Neemias Queta: o sonho da NBA

Depois de João “Betinho” Gomes em 2007, que acabou por não conseguir um lugar numa das 30 equipas que fazem parte da melhor liga de basquetebol do Mundo, o basquetebol português volta a ter um jogador às portas da NBA.

O poste português em ação pelos Aggies (Twitter USU Men’s Hoops)

Nascido no Barreiro, em Setúbal, o poste de 21 anos e 2,13 metros fez grande parte da sua formação no Barreirense. Deu o salto para o Benfica, onde chegou a jogar pelo plantel principal das “águias”. No entanto, abandonou o país, em 2018, para procurar ambições maiores. Um sonho dos quais muitos se riram, como revelou no Bola ao Ar. Mas um que parece estar prestes a realizar-se.

A carreira universitária

Ao longo de 3 anos a representar os Utah State Aggies, Neemias conduziu a sua equipa a dois títulos consecutivos na Conferência Mountain West, em 2019 e 2020. Em 2021, foram derrotados na final pela equipa de San Diego State. Não obstante, tiveram a oportunidade de participar no March Madness, caindo na primeira ronda, perante Texas Tech. Apesar de uma exibição notável do poste português (11pts, 13res, 6ast, 7dl), os Aggies foram traídos pelas debilidades ofensivas do coletivo.

A conquista do primeiro título na Conferência Mountain West (Twitter USU Men’s Hoops)

Conclui esta terceira época na NCAA com médias de 14,9 pontos, lançando 56% nos lançamentos de campo, 10,1 ressaltos, 3,3 desarmes de lançamento e 2,7 assistências. A maior evolução no seu jogo terá sido, certamente, na sua qualidade de passe. O jogador foi eleito o melhor defensor da Conferência Mountain West e foi um dos quatro finalistas ao prémio Naismith de melhor defensor do ano da NCAA.

O sonho da NBA

Já em 2019, após uma época de “rookie” com um impacto surpreendente, Neemias tinha considerado o Draft. No entanto, após ter ficado um pouco aquém nos testes físicos do Draft Combine, o poste luso acabou por retirar o seu nome da lista de potenciais escolhas, de modo a poder evoluir. Uma decisão que se provou bastante acertada, face à maturidade que o seu jogo ganhou. Pelo meio, uma lesão no joelho que lhe condicionou a segunda época na NCAA e o título na Divisão B do Europeu Sub-20, por Portugal.

Neemias Queta festeja a conquista da Divisão B do Europeu de Sub-20. (Fábio Poço/Global Imagens)

O seu nome tem estado nas bocas de diversos analistas de renome do basquetebol norte-americano. As suas características defensivas têm atraído a atenção de diversas equipas da NBA, nomeadamente os Toronto Raptors. A equipa canadiana, vencedora do Troféu Larry O’Brien em 2019, está numa fase de reconstrução e à procura de talento jovem. Poderá ser esta a chave para a derradeira implementação do basquetebol português, à semelhança do salto de qualidade que se verificou no andebol dos últimos anos.

O Draft

Em Portugal, impõem-se limites às modalidades. Entrar na NBA é impossível, o melhor que se pode alcançar é uma carreira numa equipa de segunda linha da Europa, segundo dizem. Felizmente, Neemias não quis ouvir. O miúdo do Barreiro parece ter condições para fazer um país inteiro sonhar com ele. No dia 29 de julho, quando o Comissário Adam Silver chamar o seu nome, Neemias Queta terá dobrado o limite teórico para o fim do Mundo. E, para surpresa de muitos, não estará o abismo do outro lado. Estará reservada a glória daqueles que, por não saberem que era impossível, o fizeram. E novos gigantes para tombar.

 

Francisco Caetano

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