Los Waves + Gonçalo @ Maus Hábitos (14/11/2014)
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Chegando ao Maus Hábitos, às 22h, via-se algumas pessoas a jantar ou a meditar sobre um copo. A esta hora já não chovia, o que indicava uma noite convidativa para sair. Pelas 23h abre a porta da sala de concertos e as poucas pessoas que o esperavam começam a entrar, sendo suficiente a lotação das mesas presentes. 20 minutos depois entra em palco Gonçalo (ou “Os Sérgios, ou “Os Queijos”, como viemos a saber mais tarde) e a plateia começa a compor-se.
O grupo é um trio de guitarra, teclado e bateria. O guitarrista mune-se de uma pedaleira de loops e de mais pedais de efeitos, fazendo destes uma utilização moderada e íntima, com que faz chorar o delay da guitarra não distorcida. Intimidade é, de facto, um dos termos que mais se adequa ao conjunto. Os vários loops de guitarra são por vezes indissociáveis das teclas, cujo instrumentista manipula com cuidado e conhecimento os muitos botões de que dispõe. O baterista faz a ponte, importante para acompanhar a frequente complexidade de compassos irregulares, mas não deixa de ter um papel interventivo e progressivo.
Entrevista com Gonçalo:
(O intervalo foi bem passado, ao som de Led Zeppelin e Black Keys)
Durante os cerca de 30 minutos de intervalo foram entrando mais pessoas, que ao aquecerem a sala preconizavam o ambiente que se viria a testemunhar a seguir. Por que Los Waves é rock. E estão do surf, para usar esse adágio. O quarteto é típico – baixo, bateria, guitarrista/teclista e vocalista/guitarrista. O primeiro tema apresentado um riff forte de hard rock, que contrasta com a ambiente soalheiro da música seguinte, de acordes lardos, que cativa a dança do público, com apontamentos inesperados do baterista, que faz vibrar pratos do Maus Hábitos para o mundo. O vocalista anuncia que o ritmo vai acelerar, e de facto o cabelo dos membros da banda começa a colar às cabeças. Os Los Waves levaram público ao rubro quando tocaram os êxitos “Strang Kind of Love” e “Darling”. É interessante testemunhar a dinâmica interna da banda, que aparente conciliar o concerto com a música que fazem para si mesmos. Talvez desta relação sejam frutos os temas – instantaneamente familiares mas sem lugares-comuns – que podiam ser hinos de um qualquer verão, até daqueles que existem à chuva de novembro.
Texto: Gonçalo Cabral Ferreira
Fotografias: Gonçalo Cabral Ferreira / Manel Fernandes
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