Alumni a dar música – The FEUP Alumni Playlist #37 – André Silva

Alumni a dar música” é uma rubrica musical em formato Podcast do Gabinete Alumni da Talent Unit da FEUP em parceria com a Engenharia Rádio que traz todos os meses as escolhas musicais dos nossos Alumni. Na 37ª edição do “Alumni a dar música” temos a escolha musical do alumnus André Silva.

André Silva

Mestrado Integrado em Engenharia Civil

Engenheiro Geotécnico @ Measurand (São Paulo, Brasil)

 

Playlist de André Silva influenciada pelo Hip Hop

 

“A viagem pela minha playlist se confunde com o meu percurso desde a adolescência no movimento Hip Hop do Porto, no início dos anos 2000. Naquela época, o meu envolvimento com a cultura Hip Hop era muito intenso: fazia graffiti, participava de pequenas rodas de break na escola e, é claro, sempre tinha o rap como trilha sonora de fundo.

Meu primeiro contato foi com os incontornáveis Dealema e o seu hipnotizante e underground “Expresso do Submundo”, isto ainda numa cassete que o pessoal andava a gravar de um primo mais velho de uma colega de turma. Achei tudo aquilo fascinante: as letras, a rebeldia, a liberdade de poder se expressar como quisesse num país tão conservador e de bons costumes como Portugal era e ainda é.

Naquela época, o movimento Hip Hop já tinha um bom número de seguidores, mas o acesso à música, revistas, videos e eventos ainda era muito reduzido comparativamente ao que vemos atualmente. O acesso à música ainda se dava através de CDs físicos ou cassetes existentes em pouquíssimas lojas de streetwear do Porto. Vale ressaltar que naquela época a internet ainda era uma realidade para muito poucos. Na rádio, era muito difícil encontrar conteúdos relacionados, no entanto existia o “Rimas e Batidas” do Rui Miguel Abreu na Antena 3, que acontecia à 1:00 da madrugada de sexta-feira para sábado (isso para a minha geração, a geração anterior já tinha os programas do José Marinho na Nova Rádio Energia e depois, mais tarde, o “Repto”, também na Antena 3).

O repertório foi aumentando com nomes incontornáveis do movimento nacional como Sam The Kid, Valete, Chullage, Micro, Regula e, é claro, os Mind da Gap, os pioneiros do rap do Porto a alcançarem uma visibilidade maior na grande mídia entre os seus pares. Fica aqui também uma menção honrosa para o Keso, um dos melhores rappers/produtores/influenciadores da geração que se seguiu a MDG e Dealema.

Com naturalidade, o interesse pelo Hip Hop americano foi crescendo, seguido do espanhol (com seu expoente máximo no genial Nach) e brasileiro (Marcelo D2, Emicida, entre outros). Nessa parte, os créditos são devidos ao trabalho de divulgação feito pela revista HHNation (2003-2006). Ainda hoje guardo todas as edições num armário que resta na casa dos meus pais. Nessa fase, aprendi muito sobre os grandes clássicos da Golden Era do rap americano como Gangstarr, J Dilla, Nas, The Roots, Dr. Dre, Blackstar, Common, Wu-Tang Clan, entre outros.

Em 2006, propús ao meu primo (meu companheiro de sempre nessas andanças), também estudante da FEUP, mas de Mecânica, que iniciássemos um blog sobre o tema, visto que havia muito pouca oferta de sites, blogs e revistas. A proposta foi aceita! E, apesar de a internet ser limitada em nossas casas, começamos a postar os primeiros conteúdos a partir dos computadores das salas de informática da FEUP. A partir daí, seguiram-se milhares de visitas ao longo de mais de 15 anos online, convites para escrever em revistas e sites especializados, eventos, muito aprendizado, uma tatuagem no braço e uma coleção impressionante de bons amigos.

Outro aspecto importante a destacar são os benefícios que ouvir rap de diferentes nacionalidades acabaram tendo na minha vida profissional. Profissionalmente, o destino quis que grande parte do meu percurso profissional fosse no Brasil e, mais recentemente, com bastante interação com outros clientes da América Latina, o que exige conhecimentos de espanhol, dos quais eu nunca tive uma aula sequer. Obviamente, para portugueses é mais fácil assimilar, mas muita da familiaridade que adquiri com o espanhol surgiu do meu hábito de escutar rap espanhol desde cedo. E, acreditem ou não, apesar de o português brasileiro ser aparentemente a mesma língua, as gírias fazem total diferença, principalmente quando se está gerindo um projeto de construção.

O texto já está longo e eu teria muitas mais histórias para contar, como aquela vez em que descobri que um estimado professor meu de Civil é pai de uma famosa rapper do Porto, através de uma das suas músicas. Mas os detalhes ficarão para uma próxima oportunidade…

Espero que tenham gostado desta breve viagem pelo tempo. Desfrutem da playlist!”

 

Playlist

  1. Dealema – Mais uma sessão
  2. Keso -Na rua tenho acústica
  3. Sam The kid – Juventude é mentalidade
  4. Valete – Suburbios
  5. Chullage – RhymeShit Que Abala
  6. Regula – Diálogo
  7. Micro – Respeito
  8. Mind Da Gap- Todos Gordos
  9. Wu-Tang Clan – C.R.E.A.M
  10. GangStarr – Code of the streets
  11. Slum Village – The look of love
  12. Nas – The world is yours
  13. BlackStar – Respiration ft Common
  14. Marcelo D2 – Desabafo/Deixa eu dizer
  15. Emicida – Triunfo
  16. Nach – Disparos De Silencio ft. Wöyza

 

Gabinete Alumni da Talent Unit da FEUP em parceria com a Engenharia Rádio.

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