12 álbuns que marcaram 2021

A poucas horas de terminar 2021, a Engenharia Rádio dá-te a conhecer 12 álbuns que marcaram este ano. Fica com as melhores escolhas da nossa equipa.

 

 

A Beginner’s Mind – Sufjan Stevens & Angelo de Augustine

 

“A Beginner’s Mind” marca o retorno de Sufjan Stevens à guitarra acústica e ao folk, evocando, de certa maneira, o seu clássico álbum “Carrie & Lowell”. À diferença deste, existem alguns elementos eletrónicos e de rock psicadélico espalhados por todo o disco, que, no entanto, apenas complementam a base maioritariamente acústica.
Este disco conta ainda com a participação de Angelo de Augustine, tratando-se de uma espécie de álbum colaborativo entre os dois. Aliás, o projeto surgiu de ambos os cantores, ao criarem uma rotina que consistia em rever filmes que tivessem marcado as suas infâncias, posteriormente inventarem narrativas relacionadas com esses mesmos filmes para criar canções, resultando em histórias magníficas, místicas e até desconcertantes, que quase soam a sonhos.
A destreza na criação de melodias e harmonias continua a mesma de sempre e o músico mantém, assim, o seu legado no folk, provando, mais uma vez, a sua habilidade única na conceção da simplicidade. Em suma, “A Beginner’s Mind” é de audição obrigatória.

Tiago Cardoso

 

An Evening With Silk Sonic – Bruno Mars e Anderson Paak

 

Um dos melhores álbuns de 2021 é, teoricamente, uma visita ao passado e a um dos melhores momentos da indústria musical, o funk e o soul dos anos 70 do século XX. Não fosse também a “Cameo“, de Bootsy Collins, uma homenagem a esse período. A genialidade musical de Bruno Mars e Anderson Paak culminaram em An Evening with Silk Sonic, um projeto bem definido e imediatamente estabelecido na “mainstream” musical deste ano, com “Leave the Door Open” e “Smokin’ Out The Window” a serem dos singles mais passados nas rádios nacionais e internacionais.

Faixas de destaque: “Smokin’ Out The Window“; “Fly As Me“; “Skate“.

João Albuquerque

 

BADIU – Dino d’Santiago 

 

Inspirado pelo nascimento do primeiro filho, com Badiu, Dino d’Santiago brinda às suas próprias raízes e à cultura cabo-verdiana no mundo, cuja música “é o grande passaporte”.
Com a presença de artistas como Slow J e Branko, orquestra um álbum vincado pelo funaná e o ‘batuku’, sons de Cabo Verde, que fazem tirar o pé do chão e celebram a resiliência dos ‘Badius’ – termo historicamente depreciativo para se referir a um povo escravizado e foragido, que tem sido, porém, reapropriado e enaltecido como símbolo de resistência.
Badiu confirma Dino d’Santigo como um dos artistas portugueses mais diferenciadores, “que junta o mais tradicional com o mais contemporâneo e global”, como o próprio nos conta, e com um voo pela frente que se espera alto, com os pés bem longes do chão.

Mariana M. Martins

 

Call Me If You Get Lost – Tyler The Creator

 

Respeitando a já (quase) tradição de nos presentear com um álbum bianualmente, Tyler The Creator volta às origens com Call Me If You Get Lost.
No álbum altamente aclamado pela crítica e nomeado para Grammy de melhor álbum Rap do ano, Tyler confirma-se como um dos mais relevantes rappers da última década, estabelecendo-se como permanente impulsor da inovação na indústria musical.
Agora, aguardamos que a tradição se mantenha e, assim, tenhamos mais dois anos dedicados a saborear cada uma das suas faixas.

Mariana M. Martins.

 

DondaKanye West 

 

Após inúmeros eventos de pré-audição do álbum e adiamentos da data de lançamento, Kanye West entrega-nos o seu décimo álbum, Donda, assim chamado em tributo à sua mãe. Reformulo, não nos entrega o álbum; com mais de um ano de atraso, foi publicado nos serviços de streaming sem a sua aprovação e, portanto, chega-nos aos ouvidos quase inacabado (ou, pelo menos, é assim que o sentimos).

