Um serão de copo na mão, cigarro na ponta dos lábios e o fumo de sarcasmo no ar, é o cenário desta mini série documental realizada por Martin Scorsese, que capta na perspetiva de um terceiro elemento que escuta uma conversa entre dois amigos de longa data, o próprio realizador (Martin Scorsese) e a escritora  Fran Lebowitz que, curiosamente, não publica nada desde 1994.

Quase em tom de monólogo, apenas ritmado pelo riso contagiante de Martin Scorsese, Fran Lebowitz dá voz aos seus pensamentos que deambulam de mãos dadas com o sarcasmo pela cidade de Nova Iorque. Estes passam pelas ruas mais emblemáticas do quotidiano, que coreografam brilhantemente a dança do desviar das pessoas que habitam a mesma cidade. A visita guiada começa pela reflexão de Nova Iorque enquanto cidade, seguindo-se a questão dos casos culturais, a problemática do trânsito, o valor dado às coisas, o departamento de desporto e saúde, o corredor dos registos, chegando, por fim, ao recorrer do serviço de biblioteca.

“In books, you have a zillion lives … This may be the reason I never cared about money. Because as soon as you read, you are incredibly rich. So rich that, If you read all the time, you wouldn’t have time to think about money”

Pretend it’s a city, episódio 7

A panóplia de temas que marcam a conversa, surgem da forma mais espontânea e fluída, tal como o líquido que abastece o serão. Fran pinta a cidade para a qual se mudou no final da década de 1960, usando a visão da época e a tela da atualidade, de forma a comparar as diferentes realidades que experienciou.

“About one-third of people in the street in New York City have a yoga mat. That alone would keep me from yoga. Carrying around a little rolled-up rug … You know, New York used to be much more fashionable than that”

Pretend it’s a city, episódio 5

A pintura feita por Fran sobre a cidade que nunca dorme, não pretende ser um retrato fiel à realidade, mas sim um convite para uma reflexão profunda sobre os pilares que regem a euforia cronometrada de tudo o que nela acontece.

O consenso não será o ponto final desta história, mas sim a sensação que foi uma conversa refrescante! O convite foi lançado, e podes ver esta mini série na plataforma de streaming: Netflix.

Bom serão!

Maria Alves da Silva