Alumni a dar música – The FEUP Alumni Playlist #36 – Paulo Monteiro
“Alumni a dar música” é uma rubrica musical em formato Podcast do Gabinete Alumni da Talent Unit da FEUP em parceria com a Engenharia Rádio que traz todos os meses as escolhas musicais dos nossos Alumni. Na 36ª edição do “Alumni a dar música” temos a escolha musical do alumnus Paulo Monteiro.
Paulo Monteiro
Licenciatura em Engenharia Informática
Java Software Engineer @Skillworks Limited
Playlist de Paulo Monteiro inspirada na máquina do tempo
“Música muitas vezes é como um café. Um pretexto.
Torna-se o foco da atividade, mas muitas vezes é uma boa razão para estarmos juntos com alguém que nos é querido, aprofundar um novo laço de amizade e criar novas memórias.
As minhas primeiras três músicas mais marcantes vêm da minha infância e curiosamente são todas de autores italianos.
A minha primeira música, “Trinitá: Titoli“, de Franco Micalizzi, vem de um dos meus primeiros filmes de que tenho memória.
Lembro-me de ainda estar na África do Sul onde eu, a minha irmã e os meus primos estávamos sentados no sofá a ver “Lo chiamavano Trinità”, de 1970, um spaghetti western com Terence Hill e Bud Spencer como atores principais.
“Ecstasy of Gold” de Ennio Morricone, presente num outro spaghetti western “O Bom, o Mau e o Vilão” de Sergio Leone, evoca-me todos os momentos da minha infância em que ficava sentado com o meu pai na nossa sala a ver os mais variados spaghetti westerns e como não podia deixar de ser mais tarde passei a colecionar estes mesmo filmes do qual ainda hoje sou um adepto incondicional.
Corria o ano de 1991, quando a aposta italiana na Eurovisão recaiu para Toto Catugno com a música “Insieme”, que era um desconhecido para mim, mas não para a minha mãe que imediatamente me disse que ele era o grande favorito. Com a queda do muro de Berlim e o alargamento da altura CEE, Insieme (Juntos) era um tema emotivo e que contava com 4 músicos de apoio, representando as diferentes regiões da antiga Jugoslávia. Cotugno conquistaria a Eurovisão e tornar-se-ia na minha primeira obsessão musical.
A minha adolescência musical ficou bastante marcada pelos estilos punk, hardcore e thrash.
Corria o ano de 1994, quando os The Offspring lançam “Smash” e o meu amigo Mário do 7º ano obrigou-me a ouvir “o melhor albúm” que ele alguma vez ouviu no seu Sony Walkman.
Um auricular no meu ouvido esquerdo, o outro no ouvido direito dele. A primeira música que oiço é “Self-Esteem” e tornou-se no hino dos meus primeiros anos de adolescência. A porta do skate punk rock abriu-se para mim.
Cerca de dois anos mais tarde, após trocas de nomes de álbuns entre amigos comuns, acabaria por forjar amizade com o Elísio, na altura um estudante de Farmácia, quando ele me apresentou a uma banda de punk/hardcore de São Paulo, Ratos de Porão e o albúm “Ao vivo” onde tinha a música “Beber até Morrer”. O meu primeiro concerto ao vivo seria precisamente para ver Ratos de Porão no antigo Hard Club em Vila Nova de Gaia.
Ratos de Porão escancarou as portas para Sepultura (outra banda de São Paulo), Pantera, Machine Head, Anthrax e muitas outras bandas de metal thrash.
Os meus primeiros riffs na guitarra foram ao som de “Slave New World”, do álbum Chaos A.D. dos Sepultura, que viria a tornar-se numa das bases para o movimento do metal no final do milénio.
No entanto, poucas bandas influenciaram-me tanto na guitarra como as próximas duas: Slayer e Metallica.
Slayer era conhecida na altura por ter os fãs mais leais e tornou-se na minha ponte para rapidamente forjar amizade com outros apreciadores de metal.
“Seasons in the Abyss” foi a primeira música dos Slayer que aprendi na guitarra.