As opiniões dividem-se, com alguns a considerá-lo bastante abaixo das expectativas tecidas para um outrora génio musical, e outros a considerá-lo indubitavelmente o melhor álbum do ano. O que é certo é que Kanye dissecou Deus, a família e o divórcio sempre sob a luz e orientação da sua fé cristã – um pilar vital vivenciado em toda a sua música, em particular com as sonoridades gospel já anteriormente exibidas.

Com múltiplas aparições, do mais aclamado, ao mais polémico dos artistas, produz mais um álbum que iguala a sua própria reputação – indomável, arrojado e que, simultaneamente, produz e fragmenta opiniões.

Mariana M. Martins

 

Film for Color Photos – Hause Plants 

 

Um dos (poucos) pontos positivos da pandemia foi a oportunidade de pararmos para refletir. A Guilherme Correia, por exemplo, deu a oportunidade de revisitar músicas que tinha composto anteriormente e nunca tinham saído da gaveta. Foi assim que surgiu o EP de estreia dos Hause Plants, “Film for Color Photos”. Tal como se de um soundtrack para a vida se tratasse, as seis canções que compõe este EP, ora melancólicas, ora nostálgicas, não deixam de nos transmitir expectativa pelo que ainda está por vir. Com as suas guitarras shoegazy, melodias e batidas que imediatamente nos fazem pensar em Beach Fossils, DIIV, Real Estate, The Drums ou Wild Nothing, os Hause Plants nascem, ao mesmo tempo, do lo-fi post-punk dos anos 80 e do boom do indie rock que aconteceu em Nova Iorque no início da década de 2010, conseguindo, ainda assim, inserir-se na paisagem do indie rock atual e ser dos projetos que melhor o representam em Portugal.

Mariana Magalhães

 

FortitudeGojira

 

Gojira, também conhecido como Godzilla fora do Japão, é o gigantesco Kaiju que já foi representado de diversas maneiras na franquia de filmes. Um protetor ou um destruidor, a força da natureza ou uma crítica às bombas atómicas. Tal dualidade também pode representar a banda francesa homónima, que na última década surgiu como o novo gigante do Metal.

Fortitude foi lançado a 30 de abril de 2021, pela Roadrunner Records, já o sétimo da banda. Chegou ao topo de uma série de listas de Rock/Metal ao redor do mundo, sendo o álbum mais vendido nos EUA na sua semana de lançamento.

Este novo álbum acaba por cimentar o legado da banda, além de progredir com a evolução sonora já presente no seu último trabalho, Magma. Vai de encontro à sonoridade menos pesada e mais amigável para novos ouvintes do seu antecessor, com uma mescla de Rock com o já tradicional Prog-Death Metal da banda.

Algo que não muda é a atenção dada às letras, que continuam a abordar o meio ambiente e o espiritualismo. Faixas como “Amazonia“, uma crítica à atual destruição da floresta; e “The Chant“, descrita pelo próprio vocalista, Joe Duplantier, como “um Mantra de unificação pela paz e resiliência”, são como um convite do quarteto francês a uma viagem transcendental sobre o que significa ser “humano”. Basta ao ouvinte abrir sua mente e aceitar a jornada que é Fortitude, criada por Gojira.

Lucas Avello

 

King’s Disease ll – Nas

 

Com o lançamento de King’s Disease ll, Nas continua a ser um dos rapper mais conceituados de Nova-Iorque e do mundo. Apresentando uma forma que o destaca no mundo do Hip-Hop desde o início dos anos 90, o artista da “Big Apple” colabora com nomes como Lauryn Hill, YG, Eminem e EPMD para lançar um dos melhores álbuns de rap de 2021.
Faixas de destaque: “Death Row East”; “Rare”; “YKTV” ft. YG e A Boogie Wit Da Hoodie; “Nobody” ft. Lauryn Hill.

