Reportagem SonicBlast Moledo 2014
Sol, praia, piscina, skate, surf e, claro, muito rock. Era assim anunciado o SonicBlast Moledo 2014 e foi assim que a localidade minhota recebeu um público fiel ao hard rock, constituído em grande parte também por espanhóis nortenhos. A freguesia de Moledo transformou-se por uns dias no próprio festival. O que poderia parecer à primeira vista uma desvantagem, como a distância do recinto ao campismo, revelou-se uma forma de potenciar o convívio entre os festivaleiros e destes com a população local. O recinto é algo de único na cena dos concertos e festivais – de um lado da rua (de trânsito cortado) o palco da piscina, no agradável relvado do Centro Cultural e com uma grande piscina que oferece uma forma refrescante e bem posicionada de ver os concertos; do outro, o palco principal, também ele num extenso relvado. É também muito bem conseguida a distribuição das bandas pelo horário, que permite ver todos os concertos sem se perder nada. Pelo meio, trocam-se impressões junto às mesas da zona de alimentação ou peregrina-se até aos carros, bem recheados de comes e bebes.
O primeiro dia começa na piscina, e para receber aqueles que já tinham trocado o bilhete pela pulseira, montado a tenda e vestido os calções de banho, estavam os Solar Corona, banda originária da capital do novo rock português, Barcelos, e vencedores do Guitarmageddon de 2013. Abrem para um público sentado, que arrisca alguns banhos na piscina, acabando com uma cover de Metallica.
Com pouco tempo de transição, entram os Acid Mess, que pouco tempo antes estavam deitados no relvado a apanhar sol. Nota-se este bem-estar em muitas bandas – Church of Misery viram todos os concertos da parte da tarde aproveitando a sombra junto à piscina, e ao início da noite, casualmente sentados num muro, os Blues Pills atraíam as atenções do público. Com uma bateria muito interventiva e solos de guitarra com apontamentos canónicos, os Acid Mess dão um bom concerto, em que também fazem uma cover do tema “I Want You”, dos Beatles.
No final dos concertos da piscina, apresentam-se os Jibóia, que sendo um duo de bateria e guitarra/teclados/programações se revelam uma mistura de rock com música de dança eletrónica, com recurso a batidas afropop e loops. Destaca-se a boa utilização dos pedais e do processamento de voz.
Abrem o palco principal os Burnpilot, às 19h em ponto. A banda dá o mote para o crescendo que será o resto da noite.
Já com muito mais público, entram os Prisma Circus, banda catalã que apresenta o seu album Reminescences, enquanto o Sol se despede. É um hard rock que diz algo novo a cada compasso, com toques progressivos. Do baixista/vocalista emana uma energia e presença em palco que contrastam com o guitarrista – o que não o impede de fornecer alguns dos solos mais intensos que se ouviram em Moledo – , acompanhados por um baterista que para nossa alegria faz muito mais que meramente marcar o tempo.
A primeira voz feminina do festival faz-se ouvir em The Bellrays. Com um registo novo no palco principal, a banda mistura muita soul com um rock bem consolidado e dançável, e apesar da vocalista perguntar repetidas vezes “Is this a rock show?” , não poderá certamente queixar-se da adesão do público, num recinto já cheio.
Sobem ao palco principal uma das bandas mais influentes de Barcelos, os Black Bombaim. Apesar de debitarem um rock menos rítmico que a banda anterior, foram muito aclamados pelo público, uma vez que para muitos são já uma banda de culto.
A noite chega ao fim com Church of Misery, uma das bandas mais esperadas do festival. Trouxeram do Japão o melhor doom que existe, durante mais de uma hora em que todos vibraram com a massa sonora que a banda fornecia.
O segundo dia começa com o rock denso dos Búfalo. Apesar de começarem às 15h, no relvado já se adivinha uma maior ocupação que no dia anterior, o que vem a confirmar-se no final da tarde.
Após um engraçado soundcheck, entram Los Saguaros, que enchem a piscina com uma sonoridade psicobilly e contagiante.
Chegada a hora de Stone Dead, percebe-se que são uma das bandas mais esperadas da tarde. Dão um bom concerto com bom hard rock, que cativa muito a assistência.
Encerrando o palco da piscina do SonicBlast 2014, tocam os Mr Miyagi. A banda de Viana do Castelo toca para um relvado cheio e é a primeira a ter público em pé nesse palco, já com muito moche e saltos para a piscina. O concerto termina com o vocalista empoleirado no topo da estrutura, deixando um ambiente de grande antecipação para o resto da noite.
Com o Sol ainda longe de se pôr, os Dreamweapon começam a receber o público, muito do qual começa a jantar no exterior do recinto. São poucos e sentados, mas apreciam muito o blues que sai das colunas.
Já com o recinto mais cheio, cabe aos Guerrera a tarefa de pôr as pessoas a dançar e a saltar, o que conseguem com um rock variado e de peso, num concerto que pela sua qualidade pedia mais alguns minutos para se ouvirem mais temas.
Chegada a hora de Blues Pills, o público aproxima-se muito mais o palco e começa a aplaudir sempre que vê, mesmo que ao lado do palco, os membros da banda. E não é caso para menos – a banda de Elin Larsson, a cantora sueca que comunica pelo conjunto, dá um excecional concerto que conhece grande parte das letras, destacando-se o êxito de “Devil Man”. Com músicos que passaram por Radio Moscow, os Blues Pills são uma banda de grande conhecimento técnico e que não deixam desilusões ao vivo. Moledo rendeu-se à voz e ao rock de Blues Pills.
Após um concerto de muita dança, os My Sleeping Karma, uma das bandas de nome mais reconhecível do festival, acalmam a vibração geral, mas não perdem a atenção do público, como se comprova com os aplausos.
Cabem as despedidas aos The Atomic Bitchwax, uma banda com uma extensa carreira e discografia, que não deixa também de apresentar temas novos no concerto. Tocam um hard rock veloz e potente, contrastando com o encore em que fazem um medley de Pink Floyd.
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