Vodafone Paredes de Coura 2019 – Dia 2: noite histórica com New Order
Mais um dia de festival em Paredes de Coura, mais um dia esgotado. Com um público notoriamente numa faixa etária superior, foram muitos os que se deslocaram a Coura neste feriado apenas para ver New Order, que deram um concerto que ficará sem dúvida para a história do festival. Destaque também para Boy Pablo que encheu o palco secundário de energia.
Pelas 13h, no palco Jazz na Relva, decorreu a primeira sessão do Vodafone Vozes da Escrita, com Inês Maria Meneses, diretamente da Radar FM, a dar voz à escrita, com a presença do cantor e compositor Rui Reininho. Eram já muitos os que estavam nas margens do rio a apanhar sol, no dia mais quente do festival até agora. Durante a tarde, também no palco Jazz na Relva, estiveram presentes Mathilda e Melquiades, havendo ainda espaço para um debate a cargo de Fumaça.
Tivemos a oportunidade de estar presentes na Vodafone Music Session, marcada pela presença de Avi Buffalo, cantor e compositor canadiano que providenciou uma tarde bem passada no CEIA, Centro de Educação e Interpretação Ambiental da Paisagem Protegida do Corno de Bico, em Paredes de Coura. Acompanhado pelos restantes membros da banda, Avi, cujo diminutivo provém de Avigdor, conseguiu entreter os festivaleiros que tiveram a sorte de apanhar a pulseira para esta sessão. Entre as árvores do parque, viam-se muitos sentados em toalhas, tanto ao sol como à sombra, apreciando a bonita paisagem ao som do cantor, que marcou também presença no palco Vodafone.FM no último concerto da noite.
A abrir o palco Vodafone.FM, nesta edição do Vodafone Paredes de Coura, estiveram os Cave Story, que voltaram ao festival no mesmo horário e no mesmo palco que há dois anos atrás. No mesmo palco seguiu-se Stella Donnelly, mais uma aposta australiana entre as muitas que estão a passar este ano por Paredes de Coura. Stella ficou conhecida quando lançou a música “Boys Will Be Boys”, inspirada numa amiga que tinha sofrido críticas após ser vítima de violência sexual. A cantora que veio substituir Julien Baker no cartaz mostrou-se emociada e surpresa com a presença de tantas pessoas no recinto, como já tem vindo a acontecer com vários artistas a pisar o palco Vodafone, confessando até que não sabia se iria estar alguém a vê-la.
A abertura do Palco Vodafone no segundo dia esteve a cargo de Khruangbin, provenientes do Texas, numa onda praticamente instrumental, apresentando temas como “August 10”. Com fortes linhas de baixo cruzados com ritmos simplistas, a atmosfera criada pela banda é, no mínimo, original, dentro do panorama atual do funk/rock. Impressionados com a quantidade de público ainda de tarde, na maior parte ainda sentados, o grupo mostrou-se encantado com a paisagem de Coura, deixando uma nota: “It smells amazing”. Um bom fim de tarde, acompanhados pelo que se pode denominar de banda sonora, com um conjunto musical que substitui a voz pelas infinitas linhas de guitarra de Mark Speer.
Diversão é a palavra que melhor descreve a atuação de Boy Pablo. Naturais de Bergen, Noruega, Nicolas Pablo Muñoz e alguns dos seus colegas da escola trazem algo fresco ao indie pop/rock dos últimos tempos. Ainda a entrar nos seus 20 anos, uma prova de que não são só um fenómeno viral e que estão preparados para objetivos maiores. “Losing you” foi um dos auges do concerto, assim como a cover de “50 Souls And A Discobowl”, que, entre saltos e movimentos de dança, colocou em êxtase toda a zona do palco secundário, algo subdimensionada nestes dias de maior afluência. O concerto termina com uma roda de dança entre os artistas, já semi nús, em perfeita harmonia com a audiência. Fica no ar se não mereciam uma segunda oportunidade no palco principal.
Antes dos dois nomes principais para esta noite, houve ainda espaço para uma excelente hora de rock por parte dos repetentes Car Seat Head Rest. Temas como “Drunk Drivers/Killer Whales” serviram como um excelente aquecimento para o que se seguia. O público aderiu em massa, no que parece ser um sítio onde os americanos já se sentem em casa.
Concerto histórico em Paredes
O concerto de New Order era um dos mais aguardados desta vigésima sétima edição do festival, sendo este mais um dos grandes nomes da história da música que a organização consegues trazer, numa lista já longa. O mítico grupo do Reino Unido, composto principalmente pelos membros remanescentes de Joy Division, banda de culto pioneira do post-punk, mostrou estar ainda perfeitamente ao nível dos grandes palcos e agredeceu todo o carinho do público português.
O recinto ficou esta noite caracterizado por uma maior diversidade de faixa etária, dado todo o histórico da banda de Manchester. A atuação variou entre hinos de New Order e Joy Division, como “Temptation” e “She’s lost control”, respetivamente. O auge acontece, como esperado, em “Blue Monday”, mal a distinta batida inicial ecoa no palco principal. Ao som de sintetizadores em tom depressivo, que em segundos nos transportam para a década de 80 (embora a maior parte do recinto não a tenha vivido), “Bizarre Love Triangle” foi também destaque numa noite quente.
Nota positiva também para um excelente cuidado com a parte visual, desde a disposição em palco até todos os vídeos hipnóticos no background, que nos levaram numa verdadeira viagem do início ao fim. Atuação diretamente para o hall of fame do festival.
Consagração de Capitão Fausto
Com a tarefa difícil de manter a multidão no recinto após o grande concerto de New Order, Capitão Fausto não cederam à pressão e conseguiram que a maioria das pessoas permanecessem no recinto para os ouvir. Iniciaram com um dos seus grandes êxitos, “Amanhã Tou Melhor”, e facilmente conseguiram pôr todo o público a dançar e a cantar. Permaneceram neste registo até meio do concerto, com uma forte presença do álbum “Capitão Fausto Têm os Dias Contados”, voltando às origens mais para o final com presença do seu primeiro álbum “Gazela”. O auge do concerto deu-se ao som de “Teresa”, dando lugar a moches e muitos saltos nas primeiras filas, que vibraram cada vez mais com o decorrer do concerto.
Passados 3 anos da sua última presença em Paredes de Coura, onde atuaram no palco principal pelo final da tarde, conseguiram neste tempo crescer e superar-se ao atuar e fechar esse mesmo palco no segundo dia de festival. Para Tomás Wallenstein dificilmente poderia ter havido um final de concerto melhor, tendo saltado para a plateia e feito crowdsurfing durante alguns minutos, a receber todo o amor do público que tanto gostou de o receber. Apesar de se ouvirem opiniões divergentes acerca deste grupo, muitos estavam presentes certamente apenas para os ver e presenciaram-nos com um momento de dança e energia no anfiteatro natural da música.
O palco secundário seguiu com os habituais after hours, tendo sido os primeiros a atuar os Acid Arab, duo que tem como propósito abrir espaço para a cultura árabe no mundo da música eletrónica contemporânea. Já passava das 2h da manhã e uma multidão continua a ocupar o espaço em frente ao palco, com toda a vontade de dançar pela noite dentro. Krystal Klear, os segundos convidados a atuar no after deste dia, continuaram numa onda electro e house que deixou muitos a dançar pela noite dentro.
No terceiro dia do festival os grandes nomes são Deerhunter, Spiritualized e Father John Misty. Podes ler a reportagem do primeiro dia aqui. Fica com a Engenharia Rádio para saber todas as novidades!
Rita Moura, Carlos Silva
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