Reportagem a The Epic Industrialist Tour @ Hard Club – Porto

E foi no passado dia 18 de Novembro que a ansiada tour “The Epic Industrialist” encabeçada por Devin Townsend Project e Fear Factory passou pelo Hard Club, no Porto. A tour era de facto muito esperada pelos fãs das duas bandas pois seria a 2ª vez que Devin Townsend vinha atuar em Portugal e a primeira na cidade do Porto, já os Fear Factory há 6 anos que não regressavam ao país.

DunderbeistOs primeiros artistas a subirem ao palco foram os Dunderbeist, uma banda de rock mais pesado proveniente da Noruega. Infelizmente, sendo a banda de abertura, o Hard Club ainda estava apenas com meia casa. Mas Torgrim Torve, um dos vocalistas do grupo, foi contagiando a audiência proclamando euforicamente o nome da banda sempre que possível. A banda, que também trouxe diversos adornos de palco, aproveitou para promover o seu mais recente álbum, tocando alguns temas desse “Black Arts & Crooked Tails”, que sairia oficialmente para venda no dia seguinte. O seu rock pesado e enérgico, porém melódico, deixou a sua marca no público presente que foi aplaudindo a sua curta actuação de 30 minutos.

E eis que chega a hora de Devin Townsend Project, o músico versátil responsável também pela produção e gravação dos seus álbuns. Regressou a Portugal para mais um concerto cheio de momentos de humor, começando ainda antes do concerto em si se iniciar. Na altura em que os roadies se encontravam a preparar e testar o material de palco, eis que desce uma tela de projeção, mostrando diversos clips cómicos da autoria do próprio Devin. Já aquando da sua passagem pelo Vagos Open Air 2011 nos tinha presenteado com a sua Ziltoid Devin TownsendRadio, tocando “grandes hits” dos anos 90 como Barbie Girl dos Aqua. Soundcheck terminado e eis que a banda começa com “Supercrush!”, passando por temas mais antigos como Life ou Truth. Devin Townsend teve sempre uma excelente interação com o público, mandando constantemente as suas piadas entre as músicas, ou cativando o público como o fez antes de tocar o seu mais recente single “Lucky Animals”, onde Devin pediu que o público fizesse o gesto “jazzy hands” sempre que se ouvisse um certo verso da mesma música. No final Devin Townsend tinha planeado como música de encerramento do concerto tocar a “Deep Peace”, mas visto que existiam pedidos para tocar a “Planet of the Apes”, Devin deu a escolha ao público. Mesmo dizendo em tom de brincadeira que a segunda música era “a very difficult song to play”, a verdade é que Planet of the Apes acabou mesmo por ser a música de encerramento, onde mais uma vez foi acompanhada de um vídeo cómico na tela de projeção, figurando um fantoche de Tommy Giles Rogers, vocalista dos Between the Buried and Me, que tinha participado como vocalista convidado na gravação dessa mesma música. E assim Devin Townsend abandonou o palco, cumprimentando todos os fãs que se aproximaram da primeira fila, prometendo regressar em breve.

 

Apesar do concerto de Devin ter agradado bastante o público que na altura já enchia a sala, era pelos Fear Factory que muitos dos presentes ansiavam. A banda norte-americana teve um percurso de carreira que acabou por ser bastante influente, tendo começado por misturar sonoridades e ambiências industriais com a música extrema death metal. Mal a dupla Dino Cazares e Burton C. Bell entraram em palco ao som de “The Industrialist”, os fãs presentes movimentaram logo a sala, saltando ferverosamente e abrindo “moshpits” que duraram todo o concerto. Com mais dois membros recém entrados para a banda Fear Factoryos FF são atualmente uma banda assente na voz de C. Bell e na simples, porém bem trabalhada, composição de guitarra de Dino Cazares, que são também os únicos membros que subsistem da formação clássica. Com o novo álbum “The Industrialist” na bagagem não evitaram revisitar um pouco de toda a história diversificada da banda, desde os álbuns com Death Metal na equação com temas como “Scapegoat” ou “Demanufacture”, assim como passagens pelos anos 2000 e com eles a acentuação do som industrial na banda e fusão com um som mais moderno evidente em músicas como “Linchpin”, em que o público cantou em plenos pulmões o seu refrão orelhudo, dando também uma grande passagem por um dos álbuns mais bem sucedidos dos FF o “Obsolete” com malhas como “Shock” ou “Edgecrusher”, entre outras. Assim foi prosseguindo o concerto sempre com boa interação da banda com o público e de vez em quando uma dica do C. Bell para os que estavam a gostar darem uma oportunidade ao novo álbum, há que se fazer promoção quando se tem oportunidade. Chegando à recta final os FF tinham guardado as “bombas” do “Demanufacture” que descarregaram sobre o público sem dó nem piedade, feito esse retribuído pelo acentuar do circle pit da parte do público, terminando na “Replica” e um ar de trabalho bem cumprido por parte do Dino.

Texto: Ivo Leitão e Diogo Oliveira

Fotos: Diogo Oliveira