Reportagem 32ª edição Fantasporto 2012
E eis que terminou no passado dia 4 mais uma fantástica edição do Fantasporto, festival internacional de cinema do Porto, que por 14 dias trouxe à invicta cinema de todo o mundo.
Esta edição teve como tema principal “O Futuro Agora”, tendo sido explorado em 18 filmes e 26 conferências, o que levou ao Rivoli vários oradores das mais vastas áreas para falarem sobre o futuro em diferentes valências para além da económica. E nada melhor do que a comemoração do 30º aniversário do Blade Runner , filme que foi exibido em antestreia no festival em 1982, para o trazer novamente aos ecrãs do Fantasporto, narrativa que se enquadra também perfeitamente na temática abordada. Uma das novidades desta edição e que remete mais uma vez para o futuro, foi a exposição de hologramas no átrio do Rivoli, criados por docentes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e oferecidos pela mesma instituição. A holografia, técnica originária dos anos 40 é até hoje a única técnica conhecida para a projecção de uma imagem em 3D, mostrando assim o seu caráter inovador. “Se uma imagem vale mais que mil palavras, um hológrama vale mais, porque é trimensional”, palavras proferidas pelo professor Hélder Crespo, docente na Faculdade de Ciências, numa conferência de imprensa do festival, e que fazem jus ao que foi demosntrado. Num total foram expostos 15 hologramas, tendo sido feito um propositadamente para o Fantasporto, alusivo ao filme Blade Runner. Um holograma bastante raro, com 7 metros de profundidade. Ainda na temática de “O Futuro Agora”, foi lançado o livro “Antologia de Contos de Ficção Científica – Fantasporto 2012”, livro emergente do Concurso de Conto Fantástico realizado no âmbito do Fantasporto 2012.
A praça D. João I também ganhou um novo ponto de interesse. Mesmo em frente ao Rivoli, foi inaugurada uma mega escultura do artísta plástico Aureliano, “O Dragão”, uma iniciativa do Cinema Novo, organização do fantasporto, e da Câmara Municipal do Porto. O dragão, figura bastante aclamada na mitologia, representa resistência às adversidades, para além de ser muitas vezes protagonista de contos.
De volta ao cinema, esta edição não teve “Oriental Express” como tem sido habitual, mas a qualidade dos filmes não o justificavam. Por outro lado abriram-se as portas ao cinema turco e da Croácia. No que diz respeito a filmes nacionais, foram exibidas 81 obras, o que corresponde a cerca de 20% das sessões, mostrando mais uma vez que o que é feito em Portugal tem muita qualidade. Este ano foram envolvidas escolas de cinema nacionais a concurso, promovendo assim jovens talentos e permitindo o contacto entre as mesmas instituições. O prémio de Melhor Filme foi entregua a “Nada Fazi” de Filipa Reis e João Miller Guerra, já o Prémio de Melhor Escola de Cinema portuguesa ficou a cargo da Universidade Católica do Porto. O cinema português já há muito que conquistou o seu lugar neste festival. Desde 1981 que os organizadores trazem a produção nacional ao Fantasporto, com filmes que geralmente são feitos para o público, mostrando a ligação entre o realiazador e o espectador.
Feitas as contas, passaram pelo Rivoli um total de 406 filmes em 188 sessões, onde 90% foram antestreias absolutas em Portugal, e 6 longas-metragens tiveram estreia mundial no Fantasporto. Os filmes ditos “fantásticos” ocuparam 14% das sessões.
Para além do 30º aniversário de Blade Runner, também 40 anos do filme “Get Carter” foram comemorados, sendo exibido em cópia restaurada pelo British Film Archive e que trouxe ao Porto o realizador Mike Hodges. Os 100 anos de Adam Stoker não foram esquecidos, tendo sido celebrados com a exibição em duas sessões duplas de “Drácula” e “Nosferatu”.
Os convidados foram mais que muitos! Para além de Mike Hodges, esteve também na invicta o actual director russo dos estúdios Mosfilm, Karen Shakhnazarov , tal como o realizador português António-Pedro Vasconcelos, que foi homenageado com o Prémio Carreira Fantasporto 2012.
Joe Cornish, argumentista de “Tintim” de Steven Spielberg, também passou pelo Rivoli, para apresentar a sua realização “Attack the Block”, assim como a israelita Hagar Ben Hasher, realizadora do sensual “The Slut”. O primeiro filme de zombies cubano “Juan de los Muertos” trouxe ao Rivoli o seu protagonista, Alexis Diaz de Villegas que arrecadou o Prémio de Melhor Actor, e Alejandro Bruguès, que recebeu o Prémio de Melhor Argumento.
O realizador Kike Mailló, trouxe ao Fantasporto o filme catalão “Eva”, já com várias nomeações para os Goys, e ganhou o Prémio de Melhores Efeitos Especiais e o Inspiration Award do International Film Guide, para uma primeira obra. Ainda em espanhol, o realizador Juan Martinez Moreno é galarduado com o Prémio Menção do Júri Internacional, com o filme Lobos de Arga.
O jovem realizador nacional Artur Serra Araújo, regressa ao festival. Depois de ter arrecadado o Prémio Especial Do Júri da Semana dos Realizadores em 2007, com “Suicídio Emcomendado” a sua longa-metragem “A Moral Conjugal” faz com que o realizaor repita o galardão.
Entre os filmes premiados, para além dos referidos, saltam também à vista a comédia agridoce “Chinese Take-Away” de Sebastián Borensztein, que arrecadou o Prémio de Melhor Realizador. Já o drama “Lena”, de Christophe Van Rompaey, ganhou uma Menção Especial do Júri que afirmou que o realizador “mostra uma voz muito especial através dos seus filmes”, e a protagonista Emma Levie recebeu o Prémio de Melhor Atriz Semana dos Realizadores.
Mas os grandes vencedores desta edição foram o alemão “Hell” e o bulgaro “Avé”. O filme de Tim Fehlbaum arrecadou o Grande Prémio Melhor Filme Fantasporto e o Prémio de Melhor Actriz para Hannah Herzsprung, já o de Konstantin Bojanov ganhou o Prémio Melhor Filme Melhor Argumento da Semana dos Realizadores 2012.
Contornando os problemas financeiros que se fazem sentir por toda a europa, e com apenas 2 dos 10 patrocinadores que este festival teve outrora, a organização conseguiu manter o nível ao qual estamos já habituados, neste que foi um ano exepcional em termos de perfeição, onde foi cumprida sem precalços, uma agenda multicultural bastante vasta. A nível de preço, os bilhetes aumentaram para os 5 euros (primeiro aumento em 15 anos), o que não impediu que o número de espectadores face ao ano passado fosse batido, estando as sessões com uma lotação constante. É isso que faz com que este festival seja considerado pela revista “Variety” com um dos 60 festivais mais importantes do mundo, e que seja reconhecido pela International Film Guide.
Por agora, resta-nos esperar pela próxima edição, já com datas marcadas para 18 de Fevereiro a 3 de Março de 2013.
A ER teve oportunidade de cobrir algumas sessões. Podes ver as críticas aqui:
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