Rodellus 2017: com o campo nas veias
A Engenharia Rádio teve o prazer de estar presente em mais uma edição do Rodellus, tendo acompanhado de perto os três palcos deste festival e todo o ambiente vivido no campismo.
DIA 1
Foi em Cunha que começou esta terceira edição do Rodellus, num parque de merendas onde não faltou magia durante toda a noite. Com entrada gratuita, notou-se a presença de várias famílias e de uma faixa etária que não é usual neste tipo de eventos, mostrando a crescente abrangência deste festival. No entanto, o que mais se notou foi a presença jovem, que não poderia faltar para tornar esta uma noite memorável.
O palco que inaugurou a nova parceria com a revista RUA abriu com os Moon Preachers, que vieram apresentar o seu álbum 7 Demons of Wild and Magic, seguidos de O Amante Negro, a cativar o público num ambiente misterioso.
A missão de fechar os concertos desta noite foi do Conjunto Corona, um grupo vindo do Porto com um estilo musical bastante distinto dos anteriores. Os seus fãs mais assíduos estiveram presentes e foram cativados com a presença do seu seguidor, o Homem do Robe, que distribuiu copos de hidromel pelas primeiras filas, a bebida de marca da banda. Esta figura icónica, que nunca teria mostrado a cara anteriormente, era, no entanto, apenas um fã com um robe que substituiu a sua presença neste concerto. Foi sem dúvida o espetáculo mais marcante da noite, sendo que o tema Chino No Olho resultou em muitos saltos e gritos. Foi pena não terem tido oportunidade de tocar no “recinto mais fofo de todos os festivais”, como David Besteira, mais conhecido por dB, afirmou numa entrevista com a Revista Rua.
Por fim, para acabar a festa de receção ao campista, foi a vez de Candy Diaz subir ao palco para um Dj set da SBSR.fm, a marcar a presença do novo Media Partner do Rodellus.
DIA 2
O segundo dia começou novamente no Palco RUA, durante a tarde, onde subiram ao palco Sardinha Também é Peixe. Estes foram um dos vencedores do concurso de bandas promovido em parceria com a revista e proporcionaram ao público que se encontrava tanto em frente ao palco, como nas mesas à sombra do parque de merendas, uma tarde de música descontraída onde deram a conhecer o seu EP de estreia, Eh!. Para finalizar a tarde neste palco redondo, contou-se com a presença de Lukkas.
O momento tão aguardado pelos seguidores do Rodellus finalmente chegou com a abertura do recinto, em Ruílhe, onde ia ser possível ver todas as novidades que nos foram enchendo de curiosidade ao longo do ano. Entre as pequenas luzes penduradas nas árvores, os sofás e outras surpresas que não existiam anteriormente, o espaço continuou tão característico como se recordava, com mudanças principalmente ao nível da disposição dos palcos e da zona de alimentação. Foi de notar o empenho e o cuidado que a organização teve mais uma vez em tornar este espaço tão agradável e acolhedor.
A abrir a música no recinto estiveram presentes os Ratere, no Palco Eira. De seguida, já no Palco Rodellus, atuaram os Twin Transitors, tendo o prazer de ser a primeira banda a tocar no palco principal desta edição do festival. Os portugueses, naturais de Leiria, trouxeram ao campo um espetáculo de rock psicadélico, com o seu álbum Sun of Wolves.
Chegou a vez de subirem ao palco os First Breath After Coma, curiosamente também de Leiria e um dos grupos mais esperados, que já tiveram a oportunidade de estarem presentes em festivais como o NOS Primavera Sound e o Vodafone Paredes de Coura, bem como em festivais internacionais. Certamente que atuar no campo é diferente para eles, estando num ambiente mais familiar em que muitas pessoas estiveram presentes apenas para os ouvir. O concerto cumpriu as expectativas do público, com visitas a The Misadventures of Anthony Knivet, o seu primeiro álbum, e muitas músicas de Drifter, o seu mais recente trabalho, num espetáculo de grande carga emocional.
