(No Spoilers) A New Hope 2.0 – Uma Crítica de Star Wars: The Force Awakens

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Sinopse

3 anos após a aquisição dos direitos do franchise Star Wars pela Disney, estreou o muito antecipado Episode VII: The Force Awakens (Episódio VII: O Despertar da Força). Dentro do Canon estabelecido, este filme passa-se 30 anos após a destruição da Segunda Estrela da Morte na Batalha de Endor (eventos que terminaram o filme Return of the Jedi e, como tal, concluíram a Trilogia Original) e o suposto derrubar do Império Galactico concomitantemente com a morte de Imperador Palpatine e a redenção de Darth Vader/Anakin Skywalker (a versão velha e não a jovem que agora circula em Blu-Ray). A realidade que se observou foi o fracturar do Império resultando numa divisão galáctica entre a reestabelecida República Galáctica e o Império Remanescente.

Depois destes largos anos, vemos que, embora a República ainda exista, o Império Remanescente reformou-se num regime designado de First Order (Primeira Ordem), de tal forma militarista, fanático e totalitário que faria Hitler chorar de orgulho. Esta nova potencia interestelar é encabecilhada por um misterioso Supremo Líder de nome Snoke (Andy Serkis), um mestre do Lado Negro da Força, tendo como subordinados imediatos um fanático militar de nome General Hux (Domhnall Gleeson) e um aprendiz de nome Kylo Ren (Adam Driver), o cabeça de uma ordem de adeptos da Força intitulados de Cavaleiros de Ren. E, como a aparência indica, o objectivo desta facção é o dominar e controlo da Galáxia.

Do lado dos bons-da-fita, a Républica está a tentar a combater esta nova ameaça através do desenvolvimento de uma Resistência dentro do seio da First Order, liderado pela General Leia Organa (Carrie Fisher, agora sem o título régio). Dentro do seio da resistência, o filme começa com os passos de um Ás de Pilotagem de nome Po Dameron (Oscar Isaac) e o seu androide BB-8 numa missão à procura da localização de Luke Skywalker (Mark Hamill), que se exilou depois de um falhanço catastrófico na formação de uma nova Ordem Jedi.

No planeta de Jakku, Po recebe a informação que procura de Lor San Tekka (Max Von Sydow), mas é posteriormente capturado por uma força imperial lidrado por Kylo Ren e o Capitão Phasma (Gwendoline Christie), embora ainda tivesse a oportunidade de esconder a informação em BB-8 que consegue fugir a tempo. Dentro desta expedição militar, um soldado imperial de designação alfa-numérica FN-2187 (John Boyega) volta do incidente chocado com a brutalidade da First Order e decide desertar, além de salvar Po de forma a assegurar uma possibilidade de escapatória. Po, agradecido por este acto, rebaptiza o Stormtrooper de Finn, de forma a simbolizar a sua decisão. Infelizmente, a nave que pilotavam foi abatida e despenham-se no planeta de Jakku.

Enquanto isto tudo se passa, BB-8 depara-se com Rey (Daisy Ridley), uma jovem que foi abandonada pelos seus guardiões neste planeta e que agora procura e vende partes de equipamento abandonado de forma a sobreviver, enquanto espera pelo retorno dos pais e uma reunião à muito adiada. Um dia, quando estava a passar pelo mercado de forma a vender partes, depara-se com Finn, agora com o casaco de Po que ele acredita estar morto após a queda, e confronta-o devido às acusações de BB-8. Porém, o encontro é subitamente interrompido quando uma incursão de Stormtroopers os encontra e procede a caça-lo a ele, à Rey e, com especial importância, BB-8, pois o império tem especial interesse em descobrir e eliminar o último Jedi.

Felizmente, os três conseguem escapar através do roubo oportuno da Millenium Falcon, que por acaso estava estacionado à porta do acampamento de sucata em que se encontravam, e procede-se uma busca aérea pelo deserto de forma a despistar as forças imperiais. Porém, os problemas não acabam aí, pois são posteriormente capturados pelo que parece ser um cargueiro imperial. Felizmente e convenientemente, descobre-se que, afinal, foram fisgados pela dupla de Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca (Peter Mayhew). Embora os jovens estão excitados por conhecer o lendário contrabandista e general rebelde, este monumental encontro é interrompido por piratas espaciais que foram vigarizados por Solo (para variar).

Depois de um confronto à boa maneira cowboy (e com a intervenção acidental de criaturas extraterrestres ferais), a equipa é capaz de escapar e procede a sua viagem para o planeta Tokodana de forma a encontrarem-se com Maz Kenata (Lupita Nyong’o), na qual irão ser respondidas as dúvidas da juventude e irá ser traçado o destino desta nova geração de uma Galáxia muito distante.

 

Observações

De forma a contrariar o mais possível aquilo que foi acordado ser o colectivo de erros cometidos pela Trilogia Prequela, este filme inicia a nova era de Star Wars com uma partida bombástica e seguindo a direcção original de ‘’Faster, More Intense’’ com imenso vigor. Este filme começa logo no meio de um conflito que é maior e mais complexo do que as nossas personagens, além de fazer questão de dispensar com a minucia e génese do conflito em questão, além de simplesmente seguir a regra do mau vs bom.

