3º Dia – Optimus Primavera Sound. 09.06.12
Ao contrário dos dois primeiros dias de sol, este foi tempestuoso e poderia ser bem pior não fosse S.Pedro ter pena das inúmeras pessoas que se encontravam neste terceiro dia do Optimus Primavera Sound, e que mesmo com estas condições climatéricas não deixavam de ver concertos (em número mais reduzido) ou mesmo de entrar no recinto a um ritmo razoável. Era esperado um dia mais calmo, onde os nomes de destaque iam para os Kings of Convenience ou os The XX. Desde o princípio deste dia de festival até aproximadamente ao fim da primeira parte do Portugal-Alemanha não parava de chover, onde se poderia ver no recinto inúmeros guarda chuvas entre o público, como por exemplo no concerto de Spiritualized, onde a chuva caía cupiosamente e que desta maneira não criava as condições necessárias para assistir ao mesmo. Um dos nomes mais esperados do dia, os Death Cab for Cutie foram outros dos afectados pela imensa chuva que teimava não parar, cancelando o concerto devido a uma inundação do Palco Primavera. Ao mesmo tempo que se recebia a notícia do cancelamento dos Death Cab for Cutie inúmeras pessoas assistiram à derrota de Portugal frente à Alemanha num ecrã mediano que se encontrava na zona da alimentação, onde de bom só pudemos ter a paragem da chuva.
Lee Ranaldo apresentava o seu album a solo intitulado “Between the Times and the Tide”, um rock distorcido que me fez lembrar bastante uns Dinossaur Jr ou Neil Young, aparecendo a influência dos Sonic Youth apenas em alguns momentos. É de registar que o momento mais alto e aí sim, chega até a soar bastante bem, o single “off the Wall”. Um projecto simpático que passou assim pelo Palco ATP (All Tomorrow Parties).
Rumando de seguida ao Palco Optimus, desta vez sem chuva, ameaçando apenas com algumas pingas, pisavam o palco os Kings of Convenience. Erlend Øye E Erik Bøe abrem com “My Ship Isn’t Pretty”, depois Erlen diz-nos que não é a primeira vez que está no Porto (pois já tinham estado na Casa da Música), depois alteram seus planos de alinhamento e tocam a “I Don’t Know What I Can Save You From” muito por culpa da música bem alta dos Dirty Three do Palco ATP que se encontrava a atropelar o seu começo acústico, situação esta que viria a ser resolvida mais tarde com a entrada da restante banda. Erlend Øye sempre muito simpático diz ter sido o culpado por ter trazido o mau tempo consigo. Entre o alinhamento de aproximadamente uma hora e pouco contamos com “homesick”, “toxic girl”, “Failure”, “misread”, entre outras bem nossas conhecidas. Acabariam por tocar a tão clássica “I´d rather dance with you”, fazendo desta maneira o melhor concerto do dia.
Depois houve ainda tempo para passar pelo palco dos Washed Out e sua música synth-pop bem elaborada no palco 4, Saint Ettiene a dar mostras que a música que fazem já está fora de moda, e uma boa surpresa no palco ATP com os “forest swords” a caminharem entre o trip-pop e o drum n´bass sempre com uma componente cénico-sincronizada, onde imagens a preto e branco acentuavam a sua tão interessante actuação.
Tempo agora para fecharmos com um x esta reportagem, ou melhor com dois xx, banda esta que têm um enorme culto entre nossas terras. Um enorme X encontrava-se no meio do palco escuro, e onde as luzes azuladas e roxas começavam por iluminar uma razoável prestação. O som começou por estar baixo demais, o que nos dificultou uma envolvência maior, e só chegou a estar resolvido passados algumas músicas, pois era notória a diferença no final do mesmo. O repertório não é vasto, e daí que não perceba o porquê de serem cabeças de cartaz (mas isso pelos vistos também não interessava neste festival pois a média de actuação anda pela 1h). O look era escuro, e até tenho que admitir que fica cool, pois se acho que há coisa que resulta neste projecto é o cuidado visual do mesmo, já a sua música é um bocado repetitiva o que a meu ver não resulta em concertos de festival. Começaram com a bem calma “devotion” de “coexist” que ainda está por sair. Seguiu-se “islands” e logo a multidão reagiu de forma efusiva, “heart skipped a beat” acalmou as hostes e depois tivemos “friction” e “basic space” mostram-nos uns xx mais electrónicos e com uma batida bem mais forte, deixando aquele lado mais melancólico e calmo mais de lado. Voltaram ao primeiro registo homónimo com “vcr”, uma versão acústica de “cristalized”, “fantasy” e “shelter”, e é notório que este álbum é realmente mesmo muito conhecido, desde a primeira à última música, pois o público entoava em jeito de coro as músicas tão tristes e negras dos The XX. “night time”, “i´ll take care of you”, “closer”, “intro” e “leave” abriam caminho ao final com “stars”, não deixando mesmo espaço para um encore, o que deixou a multidão fiel e devota um pouco desiludida.
Assim se passou mais um dia no Parque da cidade, onde a Organização nos disse que passaram por volta das 70 mil pessoas nos três dias, e assegurou desta maneira uma edição para o ano que vem. Nota positiva para a organização mesmo tendo havido alguns pormenores que poderiam ter sido pensados antecipadamente, como é o caso de inexistência de sítios com coberturas no terceiro dia bastante chuvoso ou a ausência de uma marca de café no recinto, mas estamos certo que no próximo ano serão corrigidas.
texto: Manuel Magalhães. fotos: Hugo Lima/Optimus Primavera Sound