O Mundo da música despede-se de uma das suas referências
João Gilberto, cantor e compositor brasileiro, faleceu dia 6 de julho, no Rio de Janeiro. O génio musical brasileiro, um dos pais da bossa nova, tinha já 88 anos.
João Gilberto, natural de Juazeiro, na Bahia, marcou definitivamente a bossa nova, estilo musical que funde o samba e o jazz, com a sua voz grave e um jeito inconfundível de tocar violão.
Iniciou-se no mundo da música, na década de 50, no grupo Garotos da Lua, de onde viria a ser despedido dadas as suas ausências constantes. Esse lado polémico seria, aliás, e juntamente com o seu génio musical, uma das suas imagens de marca, tendo, por diversas vezes, interrompido concertos para pedir silêncio ao público ou reclamar da temperatura do ar condicionado. Chegou inclusive a abandonar espetáculos pelas condições não estarem de acordo com as suas exigências.
Seguiu-se um longo período de introspeção e estudo do violão que culminariam no som que todos lhe reconhecemos. Os mesmos que lhe valeram a admiração de nomes como Caetano Veloso ou Chico Buarque, e o reconhecimento como um dos maiores nomes de sempre da música brasileira. Em 1959, lançou o álbum que marcaria definitavamente o ínicio da bossa nova, com um dos seus maiores sucessos, “Chega de Saudade”.
Pelo seu trabalho recebeu 2 Grammy’s, em 1964 pelo disco Getz/Gilberto e, mais recentemente, em 2000 com João, Voz & Violão. Prémios que nunca valorizou. Segundo João Gilberto, estes homenageavam não a sua arte, mas o que dela o mercado conseguia retirar.
Deixa-nos um legado extenso que nos lembra, entre outras coisa, que “no peito dos desafinados também bate um coração“, que o “fundamental é mesmo o amor” e cuja marca inconfundível ecoará eternamente em qualquer parte do globo.
Com a sua ausência, será difícil fazer a vontade a João Gilberto e dizer “Chega de Saudade“.
Miguel Pereira
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