Reportagem – Cass McCombs | Casa das Artes de Famalicão | 18.01.2014
Certas noites, certos concertos, ficam marcados. Cass McCombs visitou a Casa das Artes, em Famalicão, no passado Sábado, depois de dois concertos, em Lisboa e Aveiro. Trazia consigo o seu último álbum, Big Wheel and Others, o sétimo nos últimos dez anos. Um pouco depois da hora prevista, entrou em palco com os seus três músicos, todos vestidos de uma forma casual. A interacção com o público foi quase nula. Começaram, de uma forma descomplexada, o concerto, com uma cumplicidade muito própria, no seu ritmo quase melancólico.
Foram, com o avançar da noite, tocando temas de todo o seu reportório, mas sensivelmente a meio, aconteceu algo inesperado. Uma sequência de músicas que, de uma forma quase a invocar Pink Floyd, foram inebriando o público que ocupava cerca de ¾ dos lugares da Casa das Artes. “Love Thine Enemy”, “Buried Alive”, “Morning Star”, “That’s That” e “Dreams Come True Girl” foram tocadas de uma forma por vezes mais lenta, por vezes mais acelerada, mas sempre com um impacto profundo. Era música no seu estado mais puro, despretensiosa, sentida. Por vezes parecia-se estar mais numa jam session entre amigos do que num concerto propriamente dito, o que explica bem o que lá foi vivido.
Saíram do palco, regressando pouco depois para tocar apenas o já clássico “County Lines” no encore. Foi curto, mas não se pedia mais. Sabia-se que se tinha acabado de viver uma noite verdadeiramente mágica, sem quaisquer adereços, onde as canções falam por elas. É este o dom de Cass McCombs. E quem teve a felicidade de estar na Casa das Artes ficará sempre com memórias de uma noite como hoje já raramente se encontra. Uma noite onde cada pessoa na audiência viajou por lugares bem longínquos, e regressou a casa com um sorriso bem rasgado. Que o regresso seja muito em breve.
Texto e Fotos: Nuno do Carmo
You must be logged in to post a comment.