45 anos de The Clash
Há 45 anos, no dia 8 de abril de 1977, o álbum de estreia da muito influente banda de punk britânica, The Clash, era lançado pela CBS; com produção de Micky Foote, Joe Strummer e Mick Jones nas guitarras e vozes, Paul Simonon no baixo e Tory Crimes na bateria.
1977 destaca-se pelos vários álbuns emblemáticos do punk britânico, um deles The Clash, álbum que marca o punk e dá voz a uma geração que estava a surgir. As letras retratam a sociedade britânica da época e a visão que tinham dela, mostrando que não querem “destruir tudo”, mas sim transformar a sociedade racista e capitalista que imperava na altura.
Esta posição política, assim como outras críticas à sociedade, está bem transparente no álbum. “I’m so bored with the USA” reflete a constante guerra instigada pelos Estados Unidos (neste caso a guerra do Vietname). “White Riot”, single de 1976, é uma música de revolta que pede um motim branco. Havia já motins anti-racistas, como o de Nothing Hill, mas a música defende que quem não era afetado por essas questões também se devia revoltar, pois as suas condições de vida não eram as melhores.“Hate & War”, por sua vez, reflete sobre a sociedade violenta, na qual imperava o ódio e a guerra.
Em “Garage Land” ou “Cheat”, respectivamente, as críticas à sociedade são claras:
“I don´t want to hear wat the rich are doing / I don´t want to go were the rich are going / They think they’re so clever, they think they’re so right / But the truth is only known by guttersnipes” (“Não quero saber o que os ricos estão a fazer / Não quero ir aonde os ricos vão / Eles acham-se tão espertos, eles acham-se tão certos / Mas a verdade só é conhecida por pessoas da rua”)
“Don’t use the rules / They’re not for you, they’re for the fools / And you´re a fool if you don’t know that / So use the rules you stupid fool” (“Não uses as regras / Não são para ti, são para os tolos / E és tolo se não o sabes / Portanto usa as regras seu tolo estúpido”)
Por fim, “Career Opportunities” fala sobre os empregos oferecidos aos jovens: empregos de risco (exército) ou desinteressantes, que mantinham o status quo e não permitiam um desenvolvimento criativo/intelectual.
Para além da visão política e a crítica da sociedade, todo o álbum tem uma energia e força notória, que é a imagem de marca do punk. Esta é bastante evidente em “White Riot”, “Protex Blue”, “48 hours”, “London’s Burning”, a qual é conseguida pela qualidade musical com instrumentais simples mas poderosos, que facilitam a compreensão de quem ouve.
Com a cover de “Police and Thieves”, de Junior Murvin, vemos já a diversidade de influências e estilos dos Clash, que será bastante notável nos seus álbuns London Calling e Sandinistia!
The Clash foi um álbum que definiu o punk, transmitindo as suas intenções, críticas, e de forma geral, a sua visão do mundo – dotada de uma “velocidade” e energia alucinantes. O álbum retrata muitos dos problemas da sociedade da época, alguns deles cada vez mais presentes, tornando-o atual e ainda com potencial de consciencialização.
Rodrigo Freitas
You must be logged in to post a comment.