emoção ainda mais especial. Tocou, igualmente, a bonita canção sobre os tempos longínquos de pandemia, a “No meu sofá”.
“Sentimento blues”, “do do u”, “sonhos e ilusões” – dueto com Maro, “deusa inebriante” e “love love” – canção, também, dos Gilsons e da sua autoria, seguiram-se nesta noite de quase-verão. Finalizou com “O meu paraíso” indicando que uma das suas maiores referências é, a inigualável, Rita Lee: pela ousadia, carisma, e por fazer um cocktail idiomático.
A noite terminou em beleza, com a certeza de que o calor carioca chegou à alma de quem assistia.
Maria Alves da Silva
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