O Fantasporto mantém-se bem vivo no certame cultural da cidade do Porto. No Teatro Rivoli, a habitual casa mãe do evento nos tempos que correm, não encheu mas esteve bem composta para assistir ao excelente arranque desta 33ª edição do festival, fruto da genialidade da obra de René Laloux, com o toque musical dos Beautify Junkyards.

Apesar dos problemas económicos que afetam todos os portugueses, muitos portuenses fizeram questão de saudar pessoalmente mais uma edição do Fantasporto, farol nortenho dos amantes de cinema mais alternativo. Coube a Le Planéte Sauvage, obra marcante da ficção científica dos anos 70, as honras de abertura desta semana do pré-fantas, numa homenagem ao 40º aniversário da obra de René Laloux. Se a possibilidade de visualizar o filme numa sala de cinema tão confortável quanto o grande auditório do Rivoli não fosse, só por sí, razão de interesse quanto bastasse, a película contou com o assinalável talento dos Beautify Junkyards (novo projecto de alguns ex-Hipnótica) a dirigir e interpretar a banda sonora, providenciando não só o tom certo para cada cena, mas também manifestando todos os outros ruídos, fruto da ação do filme.  Uma interessante fábula espacial, que conta a história de duas civilizações em choque, os evoluídos Draags e os mais primitivos Oms, e de um heroí, o Om Terr, a chave para a resolução do conflito entre ambas as raças. No final, ovação mais do que merecida, a acompanhar a saída simples e despretensiosa do conjunto, por ventura até algo tímida. No final, os 72 primeiros minutos desta edição abriram, e muito, o apetite do que ainda está para vir. E, já dia 8 de Março, poderá rever imperdível obra de Laloux, pelas 19 horas, na mesma sala.

Texto: Tiago Magalhães