Escolheram Por Mim #12 – Inseguranças
Precisamos desenterrar todas as coisas que existem dentro de nós que inconscientemente nos faz sermos pessoas inseguras, pessoas que vivem sob a custódia do medo.
No nosso cotidiano, sempre poderá existir situações que despertarão em nós insegurança, seja no momento de tomar uma decisão, de lidar com a opinião do outro, de acreditar em si mesmo.
A insegurança por vezes parte de algo que não temos ainda firmado em nós, de estados que ainda se encontram confusos, maleáveis, não firmes.
Ela é como uma argila mole que a todo instante está sendo moldada, cutucada, pressionada, colocada em formatos diferentes em situações diferentes, molhada a todo momento a fim de não enrijecer e se tornar segurança.
Talvez essa seja uma das coisas que mais nos desgastam e atrapalham no nosso crescimento, um dos estados que mais nos impede de progredir e de sermos mais seguros de nós mesmos (num sentido positivo do termo).
Desde pequeno, as nossas inseguranças são alimentadas, em princípio não por nós, mas pelas pessoas que estão ao nosso redor, ela não é algo que já nasce conosco, é algo que nasce através das experiências externas, e por vezes, por ainda não termos as capacidades necessárias para lidar com elas quando pequenos, acabamos por carregá-las e alimentá-las ao longo das nossas vidas, e acabamos por nos tornar a principal fonte de alimento com o auxílio dos nossos medos.
Crescemos aprendendo que devemos sempre valorizar a opinião dos outros, mas por vezes não nos ensinam que nem toda opinião é dada da forma devida, no momento devido, com a correta intenção, que nem todas as opiniões são construtivas, ou são dadas para nos fazer crescer, para nos dar um norte, para clarificar a escuridão pela qual por vezes estamos a passar.
Todo ser humano é válido, mas nem todas as opiniões são, sejam elas partindo de uma pessoa desconhecida ou de uma pessoa que realmente apreciamos e/ou amamos. Não podemos confundir a pessoa que estamos vendo, com o que realmente ela está sentindo e pensando no momento.
Opiniões são construídas a partir daquilo que estamos a sentir dentro de cada um de nós, a partir da coletânea de dados que acumulamos no nosso cérebro devido as experiências que tivemos, e que com base naquilo que estamos experimentando no momento, damos ao outro com uma mescla daquilo que achamos que ele precisa, ou deve, ou que queremos que saiba.
Entretanto, nem sempre as opiniões são construídas de forma justa (sensata), e nem sempre elas chegam para ajudar, por isso é sempre bom saber quando é o momento certo que ela precisa ser dada ou se realmente ela é necessária, ou deve ser aceita.
Diversas vezes a nossa segurança em coisas que construímos dentro de nós poderá vir a ser questionada e isso possui o poder de nos deixar inseguros (A argila mesmo depois de seca e sem nenhum tratamento, quando constantemente molhada, volta a se tornar mole depois de algum tempo).
Por vezes, irão questionar a nossa aparência ou iremos questionar a aparência dos outros, menosprezar as nossas capacidades ou iremos duvidar das dos outros, não irão respeitar o nosso corpo como ele deve ser respeitado e vice-versa, as nossas ideias, as nossas escolhas.
Por vezes, são as nossas inseguranças e medos que são alimentados, mas em outros casos quando não temos o cuidado de perceber, somos nós quem alimentamos as inseguranças e medos dos outros.
Durante o processo de descoberta de nós mesmos, muitas vezes a nossa segurança será questionada, muitas vezes as nossas crenças (e não crenças) serão questionadas, muitas vezes aquilo que nós acreditamos ser correto será questionado, muitas vezes quem nós somos ou estamos tentando nos tornar será questionado e se não estivermos sólidos/firmes (de forma sábia) o suficiente nesses momentos, voltaremos a ter dentro de nós a argila mole, e talvez dessa vez ela demore um pouco mais para enrijecer(se tornar segurança) novamente.
Em alguns momentos das nossas vidas irão surgir situações que se não tivermos o cuidado, aceitaremos coisas que não deveríamos aceitar. Algumas “verdades” irão ser jogadas nas nossas portas e se não percebermos a real intenção delas, deixaremos elas entrarem e enraizarem dentro de nós, nos deixando com o tempo menos seguros e mais confusos.
A insegurança nos torna passivos em muitas coisas, nos faz permitir que dúvidas se instalem como verdades em nós, ela é capaz de moldar toda a nossa vida a fim de nos guiar cada vez mais para aquilo que ela nos tem a oferecer, que basicamente é o caos, a ansiedade, o sentimento de culpa, a autodepreciação, o desgosto de si mesmo.
A insegurança só irá fazer sentido em nós, se continuarmos a permitir que ela faça sentido em nós. Ela só irá continuar a existir, se caso não pararmos de dar tanto valor a ela, como se ela fosse algo que devesse sempre estar lá, como se fosse algo sempre bom, como se fosse uma segurança.
Imagine que ao seu redor só exista pessoas que alimentem as suas inseguranças, que brinquem com os seus medos, que zombem daquilo que você aparentemente é para eles, que não te deem nenhuma outra saída a não ser olhar para si mesmo e duvidar sempre de quem você é, ou modificar sempre a forma como você se vê.
Consegui encontrar justiça nisso? Consegui encontrar razão? Ou algo que deva ser levado em consideração? Consegui encontrar verdade em toda essa situação?
Então por qual motivo devemos viver com base nisso? Por que viver com base naquilo que as pessoas pensam sobre nós? Por que viver com base em nossos medos? Por qual razão transformá-los em nossa única saída? Por que permitir que os outros exerçam tanto poder sobre a forma como nos vemos? Por que permitir que a forma como os outros nos olham ou nos tratam defina como devemos viver ou nos sentirmos? Por que permitir que algo que tem o potencial de nos destruir seja mais importante do que a nossa vontade em sermos nós mesmos, de sermos felizes?
Precisamos permitir que chegue o momento em nossas vidas que as nossas inseguranças sejam questionadas e não somente aceites como algo que deve sempre existir e estar lá.
Somos mais do que os nossos medos e inseguranças, somos mais do que a forma como o mundo nos trata ou olha para nós. Por isso, não deixe que um olhar de segundos, defina a forma como você irá se olhar por anos ou pelo resto da sua vida, o mesmo para a forma como tratam ou chamam a ti.
Que nos eduquemos para que não nos tornemos fonte de insegurança para os outros, mas sim de descobertas de caminhos para que a insegurança nunca mais se instale. Que nos eduquemos para fazer com que os nossos medos e inseguranças sejam sempre questionados e tratados da forma que devem ser tratados, com paciência e sabedoria.
Setlist:
Cold Little Heart– Michael Kiwanuka
Não Existe Amor em SP– Criolo
Boys And Girls – Jaden
Learn To Fly – Surfaces, Elton John
Don’t Kill My Vibe – Sigrid
Everything Is Everything – Ms. Lauryn Hill
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