Vodafone Paredes de Coura – Dia 4: ainda existem finais felizes
O dia 18 de agosto foi o final feliz do capítulo que fechou a 26ª edição do festival Vodafone Paredes de Coura. Com o recinto lotado, as dezenas de milhares de pessoas que se deslocaram para o festival não ficaram desiludidas com o concerto proporcionado por Arcade Fire, que quase todos ansiavam ver.
O dia começou, mais uma vez, nas margens do rio Coura, com Mr. Gallini a abrir o palco Jazz na Relva. Numa tarde calorosa e repleta de mergulhos no rio, o artista, proveniente de Alcobaça, trouxe o seu álbum “Lovely Demos” que proporcionou mais um momento bonito na praia fluvial do Taboão.
Um público de braços abertos
Myles Sanko abriu o palco Vodafone para o último dia de festival. O recinto estava mais cheio do que em qualquer outro dia, destacando-se as pulseiras azuis alusivas ao bilhete diário. Sempre com muita animação e pedindo ao público para se aproximar do palco e participar no espetáculo, lamentou apenas poder tocar por 40 minutos e quis aproveitar o tempo ao máximo. O cantor, natural do Gana, é um dos bons nomes da música soul atual, tendo animado o recinto com o seu mais recente álbum “Just Being Me”, que proporcionou um início de tarde ideal para os milhares que já se encontravam lá, provocando até momentos de uníssono com o público cantando “I need you more than you know”.
Curtis Harding é um cantor e compositor americano, tendo-se inicialmente dedicado ao soul, mas passando mais tarde a representar o blues, R&B e rock. O cantor teve a missão de entreter o público pela hora de jantar, sendo bem sucedido com o seu mais recente álbum “Face Your Fear”.
No início da noite surgiram, no palco Vodafone, Big Thief, mais uma banda americana presente no festival, desta vez com um repertório de Indie Rock. A vocalista, Adrianne Lenker, estava genuinamente feliz por estar a atuar para tantas pessoas que já se encontraram no recinto, tendo até referido que possivelmente seria o concerto com mais público que já tinham dado, embora notoriamente triste pela ausência do guitarrista, que se encontra doente. Num concerto com muita interação, a vocalista desceu até as escadas do palco para poder interagir melhor com a plateia, perguntando até se alguém se lembrava do momento em que nasceu. Foi dos poucos concertos que fez o público puxar das suas lanternas Vodafone para dar luz ao ritmo da música que, por vezes, se aproxima do country, passando pelos álbuns “Masterpiece” e “Capacity”. “Masterpiece” e “Paul” foram alguns dos temas que deixaram a multidão, presente em massa por outras razões, perplexa com a voz tão frágil e envergonhada da vocalista, de onde saiam ainda assim palavras tão poderosas. Sendo recebidos de braços abertos pelo público, fica um excelente momento para recordar desta edição do festival.
Consagração seguida de clímax
Dead Combo tinha a difícil missão de segurar uma imensa multidão, de olhos postos maioritariamente no cabeça de cartaz. Trazendo temas de “Odeon Hotel”, sexto álbum de originais, certamente um dos melhores álbuns nacionais do presente ano, a banda de Tó Trips, Pedro Gonçalves e companhia mostrou-se avassaladora, a cada tema merecedor de um filme feito à sua medida, dando um concerto quase de consagração após a sua presença em 2012. “Deus me dê grana” e “The Egyptian Magician” foram alguns dos temas apresentados, entre outros mais clássicos como “Lisboa Mulata”. A presença de Mark Lanegan foi, sem dúvida, a cereja no topo do bolo numa atuação convincente e merecedora do momento em que se realizou. Ainda que por breves minutos, o histórico cantor americano trouxe a sua voz rouca e única do grunge, adicionando uma nova dimensão ao concerto da banda nacional. Missão mais do que cumprida.
Os Arcade Fire conseguiram encher na totalidade o anfiteatro que constitui o habitat natural da música, tirando em parte a beleza que caracteriza o local, mas oferecendo-lhe outra dimensão. Eram cerca de 27 mil os presentes no recinto, que aguardavam ansiosamente por o momento alto da noite. Os canadianos iniciaram o concerto com “Everything Now”, o que deixou todos ao rubro, havendo um ecrã gigante que projetava “TUDO AGORA” para o público. Num concerto de grande produção, não só pela quantidade de membros da banda mas também por toda a parte audiovisual, seguiu-se uma noite de festa no sítio que os via crescer em 2005. Passando por todo o seu repertório, destacam-se temas como “No Cars Go” e “Intervention”. “Wake Up” foi a escolhida para o encore, fechando de vez o Palco Vodafone com uma das melhores bandas mundiais da actualidade, num concerto que entrará certamente para o hall of fame do festival.
Entre confetes e festejos, fechou assim o palco principal, começando-se parte da multidão a deslocar para o palco secundário, para aproveitar os after hours que, neste dia, foram até de manhã. Este ano a organização do festival deu uma novidade aos festivaleiros de forma a tornar o dia de partir menos doloroso: uma after party que durou das 6h00 às 19h00 no palco Jazz na Relva para todos poderem dançar e aproveitar mais um pouco do rio antes de ir embora. Pela manhã já se viam muitos a ainda a aderir a esta iniciativa, ou já acordados para aproveitar o dia extra de música. Houve festa até ao fim!
Terminou assim a 26ª edição do festival Vodafone Paredes de Coura, deixando sempre a lágrima no canto do olho de ainda faltar um ano para voltar ao Couraiso. A 27ª edição do Vodafone Paredes de Coura vai-se realizar de 14 a 17 de agosto de 2019. Até para o ano!
Vê a reportagem do 1º dia, 2º dia e 3º dia.
Rita Moura, Carlos Silva
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