Vodafone Paredes de Coura – Dia 3: Shoegaze e Grime marcam a noite
A terceira noite do festival Vodafone Paredes de Coura teve como cabeças de cartaz Skepta e Slowdive, num estilo bastante diferente que, apesar disso, e de forma distinta, conquistou a enchente de público do recinto.
O dia começou com José Eduardo Agualusa e Kalaf Epalanga na segunda edição das Vozes da Escrita, prontos para acordar os que fugiam do sol para as margens do rio ainda com saco-cama e colchão. Foi por volta das 15h30 que se iniciou a jornada rumo à Vodafone Music Session de 17 de agosto. Com destino inesperado, os festivaleiros mostravam-se ansiosos com o que iria ocorrer na sessão deste dia. Chegando ao local, estava uma belíssima pedreira com uma escarpa granítica como pano de fundo, e a aguardar os felizardos que tiveram oportunidade de embarcar nesta aventura estavam os Imarhan. Provenientes da Argélia, os músicos de Rock Tuareg surpreenderam o público com as suas melodias que, envolvidas quase sempre por palmas, deram vida à antiga pedreira de Paredes de Coura, num oásis que os enquadrou na perfeição. O quinteto, formado em 2006, trouxe nesta tarde o seu mais recente álbum “Temet”, com um toque árabe movimentado que satisfez os presentes e que os fez caracterizar Music Session como extraordinária.
A abrir o palco Vodafone no penúltimo dia de festival esteve Lucy Dacus, cantora e compositora proveniente de Virgínia, Estados Unidos da América. Tendo lançado o seu primeiro álbum em 2016, a jovem artista de apenas 23 anos surpreendeu com um indie rock simples mas poderoso, marcado pela sua voz doce. Foi um dos concertos mais bonitos que passou por Paredes de Coura, tendo sido a primeira vez de Lucy em Portugal e foi também o primeiro concerto da sua tour europeia onde apresentou o seu novo álbum “Historian”, muito aclamado pela crítica. A cantora, sempre com um sorriso, mostrou-se surpreendida e agradecida por tantos dos presentes saberem as letras das suas músicas e por a acompanharem com tanto vigor. Entre os temas mais esperados esteve “Additions”. No entanto, o momento mais emotivo do concerto foi com “Pillar of Truth”, dedicado à sua avó, pondo todo o público arrepiado.
Continuando numa onda de tranquilidade norte-americana, entrou ao final da tarde Kevin Morby, músico, cantor e compositor natural do Texas. Com o mais recente álbum “City Music”, as suas melodias conquistaram as inúmeras pessoas sentadas no relvado do anfiteatro natural de Paredes de Coura.
Skepta conquista os mais cépticos
Mais tarde, no palco Vodafone, Slowdive. Lendas e pioneiros do shoegaze, eram uma das bandas mais aguardadas após o seu regresso triunfante à atividade e também a Paredes de Coura depois do concerto de 2015. A banda formada em 1989 apresentou o seu quarto álbum de estúdio “Slowdive”, de nome homónimo, 22 anos após o seu último lançamento. Um concerto morno e envergonhado resultou num amplo momento intimista a cada eco da pedaleira e vocais sonhadores.
Skepta foi dos artistas que trouxe mais pessoas ao palco principal desta 26ª edição. Com um estilo diferente do comum, foi notória a presença de fãs que se deslocaram propositadamente para ver um dos pioneiros do grime. Apesar de ter surgido em 2007, foi a partir de 2014 que a sua carreira explodiu tendo colaborado com vários artistas, entre eles Kanye West, com quem já atuou. O músico, cuja inspiração passa pelo hip-hop britânico e americano, conseguiu levar o público ao auge com o seu álbum “Konnichiwa”, tanto que o concerto teve de ser interrompido por serem atirados objetos para o palco. Uma situação lamentável que ameaçou o fim do concerto caso não cessasse. No entanto, o artista voltou com toda a força para finalizar o concerto após a produção acalmar os ânimos.
Opiniões contrárias num after hours original
Deu-se o fecho do palco Vodafone e viu-se uma multidão a deslocar-se para o palco Vodafone.FM, para os after hours que iam ocupar as primeiras horas da madrugada. Sentia-se uma grande expectativa e curiosidade por parte do público perante o espetáculo das Pussy Riot, nome que iria abrir os afters da noite. Trata-se de um grupo de punk e electro rap feminista russo que se tornou conhecido por realizar flash mobs de provocação política contra o estatuto das mulheres na Rússia e, mais recentemente, contra a campanha de Vladimir Putin. No início do espetáculo, ainda sem ninguém em palco, foram projetadas 25 frases acerca de economia, política e igualdade de genero, que rapidamente aumentaram ainda mais o suspense que se gerava nas filas da frente do palco secundário. O grupo, constituído por uma cantora, um DJ e duas bailarinas, passou a maioria do tempo com a cabeça tapada por uma máscara. Todo o espetáculo foi uma manifestação política e o público aderiu em massa à performance das Russas. Entre os temas apresentados destacou-se “Pimples” e “Bad Apples” que conseguiram por muitos a cantar e a dançar as coreografias que o grupo realizava em palco. Para muitos foi uma surpresa positiva, para outros uma maçã podre no meio dos restantes grandes nomes desta edição do Paredes de Coura. Foi, sem dúvida, um momento diferente e de muita energia que passou por este palco. A música e a dança continuaram pela noite dentro com a presença do DJ Lauer.
Neste último dia espera-se ainda uma maior afluência de pessoas, sendo que os bilhetes diários se encontram esgotados. O grande foco da noite é Arcade Fire, que atuarão às 01h00 no palco. Amanhã contamos-te como foi! Vê ainda a reportagem do 2º dia aqui.
Rita Moura, Carlos Silva
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