Yo La Tengo no Hard Club: Depois da calma, a tempestade

Na passada noite de quinta-feira, dia 7 de fevereiro, foi a vez dos Yo La Tengo ocuparem a sala 1 do Hard Club, voltando assim ao Porto passados 6 anos. Movido pela nostalgia a uma música que, por si só, já partilha desta característica, o público apresentou-se em grande número e com muita vontade de, na maioria dos casos, voltar a ver a banda natural de New Jersey.

Ainda antes de a banda subir a palco, era possível ouvir em pano de fundo a mítica obra E2-E4, de Manuel Göttsching, talvez uma premonição sobre o início do espetáculo. A 1ª parte do concerto foi então pautada por uma sonoridade à imagem do trabalho do alemão, maioritariamente ambiente, com extenso recurso à repetição de sons, mas que, apesar do esforço, revelou uma certa falta de dinâmica. Aliás, uma crítica já apontada aos próprios trabalhos mais recentes da banda, de onde saíram a maioria das canções que compuseram esta parte inicial. Contudo, não faltaram alguns rasgos de brilhantismo que deixaram o público com água na boca para a segunda parte do concerto.

 

Agora com música mais mexida em pano de fundo durante o intervalo, adivinhava-se uma fera totalmente diferente para o resto do espetáculo. E assim aconteceu, e a tão acarinhada mistura de noise, indie e shoegaze da banda foi titular até ao final. Com regressos aos diversos e fabulosos álbuns dos anos 90, foi possível testemunhar três excelentes artistas no seu melhor, culminando sobretudo na individualidade de Ira Kaplan e o monstruoso barulho e fascinante feedback que saíam da sua guitarra elétrica. Entre os vários hinos do noise escutaram-se temas como, ‘Flying Lesson (Hot Chicken #1)’, ‘We’re an American Band’ ou ‘Double Dare’, terminando com o épico de mais de 10 minutos ‘The Story of Yo La Tango’. Paisagens sonoras deslumbrantes que são uma autêntica ode aos sonhos e à nostalgia. Um barulho hipnotizante, acolhedor e reconfortante da parte de artistas que ao longo da atuação se envolvem nele e vão sentindo o mesmo que o público, sendo tudo receita para uma excelente experiência que se poderia prolongar por horas a fio e ninguém se importaria.

Depois de finalizarem esta segunda e última parte, a banda regressou ainda para o encore com os habituais covers, desta vez a músicas de Devo e George McCrae.

Em suma, um ótimo concerto desta banda norte-americana, que, sempre elogiada pelas suas atuações ao vivo, não parece que esteja a perder o vigor e confirma assim o porquê de ser uma banda de culto.

João Gomes

Imagem de destaque: @porto_cool

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