Setlist

• Dorival Caymmi – O Vento
• Meme – Yoake No Atarashi
• Tarawangsawelas – Dari Timur
• Tigran Hamasyan – Nor Tsaghik
• Svitlana Nianio – Colour of the Ground
• Der Golem – Оригинальная Мелодия
• Demdike Stare – Regolith
• Drop Nineteens – Kick the Tragedy

À imagem da última sessão do Mocho, a setlist de hoje percorre diferentes cantos do globo, numa edição marcada pela ausência de locução – daí este texto – o que imediatamente a torna mais agradável que a transata. Esta edição, número doze, principia com o tema ‘O Vento’ do eterno compositor brasileiro Dorival Caymmi, retirada de seu álbum de ’59, ‘E Seu Violão’, onde é possível escutar a sua voz famosamente grave acompanhada da guitarra, num tema folk melancólico e saudoso que não esquece as particularidades da MPB. Pelo mesmo terreno folk chegamos a seguir a Meme, conjunto natural do Japão, destino de excelência do Mocho, e ouvimos uma faixa retirada do único lançamento, ‘Chitotetochi’, de 2005. Misterioso e etéreo som, que experimenta variados caminhos, para fãs de, por exemplo, a sua conterrânea Ichiko Aoba, artista que já foi destacada em edições anteriores do Mocho.

Ainda por folclore asiático, o Mocho visitou a Indonésia e o projeto Tarawangsawelas, que em 2017 se estreou com ‘Wanci’, obra fascinante de música tradicional com características hipnóticas e meditativas. A noroeste no mapa mundi, foi vez da Arménia e de Tigran Hamasyan, fabuloso pianista de jazz que neste particular lançamento, ‘Luys i Luso’, editado pela mítica ECM, o arménio funde música coral cristã típica da região, com arranjos de piano jazz, conseguindo um resultado brilhante e possivelmente único no mundo da música. Uma atmosfera espiritual que também se regista no tema que seguiu.

Continuando por territórios soviéticos, desta feita a Ucrânia, tivemos a oportunidade de escutar Svitlana Nianio no seu disco ‘Kytytsi’ de ’99, um aglomerado de influências folk e música clássica que culminam numa obra linda e pastoral. E pelo mesmo terreno encontrou-se o russo Roman Sidorov e o seu projeto Der Golem donde saiu, no mesmo ano de ‘Kytytsi’, o álbum ‘Zmet’ do qual passou a segunda faixa. Frio post-punk industrial da Rússia, depressivo à imagem de quem o compôs, um homem que faleceu com apenas 29 anos.

Em Manchester temos os Demdike Stare, reis do Dark Ambient pautado por linhas de Dub, e escutamos uma faixa proveniente de um dos 3 lançamentos do grupo em 2010, ‘Liberation Through Hearing’, e finalizamos esta edição do Mocho com um dos hinos do shoegaze, o único tema sobrevivente de uma edição cuja ideia inicial era uma homenagem a este género musical, ouviram-se os Drop Nineteens a pontapear a tragédia.

Obrigado por estarem desse lado, fiquem com a Engenharia Rádio, até à próxima.