Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not. Mesmo que o digam 15 anos depois
“Don’t believe the hype” foram as suas palavras, mas já era tarde demais. O hype estava no ar e espalhava-se rapidamente, conquistando toda uma geração. Recuamos a Janeiro de 2006: os Arctic Monkeys tinham acabado de lançar o seu primeiro álbum “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not”. Produzido por Jim Abbiss, tornou-se o álbum de estreia vendido mais rapidamente na história do chart do Reino Unido – mais de trezentas mil cópias foram vendidas na primeira semana.
E assim, os quatro miúdos de High Green, Sheffield, criaram um clássico antes de saírem dos seus anos “teen”. Mas não foi essa a única razão pela qual fizeram história. Foram das primeiras bandas a ganhar notoriedade online e a criar burburinho a partir da internet. De facto, os fãs apareceram antes de a imprensa se dar conta do fenómeno que se agigantava, devido à partilha das demos em sites para esse fim e numa página de MySpace.
A partir daí, a história é simples – e incrível. Dos pubs de Sheffield para o palco principal do festival Glastonbury em menos de dois anos, a subida dos Arctic Monkeys foi vertiginosa, bem como o crescimento da paixão do público em relação a eles. Muitos foram os que calçaram os Dancing Shoes e se perderam nas letras melodiosamente poéticas de Alex Turner, e nos riffs, bass lines e batidas que o indie rock não sabia que precisava. Os fãs admiravam a forma como cantavam a vida sem a embelezar, sempre acompanhados de um certo mistério. Eles conduziam a Riot Van e o público apanhava a boleia, sem saber onde iria parar – mas adorando a viagem.
Com o passar dos anos, os miúdos foram-se transformando em homens. Em cada novo álbum, apareciam com um som diferente e reinventado. Como acontece frequentemente, as mudanças levaram ao descontentamento de alguns fãs, que desejavam preservar o entusiasmo e a crueza dos primeiros álbuns, e ao aparecimento de novos públicos. Este declínio foi acentuado nos dois últimos álbuns, com ênfase no mais recente, “Tranquility Base Hotel & Casino”.
Ainda assim, e inserindo-me no grupo das pessoas menos satisfeitas com o trabalho mais recente da banda, não posso negar que ainda sinto “A certain Romance”. Uns dias após “What People Say I Am, That’s What I’m Not” fazer 15 anos, esse disco ainda funciona como máquina do tempo, transportando-me aos dias de escola, aos amigos, às primeiras saídas à noite, à descoberta do amor. Penso que todos os fãs concordam que o primeiro álbum dos Arctic Monkeys é como que um hino ao “Fluorescent Adolescent” que fomos, e que sempre teremos dentro de nós: os adolescentes que ainda cantam, ainda dançam, e, acima de tudo, ainda nutrem um grande carinho pelas canções que foram grande parte do soundtrack das suas vidas.
Se és um dos que, como eu, passou grande parte da adolescência a ouvir este e outros álbuns dos Arctic Monkeys, terás neles a perpétua fonte do rejuvenescimento. Por mais breve que seja o sentimento, ao ouvi-los vais poder sempre responder afirmativamente a esta questão:
“Do you still feel younger than you thought you would by now?”
Mariana Varejão de Magalhães
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