NOS Primavera Sound (dia 11) – Conto de Primavera, Capítulo III
O Último dia do Nos Primavera Sound de 2022, dia 11 de junho, fechou com chave de ouro, dando uma avalanche de emoções e euforia a quem esteve presente, com música para todos os gostos.
Logo no início a banda britânica Dry Cleaning deu o mote para o dia, com o seu rock alternativo/pós-punk, numa performance consistente e de alto nível, dedicando até uma das músicas a Paula Rego, que faleceu recentemente. Trouxeram músicas do seu novo álbum New Long Leg (de 2021). Banda que promete muito para os próximos anos, mostrando já o que vale. Destaque para a vocalista Florence Shaw, que, no seu jeito de palavra falada, caracteriza completamente a banda, acompanhada de ótimos instrumentais, como por exemplo, um forte baixo a marcar a música (característico do pós-punk), sempre com velocidade elevada. A banda mostra um misto de pós-punk e indie rock. Estão a começar a afirmar-se na meca do punk/pós-punk (Londres), e provavelmente vamos ouvir falar muito deles nos próximos anos.
Depois, às 18 e 10, atuaram os Pile, que, liderados por Rick Maguire, deixaram tudo em palco, com um instrumental impactante, num rock eletrizante.
Às 20, os Dinossaur Jr prometeram e cumpriram pôr toda a gente a saltar, trazendo uma energia impressionante e sem fim. Provocaram uma sinergia do público com a música, de tal forma que houve uma grande celebração entre este, lembrando épocas mais antigas. Foi uma sucessão desenfreada de rock puro e cru, mostrando que esta grande banda ainda não perdeu o jeito, deixando todos do público a suar.
A rapper Little Simz estreou-se em Portugal, e, acompanhada por igualmente bons músicos, mostrou porque é considerada uma das melhores e mais promissoras artistas britânicas, com toda a sua força de “North London”, com vários temas do seu novo álbum, Sometimes I Might Be Introvert (de 2021). Envolveu o público numa viagem espetacular por um bocado de todos os géneros musicais, nomeadamente hip/hop, jazz, R&B, rock, reggae, soul, funk, afrobeat, à qual o público respondeu à altura. Deixou-nos em êxtase e com fome por mais, depois de uma atuação espetacular em todos os aspetos, tanto na música, como a interação entre o público e os artistas.
Os Interpol trouxeram os seus sempre bons clássicos, como Narc, C’mere, Evil (principalmente dos seus dois primeiros álbuns de grande sucesso, Turn On The Bright Lights, de 2002, e Antics, de 2004), como também novas músicas, como Toni e Fables, do novo álbum The Other Side Of Make Believe (de 2022). Foi um concerto com um bocado mais lento que os anteriores, no qual o público mesmo assim pode ouvir as icónicas músicas da banda nova-iorquina.
À uma da manhã, os tão esperados Gorillaz iluminaram o palco, sempre acompanhados das suas incríveis animações, inventivas e poderosas. Com uma o público completamente cheio, e com vários convidados, tanto anunciados como surpresas, como Posdnuos (Kelvin Mercer), dos De La Soul, Beck (que tinha atuado no dia anterior) e Little Simz, entre muitos outros, a banda de Damon Alborn não desiludiu. Providenciaram-nos uma atuação explosiva, pondo todos a dançar, com os ritmos e misturas já suas conhecidas, desde o rock ao dub ao hip/hop, tendo sempre espaço para passar mensagens importantes, como a saúde do planeta (Last Living Souls), ou o uso de armas (Kids With Guns). Fecharam este festival com um estrondo, mesmo que com um problema de som no fim, que em nada interferiu com a energia com que nos deixaram. Este foi o concerto ideal para fechar o festival, com as suas tão esperadas músicas como Feel Good Inc, On Melancholy Hill, entre outras, e, para fechar em grande, Clint Eastwood. Foi o melhor fecho de três dias de ótima música, e certamente, um concerto que mais tarde recordaremos.
Fechou assim o Nos Primavera Sound 2022, com artistas incríveis, cheios de energia e vontade de atuarem cá. Houve bastante diversidade em géneros musicais, origens, como também um ótimo ambiente. Só nos deixa com vontade por mais, mas vamos ter de esperar agora um ano para podermos voltar ao parque da cidade. Saímos renovados, depois de dois anos sem festivais, lembrando-nos de tempos mais simples. Está aberta então a época de festivais de verão!
Rodrigo Freitas
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