Nesta grande noite de rock, a fechar o palco principal não poderiam faltar os Stone Dead, considerados pela organização do festival “a melhor banda de rock nacional”. Foi, sem sombra de dúvidas, o melhor concerto do Rodellus, com uma presença em palco espetacular por parte da banda de Alcobaça, onde apresentaram o seu disco de estreia, Good Boys, um dos álbuns mais surpreendentes de 2017. Este álbum, cujo combustível são riffs que dificilmente descolam da memória, transportou a banda para um patamar superior no panorama nacional.
Mudando novamente o palco, alterou-se também o estilo musical para um momento mais eletrónico na presença de Mira, Um Lobo!, Ghost Hunt e Midi b2b Andy Burton. Assim, foi no Palco Eira que a música continuou, proporcionando aos amantes da eletrónica uma oportunidade de aproveitar o campo pela noite dentro.
DIA 3
Chegando o terceiro e último dia de festival, já era habitual passar a tarde no parque de merendas de Cunha, que neste sábado se encontrava repleto de famílias a fazer piqueniques e a jogar jogos. A abrir o palco tivemos o prazer de ver os The Gypsies, uma banda de Leça da Palmeira que melhorou a tarde de todos os presentes no parque com um estilo que facilmente põe toda a gente com boa disposição. Seguidamente, o grupo de Braga, Travo, conseguiu vencer a chuva e apresentou-nos o seu EP de estreia, Santa Casa. Já tínhamos tido o prazer de os ouvir no nosso X Aniversário, mas é sempre bom voltar a ter essa oportunidade. Fica a esperança de os ver em palcos maiores.
Finalmente, a fechar de vez o Palco RUA, The Electric Howl vieram de Lisboa, subindo ao palco com uma presença mais explosiva e preparando o público para a última noite do festival. Estando cada vez mais próxima a altura de nos despedirmos dos campos de milho e dos girassóis, o recinto de Ruílhe foi aberto por The Japanese Girl, no Palco Eira.
Preparados para uma noite cheia de rock no Palco Rodellus, o público foi chegando e ignorando a chuva que insistia em aparecer. As honras foram feitas por Los Wilds, o grupo internacional residente em Madrid que teve o prazer de vir tocar ao campo, com um dos concertos mais efusivos do festival com direito a uma plena utilização do palco. Estes foram seguidos por The Sunflowers, a dupla que começou o seu concerto com o tema Charlie Don’t Surf, cativando o público logo desde o início. Por entre moches e gritos, tivemos a oportunidade de ser presenciados com a apresentação de uma nova música.
Chegou mais um dos esperados momentos deste festival, quando subiram ao palco os Fai Baba, uma das maiores surpresas do cartaz e a grande aposta da organização, com a sua estreia em Portugal. E vieram logo parar ao campo, que sorte a nossa. A banda que esteve já presente no KEXP dominou o público com êxitos como Why Do I Feel So Alone e Find Me A Woman. Foi sem dúvida um grande concerto para os fãs de um pop mais psicadélico. Ficamos à espera de termos nomes tão surpreendentes como este no próximo ano, que distinguem o festival e que o colocam num nível superior.
O palco principal fechou com os italianos Go!Zilla, que abriram portas ao palco Eira para um resto de grande noite com Pé Roto, Atomik Destruktor e Pointlist DJ Setlist.
Estes três dias foram complementados com três noites de campismo, onde o ambiente vivido era de alegria, podendo-se ouvir guitarras e cânticos vindos de vários pontos da floresta. Apesar da grande distância a que ficava a pé dos restantes locais e de algumas falhas no próprio espaço, observou-se a formação de uma pequena comunidade festivaleira ao longo destes dias, com momentos de cumplicidade e partilha.
A Engenharia Rádio quer deixar uma palavra de apreço à organização por todos os anos tentar tornar este festival cada vez maior, sem abandonar os seus próprios princípios, conseguindo proporcionar momentos de boa música e integrando as diferentes localidades circundantes e a sua cultura.
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