Relatively Speaking com os Phase Transition: da Engenharia à Música
Apesar do seu EP de estreia “Relatively Speaking” ter saído no final do ano 2020, os Phase Transition já andam a dar-nos música desde 2019, ano em que atuaram pela primeira vez “no mítico Hard Club”. Todos os membros são estudantes da Universidade do Porto: a vocalista, Sofia Beco, estuda Bioengenharia na FEUP, enquanto que os seus companheiros Fernando Maia (baterista), José Pereira (baixista) e Luís Dias (guitarrista) estudam Engenharia Física na FEUP/FCUP. Sabendo como a vida de estudantes de engenharia pode ser ocupada e focada na academia, a Engenharia Rádio teve o gosto de fazer algumas perguntas a esta banda portuense, com o objetivo de descobrir, afinal, qual a transição de fases que ocorre entre a engenharia e a música.
Créditos: João Fitas (@fitasgram)
MARIANA: Como é que nasceu a vossa paixão pelo Metal e como é que se encontraram uns aos outros? No fundo, como nasceram os Phase Transition?
PHASE TRANSITION: «O grupo começou a formar-se em 2018, quando o Luís e o Fernando estavam a estudar para um exame na biblioteca da Faculdade de Ciências da UPorto e, pelas suas t-shirts reveladoras, perceberam que tinham gostos musicais em comum e que eram ambos músicos. Decidiram logo nesse dia ir para uma sala de ensaios tocar covers de Metallica e Megadeth, apenas por diversão.
Durante uns tempos, eram os “Pernas de Pau”. O que era apenas diversão passou a ter objetivos mais ambiciosos, principalmente o aperfeiçoamento da técnica musical, e, nessa fase, surgiu o nome Phase Transition. Fez-se então essa “transição de fase” entre tocar covers e criar originais.»
M: Podem explicar-nos um pouco como é que um grupo de quatro estudantes consegue fazer-se notar e até chegar a gravar um EP? É muito difícil destacar-se enquanto nova banda atualmente?
PT: «Nos tempos que correm qualquer pessoa consegue gravar música, basta ter uma interface de áudio. No nosso caso optámos por gravar, produzir e masterizar o nosso EP na Titanforged Productions, um sítio de referência no estilo metal. Assim, obtivemos uma produção bastante caraterística e com a qualidade que ambicionávamos.
Devido ao facto de haver um mar de música a ser lançada todos os dias, percebemos que o trabalho de marketing e social media são realmente muito importantes, tão importantes quanto a música. Por exemplo: se um chef com uma estrela Michelin abre um restaurante ao lado da FEUP e ninguém tomou conhecimento, esse restaurante, por muito bom que seja, provavelmente nunca vai ter muitos clientes.»
M: Como é conciliar a vida universitária com a banda? Alguma vez sentiram que uma estava, de algum modo, a prejudicar a outra?
PT: «Sendo os quatro estudantes de engenharia, o nosso trabalho diário na faculdade foca-se essencialmente na área das ciências e tecnologia. Assim, a banda para nós é um espaço onde podemos expressar-nos criativamente e desenvolver outras competências que nos serão muito úteis no futuro. Na verdade, as capacidades que ganhamos, seja na faculdade, seja neste projeto musical, são muito mais transversais do que se poderia imaginar. Entre muitas outras, na faculdade, aprendemos a lidar com tecnologia, a encarar desafios, a ter um elevado ritmo de trabalho com prazos estabelecidos. Na banda, aprendemos a criar uma rede de contactos, a promover um projeto, a ter iniciativa, a trabalhar como equipa com decisões constantes e a fazer planos de longo prazo. Acima de tudo, a maior lição é dar o melhor de nós em cada projeto e tirar o máximo proveito dele. »
M: Qual foi a transição de fases experienciada por vocês que levou à escolha do nome Phase Transition para a banda?
PT: «Quando o que era apenas diversão passou a ter objetivos mais ambiciosos, principalmente o aperfeiçoamento da técnica musical, surgiu o nome Phase Transition. Fez-se então essa “transição de fase” entre tocar covers e criar originais.»
M: Pelo que consegui apurar, quando começaram, o violino da Sofia era o vosso vocalista. Mais recentemente decidiram adicionar também a voz às vossas músicas. Porque decidiram fazer esta mudança?
PT: «Esta mudança surgiu da necessidade de ter uma voz com que o público se pudesse identificar e também para completar a nossa música com o poder da palavra e da transmissão de sensações e mensagens que ela permite. Mas o violino continua presente, como um elemento que também faz parte da nossa identidade.»
M: A pandemia afetou de alguma forma o vosso processo criativo, ou a distância acabou por aproximar-vos ainda mais?
PT: «A pandemia fez com que todos passássemos mais tempo em casa, mais próximos dos nossos instrumentos. Por outro lado, a criatividade vem muito mais vezes pelo trabalho, e não tanto por instantes de inspiração divina. Assim, a pandemia acabou por aproximar a banda porque ficámos mais conectados em relação ao objectivo de criar este álbum e trabalhar ao máximo para ele. Sem dúvida, este projeto ajudou-nos a viajar e esquecer por momentos as partes negativas da pandemia.»
M: Apesar de o vosso primeiro EP ter saído no passado dia 7 de dezembro, já foram dando alguns concertos em locais muito adorados por todos os portuenses, sendo um bom exemplo disso o Hard Club. Até ao momento, qual foi o momento que mais vos marcou numa atuação ao vivo?
PT: «O momento mais marcante numa atuação ao vivo foi pisar o palco do HardClub pela primeira vez, pois foi nesse palco que vimos várias das nossas bandas de referência a nível nacional e internacional. Num futuro próximo contamos fazê-lo novamente, certamente.»
M: Que mensagem pretendem passar com a vossa música?
PT: «O nosso objetivo para o Relatively Speaking foi criar música cimentada no metal progressivo, com toda a sua complexidade harmónica e rítmica, explorando ao mesmo tempo novas sonoridades e instrumentos que a própria música fosse pedindo. Acima de tudo, procuramos criar música capaz de transmitir sensações e emoções, tal como à música compete, sem nos limitarmos a compor só para um tipo de ouvintes.
Cada música do EP tem um tema diferente. Tivemos como inspiração alguns elementos da Natureza e da Física, bem como os conflitos pessoais e interpessoais da humanidade. Mas gostamos de deixar as mensagens em aberto, para que cada ouvinte tenha liberdade para interpretar a música e a letra à sua maneira.»
M: No futuro, o que gostariam que fosse o vosso hobby: a banda ou a engenharia?
PT: «No futuro, gostaríamos certamente que ambas as coisas fossem como hobbies, isto é, que ambas estejam presentes como algo que nos realize profissional e pessoalmente. Acreditamos que estas duas atividades se completam de uma forma bastante positiva.»
Com estas palavras, os Phase Transition lembram-nos que para fazer basta querer, e que nem um curso difícil ou uma vida académica preenchida nos deve manter afastados dos nossos sonhos! Se és fã de Metal progressivo ou simplesmente ficaste curioso, não hesites em ouvir “Relatively Speaking” e seguir a banda nas redes sociais para não perderes nenhuma novidade.
Mariana Varejão de Magalhães
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