Esta quarta-feira, dia 24 de março, celebra-se o Dia Nacional do Estudante em Portugal. Promulgado em maio de 1987 pela Assembleia da Républica, a data não é só uma comemoração comum, como também uma homenagem aos diversos estudantes do país que lutaram pelos direitos que hoje nós, como alumni portugueses, podemos usufruir nas Universidades nacionais.

Apesar de ser, atualmente, uma data celebrada por ordem do próprio governo, a verdade é que remete a um dos episódios mais tensos da ditadura provocada pelo Estado Novo.

Esses conflitos iniciaram-se nesta data em 1962, quando o movimento estudantil, com ligações a Partidos Esquerdistas na altura, se manifestou perante o Ministro de Educação, que recentemente tinha proibido os festejos do Dia do Estudante. Convém lembrar que já existia uma certa animosidade entre os estudantes universitários e o governo, não só pelas ligações de alguns destes a movimentos comunistas, mas também porque desde 1958 que o governo português podia intervir em qualquer altura nas diversas associações de estudantes, culminando numa falta de autonomia que tanto carateriza as associações de estudantes de hoje em dia.

Legenda: Manifestação sobre os direitos académicos em Lisboa; 1962. Jorge Sampaio, antigo Presidente da Républica, é um dos alunos sentados.

Dito isto, a crise estudantil de 1962, uma luta constante que deu posteriormente lugar a greves e lutos académicos, culminou em manifestações em Coimbra e mais tarde, em Lisboa, conduzindo infelizmente a que as forças de segurança do Estado Novo atacassem e ferissem inúmeros estudantes no local.

Mais tarde, Salazar autoriza a libertação dos presos ligados a estes acontecimentos mas não comanda a abertura das Associações de Estudantes, substituindo entretanto o Ministro da Educação, que se disponibiliza então para entrar em conversações com os estudantes.

Caindo o regime, e 30 anos depois destes acontecimentos, em 1992, já com o Dia Nacional do Estudante promulgado, voltam a haver manifestações, sendo que os estudantes saíram à rua no 24 de março para mostrar o descontentamento com o aumento das propinas e existência da Prova Geral de Acesso.

Portanto, o 24 de março é uma data de consciência perante as adversidades que os nossos colegas estudantes passaram anteriormente. É também uma celebração dos direitos arrecadados, e da possibilidade de troca de opiniões, manifestos, ideias e traços culturais que caraterizam a comunidade estudantil em Portugal.

Este ano a pandemia a que estamos sujeitos obrigou a um planeamento diferente das celebrações, aproveitando para utilizar o recente meio de comunicação de muitos estudantes pelo mundo fora, ou seja, a tecnologia. Sessões online como é o caso das promovidas pela  Câmara da Maia ajudam a definir como será passado o Dia Nacional do Estudante de 2021, tanto para os estudantes universitários, como os mais novos, desde a primária até ao secundário.

Da nossa parte, a Engenharia Rádio tem apenas a dizer que se sente orgulhosa e agradecida por ser um dos meios de comunicação da comunidade nacional (e internacional) dos estudantes, e que continuará a contribuir da melhor forma para a informação dos meios académicos e culturais no futuro.

João Albuquerque