A primeira coisa que se nota logo de imediato é a produção de cenário deste filme, que parece ter sido tele-transportada da década de 70 e interiorizando a talento e visão de Jim Henson o mais possível, dando-se ao trabalho de recorrer a efeitos práticos, cenários, naves e acessórios fantásticos construídos à mão e personagens extraterrestre dadas vida através da magia de máscaras e maquilhagem. Existe muito pouco de computador neste filme e mesmo o que existe só aparece como último recurso ou quando por e simplesmente é impossível de se fazer em físico (até ao dia que se poder construir um Star Destroyer). Quanto à estética tecnológica, não existe muito pouco a observar, para além do estático que existe entre trilogias, dando a este filme o aspecto que nada mudou em termos de engenharia em 30 anos, com a excepção de um upgrade militar aos TIE Fighters da First Order e uma modificação estética dos X-Wings que mais directamente referencia a arte de Ralph Macquarrie (algo feito deliberadamente de forma a invocar a estética da trilogia original).

As personagens é a secção na qual este filme realmente brilha, tornando este novo elenco em clássicos instantâneos para o franchise, garantindo uma ligação pessoal e íntima por parte da geração actual e futura de espectadores de Star Wars. Esta ligação é de um louvar enorme da parte dos performance dos actores todos e da direcção de J.J. Abrams, o realizador. Pessoalmente, gostei imenso de Po Dameron, pois ele ocupa mais familiarmente o arquétipo de Han Solo da Trilogia Original, mas com uma atitude e temperamento muito mais positivo e heroico que lhe dá um carisma e relacionamento com os seus colegas que os liga muito mais como comunidade e família. Mas não gostaria de dizer que os outros protagonistas me deixaram mal, visto que tanto Finn como Rey são excelente personagens que funcionam muito bem no ecrã irão ressonar com o público de uma forma especial e isso deve-se à sua confiança e capacidade como actores. Também devo mencionar a classe superior de diálogo e interação que é fornecido pelo argumentistas Lawrence Kasdan (que anteriormente trabalhou como argumentista em Empire Strikes Back), J.J. Abrams e Michael Arndt, que fornece o material necessário para construir as performances brilhantes deste filme.

Também como observação final acerca das personagens, devo dizer que a velha guarda não perdeu o seu toque e capacidade de interpretar os protagonistas na trilogia original, mas fiquei muito feliz por ver que este filme dava primazia e protagonismo nas aventuras da nova geração e no seu desenvolvimento.

Porém, este filme não é exactamente perfeito, embora as suas falhas sejam poucas. Do lado mais negativo, notei mais o facto que o filme desenvolveu-se de uma forma demasiado acelerada, estando preocupado em estabelecer imenso naquilo que parecia ser pouco tempo. Esta preocupação deve ser algo que tornar-se-á menos notável à medida que veja o filme mais vezes e me habitue ao ritmo da história, mas noto que talvez em comparação com os outros filmes e as suas eventuais sequelas, este irá ter um dos ritmos mais acelerados dentro dos franchise Star Wars. Outro problema advém dos poucos efeitos a computador presentes neste filme, que sofrem um bocado em termos de realismo e integração devido aos cenários físicos e práticos que realçam o pouco de falso presente no filme. O exemplo mais notório disto foi durante o confronto entre Chewie, Solo e os piratas (e dentro disto, achei um desperdício contratar os actores e coreógrafos do filme indonésio ‘’The Raid’’ para papéis que não envolvem confrontos marciais, mas isto é algo de mais pessoal que não afecta a qualidade do filme).

A minha última queixa advém da Starkiller Base, a nova Wunder Waffen da First Order que foi revelada no poster deste filme. Eu não irei entrar em específicos de forma a não contar demasiado acerca do filme, mas só tenho a dizer que para algo de poder e importância tão titânica dentro do panorama galáctico, fiquei um bocado desapontado com a sua introdução e utilização neste filme, tendo sido relegado para algo de demasiado secundário dentro do contexto do enredo.

 

Conclusão

Em suma, quando intitulei este artigo de A New Hope 2.0, essa designação é dado da melhor forma possível visto que este filme honra o legado e continuação de Star Wars utilizando a espírito e valor das lições aprendidas com o Episódio IV de forma a criar algo de novo e interessante para inaugurar a nova era de Star Wars. Como fã da antiga Expanded Universe, estava muito apreensivo acerca deste novo timeline para o universo Star Wars, pois estava à espera de algo de profundamente diferente e original, ou então a adaptação de histórias e personagens que informaram o meu amor e apreciação pelo Universo Star Wars na sua totalidade, além de me sustentar o desejo por mais. Embora não vá receber uma adaptação da Invasão dos Yuzhann Vong, o conflito épico entre Jaina Solo e Darth Caedus ou a inclusão de Mara Jade Skywalker (R.I.P.), este filme entrega-nos um início promissor para uma trilogia que irá remediar as feridas e a azia deixada pela última ronda de filmes, preocupando-se com o estabelecer de personagens memorável e daí criar uma Ópera Espacial para perdurar na memória.

Agora espero ansiosamente para este segundo filme que, espero eu, irá abrandar o ritmo da história e permitirá o desenvolvimento das personagens, as suas relações e a exploração da natureza da Força, algo que realmente torna o Universo Star Wars em algo de verdadeiramente mágico e misterioso.

 

Veredito

4.25/5

Crítica escrita por Tiago Garcia

Nota: A discussão com spoilers deste filme irá ser feito no próximo episódio de Nome a Votar, em princípio na próxima semana. Quem estiver interessado, prestem atenção ao site da Engenharia Rádio ou à página de Facebook do Nome a Votar

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