João Albuquerque

 

 

Loving in Stereo – Jungle

 

Loving in Stereo é o terceiro álbum da banda eletrónica britânica Jungle, lançado a 13 de agosto de 2021. É o primeiro lançamento deles na sua gravadora independente, Caiola Records. Loving in Stereo foi lançado três anos depois do segundo álbum de estúdio, For Ever (2018), e é o primeiro lançamento a incluir artistas convidados, como o rapper americano Bas e a música suíça Priya Ragu. O álbum foi precedido de cinco (5) singles: Keep Moving, Talk About It, Romeo, Truth, and All of the Time.

Pedro Pacheco

 

 

Mercurial World – Magdalena Bay

 

Seguindo a trajetória comum para os artistas de hoje em dia, os Magdalena Bay navegaram por debaixo do radar durante alguns anos com lançamentos de singles e de EPs que faziam virar cabeças, mas só atraíam fãs que ativamente procurassem a sua música. Em 2021, lançam finalmente o seu primeiro álbum – Mercurial World – que apesar de ter genuíno potencial comercial e radiofónico, continuou a ficar-se pelos mundos de fóruns musicais online.

Nada disto rouba qualquer valor ao disco que, mesmo assim, foi um sucesso modesto em popularidade para o duo de Miami. A colorida aventura de synthpop revigora o género ao não se apoiar demasiado na muleta nostálgica de sons dos anos 80 que é já um marco deste tipo de música, e prefere apontar para sons mais futuristas sem nunca serem experimentais ao ponto de alienação.

Os momentos altos do LP surgem na contagiosa felicidade derramada por faixas como “Hysterical Us” ou “The Beginning”, ou na homenagem sincera ao pop punk com até uns toques de shoegaze que “You Lose!” nos oferece. Porém, é “Chaeri”, o single principal do projeto, que sobressai e nos mostra a capacidade dos Magdalena Bay construírem uma canção mais sombria e hipnótica.

No fim de contas, Mercurial World é a estrela polar no pop que muitos deveriam seguir.

Zé Pedro Araújo

 

The House is BurningIsaiah Rashad

 

Cinco anos de desaparecimento e misticismo volvidos desde o lançamento do seu último e muito aclamado albúm, The Sun’s Tirade, Isaiah Rashad renasce com The House Is Burning – o seu terceiro álbum, vincado pela amálgama de R&B, Southern Rap e letras incisivas a que já nos acostumou.

O misticismo do seu interregno está associado ao ciclo de alcoolismo e depressão em que mergulhou e que se metamorfoseou, inerentemente, no mote para o cogitativo, sincero e sensível The House Is Burning – uma metáfora para a sua vida, porém, isenta do tom soturno que se lhe adivinharia.

Apesar de refletir acutilantemente acerca das suas batalhas em faixas como “Don’t Shoot”, “You was looking’ to a light / And I was lookin’ for a lighter / I was fuckin’ with the fire in the worst way”, retorna num tom maduro e rejuvenescido. Isaiah Rashad termina a sua viagem com HB2U, uma faixa em que veste os seus sofrimentos e cicatrizes passadas e os acolhe como parte de si, envolto na derradeira paz que tanto buscou, repetindo metodicamente o mantra “You are now a human being”.

Isaiah Rashad cumpre o seu propósito. A casa ardeu e desmoronou-se – mas são essas mesmas queimaduras que o lançam agora, sensato e confiante, para a reerguer com todo o vigor.

Mariana M. Martins

 

 When It’s All Said And Done – GIVEON

 

Continuando a sequência de sucesso que alcançou em 2020, GIVEON aborda este álbum como uma espécie de extensão artística a trabalhos anteriores. O músico nativo de Los Angeles, California continua a basear-se na sua vida amorosa para dar asas a um estilo musical único e facilmente reconhecível. Ideal para qualquer momento mais “chill” que o ouvinte tenha em mente.

Faixas de Destaque: “Like I Want You“; “Stuck on You“; “Heartbreak Anniversary“.

João Albuquerque

 

Edição por: Beatriz Araújo e Rita Pereira

Foto: Marco Teixeira

 

Feliz Ano Novo!

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