Para o final da adolescência, tive igualmente a oportunidade de me apaixonar pela a minha melhor amiga, hoje minha esposa, que coincidentemente acabaríamos por nos aproximar por causa de Cradle of Filth, Guns, Pearl Jame Megadeth, mas seria “Nothing Else Matters” dos Metallica que nos marcaria para sempre.
Para o final do secundário, costumava frequentar a loja de música “Piranha”, que na altura estava situada no Shopping Center Itália, na Boavista. E numa das minhas muitas visitas estava com cerca de 3 álbuns numa fila para ouvir, quando um desconhecido de meia-idade, calvo, mas com ainda alguns cabelos compridos a lutar contra a 2ª Lei da Termodinâmica, se aproxima e me diz que tudo o que tenho ali é lixo e que eu deveria tentar ouvir algo de diferente. Por qualquer motivo, encolhi os ombros e perguntei-lhe o que ele me recomendava. Ao fim de 2 minutos de pesquisar pela pequeníssima loja, ele regressa com um CD de Jimi Hendrix Experience – BBC Sessions acabado de ser lançado no panorama nacional, um duplo álbum, onde “Foxy Lady” foi a primeira música que ouvi e comprei o álbum de imediato. O nome do desconhecido era Luís e ficaríamos amigos.
Imediatamente antes da faculdade deparei-me com Jazz por puro acaso.
Após os ensaios de uma das bandas de thrash/nu-metal a que eu pertencia na altura, uma das coisas que fazíamos após os ensaios era trocar cassetes com aquilo que cada um estava a ouvir e Sofia, a baterista da banda, deu-me uma cópia do álbum Moanin’ (1958) de Art Blakey and the Jazz Messengers e a minha vida jamais seria a mesma, acabando por me arrastar para o mundo de Blues e Jazz, mundo que ainda hoje habito. Mais tarde acabaria por mergulhar de cabeça e descobrir gigantes como Marcus Miller, Charles Mingus, Miles Davis, Dave Brubeck, Donald Byrd, Coltrane, entre outros.
Hoje ainda mantenho contacto com Pedro Ferreira, outro amigo do secundário, baixista de uma banda do secundário onde fazíamos covers dos The Offspring e hoje continua como baixista da banda de rock Portuense O Incrível Homem Bomba e uma das minhas músicas favoritas “Procura que vês” tem uma das melhores entradas de baixos de que tenho memória. O rock português continua de boa saúde.
Devido à minha paixão pelo râguebi e por apoiar incondicionalmente os Springboks, a selecção Sul-Africana de râguebi e a equipa dos Blue Bulls de Pretória, comecei a tentar perceber certos comentários ou os “flash interviews” em Afrikaans e um dos músicos que geralmente se ouvia no estádio era e ainda é Kurt Darren, um músico sul-africano que canta em Afrikaans e quando comecei a ler e perceber as letras dele enquanto a música tocava no background, a minha filha Matild aprendeu a apreciar uma música para qual não sabe o seu significado e “Kaptein” tornou-se na sua música favorita durante grande parte de 2022.
Como tal, esta lista de músicas são aquelas que não só me causaram um grande impacto na minha juventude, mas que servem igualmente como uma máquina do tempo DeLorean, onde posso recordar pessoas queridas.
E por falar em DeLorean, está na altura de regressar ao futuro e despedir-me com Johnny B. Goode.”
Podes saber mais sobre o Paulo em Open Source Software no GitHub e em Secção de râguebi no jornal O Público.
Playlist
- Franco Micalizzi – Trinitá: Titoli
- Ennio Morricone – The Ecstasy of Gold
- Toto Cutugno – Insieme
- The Offspring – Self Esteem
- Ratos de Porão – Beber Até Morrer
- Sepultura – New Slave World
- Slayer – Seasons in the abyss
- Metallica – Nothing Else Matters
- Art Blakey – Moanin’
- O Incrível Homem Bomba – Procura que vês
- Kurt Darren – Kaptein
- Chuck Berry – Johnny B. Goode
Gabinete Alumni da Talent Unit da FEUP em parceria com a Engenharia Rádio.
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