O Adeus a Quintana
Foi na passada terça-feira o derradeiro adeus a Alfredo Quintana. Foram dezenas as pessoas que se juntaram em frente ao Dragão Arena para prestar uma última homenagem. O guardião do FC Porto não resistiu às complicações causadas pela paragem cardiorrespiratória sofrida durante o treino, a 22 de fevereiro. A confirmação do pior dos cenários surgiu na passada sexta-feira, através de um comunicado do clube. A camisola 1 não voltará a ser usada pela equipa de andebol portista.
Partiu aos 32 anos um dos maiores ídolos do andebol português. Alfredo Eduardo Quintana Bravo, natural de Havana, Cuba, estaria longe de imaginar o que o futuro lhe reservava enquanto crescia na capital cubana. Dotado para o voleibol, tal como o seu pai, passou também pelo basquetebol. Mas foi na baliza de andebol que encontrou a sua casa.
A atuação no Campeonato Pan-Americano disputado no Chile, em 2010, convenceu o representante dos dragões que tinha viajado para o observar. Desvincular-se da federação cubana para atuar fora do país não foi tarefa fácil. No entanto, o sonho de jogar na Europa consumou-se em março de 2011.
Foi com Hugo Laurentino que formou uma parceria de sucesso na baliza do FC Porto. A qualidade que demonstrava na baliza dos dragões e a rapidez com que se integrou em Portugal levaram à sua naturalização. As vozes discordantes com a sua convocatória em 2014 rapidamente foram esquecidas. Somou 67 jogos pela seleção das “quinas”, contribuindo para o surpreendente 6º lugar no Campeonato Europeu de 2020.
Pelos azuis e brancos, foram 431 as vezes que entrou em campo. Se o FC Porto se tornou uma equipa capaz de fazer frente aos “tubarões” da EHF Champions League, deve-o em grande parte à forma como Quintana fazia uso dos seus 2,01 metros. Venceu por 6 vezes o Campeonato Português. Um palmarés ao qual podemos adicionar uma Taça de Portugal e duas Supertaças.
As homenagens partiram dos rivais, logo após ser hospitalizado. E estenderam-se por toda a Europa. Quintana será lembrado pelas suas qualidades. Pela defesa monumental nos últimos instantes do jogo contra o Kiel, que permitiu uma noite histórica para os portistas em solo alemão. Mas também como um exemplo enquanto pessoa. Quem se cruzou com o gigante pelos pavilhões deste país só terá uma crítica a fazer-lhe: o quão difícil era marcar-lhe um golo.
Alfredo Quintana deixa o desporto português mais pobre. Deixa a mulher e uma filha de dois anos. No entanto, o seu legado no andebol perdurará pelas mãos de todos os guarda-redes. Os que jogam e os que jogarão. Pelo prazer de o ter visto jogar, um obrigado não será suficiente. A baliza nunca voltará a parecer tão pequena.
Francisco Caetano
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