Linda Martini – Teenage angst (Ao vivo no Maus Hábitos, 28.03.2014)
Não resisti a recuperar o título de uma das minhas canções de adolescente, já dos tempos em que os Placebo faziam o rock vibrar nos quartos de muitos míudos como eu. Linda Martini são, sobretudo, a bandeira alternativa que os recém apreciadores de música fazem questão de agitar, com raça e orgulho. Com as saudades dos tempos de garagem, onde palcos como o do Maus Hábitos eram a ementa habitual, o quarteto regressou às origens, celebrando-o com três concertos únicos. E nós estivemos lá para te contar como foi.
Certamente foram muito poucos os repetentes da matéria dada pelos Linda Martini, quando há 9 anos deram o seu primeiro concerto no Porto, no Hard Club. Agora que saíram do casulo de banda de culto, apesar de manterem bem vincada a sua personalidade e valores musicais, o Maus Hábitos viu-se pequeno para receber tantos fãs deste agora quarteto vindo de Lisboa.
E dificilmente o resultado poderia ser melhor. Queluz menos luz deu início ao certame. Em seguida passearam-se maioritariamente pelos dois últimos álbuns de originais. Juárez, Panteão, Pirâmica, Sapatos Bravos, Febril (Tanto mar) e Volta fizeram parte da mostra do último trabalho editado. Mulher-a-dias, Nós os outros, Juventude Sónica e Belarmino Vs, representaram a Casa Ocupada. Houve espaço para os clássicos de sempre, como Cem Metros Sereia ou Ratos, single do mais recente álbum, Turbo Lento, que curiosamente foi dali que saíram os momentos mais energéticos, talvez fruto de uma cadência mais directa (e, talvez mais punk) do próprio registo. Houve tempo para duas covers, primeiro com Scratch the Surface dos “velhinhos” Sick Of It All, onde a veia do hardcore que é evidente no ADN dos Linda Martini se revela com todo o seu esplendor, e ainda um momento curioso com a Cláudia, a baixista “cool” do grupo, a puxar pelas goelas e, num registo bem agressivo e esganiçado, arrancar letra a letra Territorial Pissings dos noventistas Nirvana.
O pior do concerto talvez tenha sido o que o tornou especial: o espaço. Sem dúvida que o Maus Hábitos é um sítio icónico e, para alguns concertos, o ideal, mas o palco demasiado baixo privou grande parte da audiência de assistir o concerto em condições, se bem que foi de louvar o momento em que a Cláudia pediu humildemente para o público sentar, de modo a permitir-lhe rever alguns amigos. Apesar disso, o som esteve quase sempre impecável, a entrega da banda total, e os fãs souberam como se comportar numa sala não muito habituada a empurrões e crowdsurf.
Foi por isso uma noite especial, e sobretudo uma oportunidade para privar mais intimamente com estes autênticos alquimistas da distorção.
Texto: Tiago Magalhães
Fotos: Tiago Cavaleiro
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