Review – Darth Vader (2015, Ongoing) #4
O Concílio de Moffs
O Julgamento de:
Darth Vader (2015, Ongoing) #4
Esta nova série ‘’ongoing’’, publicada pela Marvel Comics, é escrita por Kieron Gillien (Über; The Wicked + The Divine), desenhado por Salvador Larroca (Namor Miniseries; X-Men: No More Humans), cores de Edgar Delgado , letras de VC’s Joe Caramagna e capa de Adi Granov. Foi publicado a 8 de Abril de 2015.
Apesar de não poder defender ‘‘Attack of the Clones’’ (acredito ser apenas 60% de um bom filme), eu sempre gostei do terceiro acto na qual vemos a sequência na arena gladiatorial em Geonosis (uma espécie de throwback para os filmes clássicos de aventura que Star Wars é conhecido por homenagear e por seruma das poucas alturas em que o diálogo entre Anakin e Padmé pode ser considerado aceitável) e a batalha que se segue que inaugura o conflito conhecido in-universe como a Guerra dos Clones, referenciado pela primeira vez por Obi-Wan Kenobi em ‘‘A New Hope’’.
Como tal, sabendo que a história desta nova série de tem conduzido para a aquisição de um exército automatizado privado para o protagonista, é conveniente que o caminho de Darth Vader o tenha levado para o primeiro campo de batalha entre o Exército Androide CIS (Confederacy of Independent Systems) e o Grande Exército da República.
O fascículo abre com a chegada de Vader e companhia neste planeta, na qual Aphra explica que tem recebido informação de que uma rainha geanosiana (a última visto que o Império esterilizou o planeta) com posse de uma fábrica de androides e envia 000 e BT-1 em frente de forma a delinear o caminho a seguir para o objectivo. Aphra procura saber mais acerca de Vader e pergunta se alguma vez veio a Geonosis. Naturalmente, temos um pequeno momento de contemplação para o Senhor das Trevas na qual ele lembra-se do momento que teve com Padmé antes de entrar na Arena e procede a relembrar a arqueóloga de que só espera silencio e obediência dela.
Entretanto, enquanto procuram pelo caminho para a rainha, vemos qual a dinâmica entre os dois androides e rapidamente percebemos que 000 é mais do cérebro enquanto que BT-1 é mais do músculo quando eles deparam-se perante versões degradadas e insectóides de Andróides de Combate B1 (o módulo de infantaria mais comum no Exército CIS durante a Guerra dos Clones). Vendo que os residentes não parecem estar com o espírito hospitaleiro, BT-1 procede a dar as suas despedidas aos guardas (com plasma e fogo) enquanto 000 traduz para a sua língua uma observação morbidamente sarcástica antes de proceder para a câmara da rainha.
Aphra e Vader seguem-nos pouco depois e a arqueóloga, ao analisar os restos dos androides destruídos, faz a observação de que, devido à natureza peculiar das modificações, que esta rainha muito provavelmente trata estas criações como a sua progenia em vez de autómatos, visto que está esterilizada e a espécie geanosiana está quase extinta. Numa cena remanescente do filme ‘‘Aliens’’ e reutilizando ideias introduzidas na séries ‘‘The Clone Wars’’, percebemos que a fábrica serve de saco ovário para esta rainha. Visto isto, Vader salta para acção e corta a rainha do seu ‘‘saco ovário’’ com o seu sabre de luz, enquanto Aphra fornece o explosivo necessário para assegurar a escapatória do grupo e a aquisição da fábrica (com a ajuda de uma Nave Real Naboo Tipo-J 327 modificado, um memento da sua vida antes da transição para o lado negro).
Mais tarde a bordo da Ark Angel, Aphra põe a ‘‘fábrica’’ a funcionar e começa a produzir tropas (com um design semelhante à série de Andróides Commando BX) que 000 faz questão de optimizar. Depois de uma troca de opiniões entre Vader e Aphra, 000 avisa que um dos Caçadores de Prémios que contratou (neste caso Black Krrsantan que vimos com Boba Fett no primeiro fascículo) conseguiu encontrar e capturar o agente do Imperador que vimos em Darth Vader #1. Depois de algum bravado por parte desta nova aquisição, Vader delega a função de tortura e extracção de informação a 000, uma função para o qual é programado e especializado. Pouco depois, 000 revela que a identidade deste agente é Cylo-IV (um doutor) e revela que o Imperador tem andado interessado em cultivar rivais de forma a competir com e eventualmente suplantar Vader algo que este último decido retificar imediatamente.
Este mais recente capítulo de Darth Vader destingue-se por sedimentar não só o elenco secundário do protagonista, como também a identidade desta série em geral. Nós conseguimos observar que a relação entre 000 e BT-1 é um paralelo muito directo para a camaradagem entre C-3PO e R2-D2 mas com uma inclinação mais amoral e com uma vertente de comédia negra por debaixo.
De destacar também foi o desenvolver da relação entre Vader e Aphra. Conseguimos ver que Aphra está perdidamente obsecada pelo protagonista, vendo-o como uma figura de admiração e está disposta a fazer de tudo para provar a sua lealdade por ele (acreditando que seja uma causa maior), de tal forma que está pronta para dar a sua vida de forma a preservar o secretismo das actividades do Senhor dos Sith. A sua auto-estima cai de tal forma na sua presença que ela vê-se como um potencial risco para os objectivos do protagonista, dando até mais uma conotação de fanatismo à personagem. Do outro lado, Vader vê Aphra da mesma forma que vê os androides, descartáveis, e só tem olhos para os benefícios e serviços que ela pode dar a longo termo para a sua missão, embora seja possível (isto é mais especulação) que veja nela o potencial para uma discípula e, quem sabe, uma nova aprendiz.
Adicionando o facto de que o Imperador está a treinar adversários especificamente de forma a derrotar Vader, e temos um futuro interessante para a história, na qual além de termos desafios tanto do mesmo calibre como pessoais para o protagonista, também temos relações e dinâmicas interessantes e que se encaixam bem para o trajecto mais negro que seria característica de um vilão de Star Wars.
Do lado não tão positivo, não consegui deixar de notar que o artista Salvador Larroca desenha Vader omitindo o facto de que os olhos visores do seu capacete não são negros como o restante da sua armadura mas possuem uma ligeira tonalidade avermelhada. Este é um pormenor que muitas vezes é esquecido em várias interpretações artísticas da personagem, pois mesmo no filme só se percebe em condições de iluminação específica. Imagino que seja esquecida no desenho, pois é uma característica que não fica tão subtil como no grande ecrã e muitas vezes destaca-se do resto da armadura. Eu só faço a observação agora, pois Vader encontra-se em condições de iluminação e ambiente que normalmente destacariam os olhos mas que não se observa nesta interpretação artística.
Em suma, Darth Vader #4 marca o retorno ao ritmo e qualidade imposto pelo primeiro fascículo e finalmente solidificou o trajecto e personagens da série. As peças estão posicionadas e espero com grande antecipação este primeiro conflito canónico entre mestre e aprendiz Sith dentro do timeframe da trilogia original.
Édito do Concílio:
Julgamos Darth Vader #4 digno de receber
A Vontade do Imperador
(Excelente)
Crítica escrita por Tiago Garcia
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