Reportagem – Homenagem a Carlos Paredes no Theatro Circo
O nome de Carlos Paredes é incontornável na cena musical portuguesa. O seu som, tão característico, inspirou um número incalculável de artistas e, para assinalar o 10.º aniversário da sua partida, três músicos uniram-se para uma noite que prometia muitas surpresas, onde ninguém sabia o que esperar.
Num Theatro Circo bem composto, uma curta-metragem de Pedro Sena Nunes, com alguma música, imagens e citações de Paredes abriu a noite. Entrou então Luísa Amaro, antiga pupila de Paredes, acompanhada de Gonçalo Lopes no clarinete baixo, que abriu a sua parte com um “mudar de vida”, que se adequava com as dificuldades sentidas em Portugal, hoje. Amaro explicou depois que, sempre que lhe diziam que estavam a aprender a tocar o seu repertório, Paredes respondia que ficava honrado, mas que deviam criar o seu próprio. Assim, Amaro tocou cinco canções da sua autoria, guardando o “Canto de Amor” e “Canto de Rio” de Paredes para o final. Contou pelo meio uma história engraçada de uma viagem de Paredes para e de regresso de um concerto na Covilhã, num set simpático se bem que um pouco lento.
Seguiu-se depois o mais inesperado dos artistas da noite. Adolfo Luxúria Canibal, acompanhado da guitarra de Miguel Silva, recitou um poema de José Jorge Letria, assim como um de José Eduardo Agualusa (sons para instalar um sonho), saindo depois de palco. As luzes voltaram a apagar-se totalmente, seguindo-se um vídeo com o “Canto de Amor”, ouvido pela segunda vez, na noite.
“Muitos guitarristas tocam muito. Paredes tocou-nos muito”, disse Paulo Soares, depois de entrar em palco. O hoje mais famoso tocador de Paredes falou também de Artur Paredes e do caminho que começou a trilhar, seguido depois por Carlos, tocando duas muito mexidas peças de pai e filho, assim como três originais seus, de modo a respeitar o desejo de Carlos. Um set muitíssimo técnico, muito mexido, muito animado.
Regressou então Luxúria Canibal, para recitar uma “canção de contar histórias” de Clara Pinto Correia, assim como um “Cantar de Amigo”. Seguiu-se uma animação intitulada “Abraço do Vento”, para depois regressarem todos os músicos, para uma última canção. Uma bonita homenagem, naquela que foi uma noite de muitas emoções, de muito calor humano, e de alegria, por perceber que a guitarra portuguesa continua em muito boa saúde.
Texto e Fotos: Nuno do Carmo
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