Festival Bons Sons 2018, o nosso amor de verão

Na aldeia de Cem Soldos, Tomar, descobrimos o nosso novo amor de Verão. O festival Bons Sons, que este ano decorreu entre 9 a 12 de agosto, já conta com nove edições e é inteiramente dedicado à música portuguesa.

Desenganem-se, este não é o típico festival de verão! Logo pela manhã a aldeia ganha vida com atividades para crianças, pequenos mercados e  jogos de madeira (Jogos do Hélder) no Rossio, que entretêm miúdos e graúdos que se atrevem a sair nas manhãs quentes de Cem Soldos. 

Das atividades paralelas destaca-se o Palco Garagem aberto a todos aqueles que queiram mostrar que também tem o bichinho da música!

Ouvir Portugal de Lés-a-Lés

É pelas 14h que começam os concertos: a Música Portuguesa A Gostar Dela Própria (MPGDP), tráz à igreja local os sons de Portugal, num ambiente íntimo onde que o público é chamado a participar nos concertos mais bonitos que o festival tem para oferecer.

 

No dia 11, os Artesãos da Música fizeram-se acompanhar por um grande sentido de humor e vários instrumentos improváveis, improvisados a partir de objetos reutilizados como chaleiras ou caixas de bolachas. Já no Domingo, dia 12, destacou-se a Orquestra de Foles, que desafiou o público a subir ao palco e dançar com eles, convite que foi aceite com prontidão!

Depois das atuações durante a tarde, cada um dos dias prossegue com atuações intercaladas pelos restantes 5 palcos da aldeia bem como no Auditório Agostinho da Silva e no Palco Garagem referido anteriormente. No Bons Sons cada concerto é especial, não havendo sobreposições ou um estilo preferencial – não há “hierarquias musicais” refere  Tiago Pereira, Director Artístico do projeto MPGDP.

O regresso de Sara Tavares

No dia 10, Sara Tavares  apresentou o novo álbum “Fitxadu”, no qual se reinventa após oito anos sem gravar. Com a voz de sempre e cheia de ritmo é impossível não bater um pézinho ao som deste concerto.  Num espetáculo repleto de “Coisas Bunitas”, houve inclusive um pedido de casamento em palco, um amor que surgiu no Bons Sons há cerca de 6 anos entre “uma voluntária e um solteiro e bom rapaz”.

Das sonoridades mais calmas, ao ritmo do soul e funk

O terceiro dia, dia 11, Ela Vaz mostra-se vulnerável apresentando o seu primeiro disco, EU. Com um percurso musical que inclui fado, música tradicional portuguesa e música nórdica, este álbum surge como uma fusão dos vários estilos tendo uma sonoridade limpa e poesia intimista, não deixando ninguém indiferente.

A surpresa da noite foi Zeca Medeiros, com 66 anos e uma carreira não só como músico mas também como ator e realizador, apresentou o seu mais recente trabalho “Aprendiz de Feiticeiro, Imagens e Canções”. Com uma energia contagiante numa espécie de teatro cantado, Zeca leva-nos numa viagem pela sua vida, passando pelo 25 de Abril e pela guerra colonial. A atuação terminou com a ajuda de João Afonso e Filipa Pais interpretando “O Cantador”, em homenagem a Zeca Afonso.

Num registo quase oposto, PAUS trazem-nos mais um grande concerto. Com a energia habitual (não fossem ter duas baterias) e um jogo de luzes ao mesmo nível, o público mexeu-se freneticamente, gritando a plenos pulmões as letras de cada música. O baixista, Makoto Yagyu, juntou-se a este fenómeno andando por cima da multidão num momento de extrema adrenalina.

Já passava da uma hora da manhã quando Cais Sodré Funk Connection subiram a palco. Com eles trouxeram o soul e o funk, associado às décadas de 60 e 70, num concerto ora com originais ora com covers que meteram Cem Soldos a mexer numa festa que não escolheu idades.

Linda Martini surpreende num dos últimos concertos do Bons Sons

No último dia, 12 de agosto, Luís Severo sobe a palco num concerto marcado por uma enorme calma e cantos baixinhos por parte do público que se deixava contagiar pelas letras (pequenos poemas) escritas pelo próprio. Quando o concerto já parecia terminado o cantautor presenteou-nos com uma versão acústica de “Olho de Lince” e chama Primeira Dama a palco.

Moonshiners, uma mistura de blues e rock, com harmónica à mistura, sobe ao palco Amália nessa mesma noite, deixando-nos ofegantes após mais de uma hora de dança e movimento. Perdeu um pouco por ser um palco tão pequeno, não sendo possível à plateia dispersar-se.

Lena D’Água e Primeira Dama com a Banda Xita relembram alguns dos êxitos da estrela dos anos 80/90, com a voz jovial de sempre mas com um instrumental ao estilo de Primeira Dama marcada pelos teclados e sonoriTdade electrónica. Lena D’ Água surge com uma enorme descontração e orgulho nestes miúdos que tanto cresceram a nível musical desde o seu primeiro álbum.

Linda Martini surpreende intercalando temas do álbum mais recente (Linda Martini) com êxitos mais antigos como “Amor Combate”, “Mulher-A-Dias” e “Ratos”. Distintos pelas letras que acompanharam parte da plateia durante os últimos 12 anos, o público cantou com emoção cada palavra, culminando no “Cem Metros Sereia”.

Fica com a reportagem fotográfica do Bons Sons 2018 no final do artigo.

 

Francisca Pessanha e Paulo Correia

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