Os concertos estavam agendados para as 17h00, tendo sido a banda de abertura os portugueses Revolution Within, oriundos de Santa Maria da Feira. A banda debitou um Thrash Metal moderno e contagiante, apresentando temas do seu álbum de estreia “Collision” bem como dois temas do próximo trabalho a ser editado. O relativamente pouco público ainda presente aderiu em força ao concerto tendo participado inclusivamente numa “wall of death” a pedido da banda. Seguiram-se os vila-condenses Crushing Sun. Esta banda apresenta uma musicalidade algo diferente, praticam uma vertente de death metal carregada de groove e repleta de ritmos mais “estranhos”, porém bastante contagiantes. O seu reportório incidiu em grande parte no seu aclamado ábum de estreia “Tao”, tendo encerrado o concerto com uma faixa mais antiga “Longoria”.
Após este concerto, as bandas estrangeiras tomaram o palco de assalto. Os primeiros foram os dinamarqueses Essence, uma banda jovem, porém que debita um Thrash da velha guarda dos anos 80. Os Essence lançaram este ano o seu álbum “Lost in Violence”, tendo incidido grande parte do espectáculo sobre o mesmo, cativando o público com um incansável headbanging. Headbanging que passou a caos (no bom sentido) quando entoaram os acordes da cover de “Raining Blood”, um tema histórico da banda norte-americana Slayer.
Os britânicos Anathema trouxeram mais uma vez na bagagem o seu ultimo registo, “We’re Here Because We’re Here”, lançado no ano passado, e que ocupou o inicio da actuação da banda de Liverpool. No entanto, não esqueceram os tão aguardados clássicos da banda, fazendo as delícias dos presentes. “Closer”, “A Natural Disaster”, “Deep”, entre outros, puderam ser ouvidos por quem la esteve. Apesar dos problemas técnicos que interrompeu a musica “Empty” três vezes, a banda não deixou que o publico se desligasse, mostrando sempre a sua ja habitual simpatia.
Quando a actuação acabou, sucederam-se alguns minutos de espera, de forma a que os problemas técnicos devido a falta de electricidade ficassem resolvidos. Espera que valeu a pena, dado que os concertos seguintes correram na perfeição.
Uma hora depois, eis que começam os primeiros acordes de “Fireflower”, sendo a vez dos suecos Tiamat comandar um dia que ja se afirmava longo. Trouxeram o seu Gothic Metal ao recinto, onde riffs soturnos e pesados se misturaram com a voz peculiar de Johan Edlund, este que comecou por pedir desculpas pelo atraso. A banda, com mais de 20 anos, conta ja com um longo reportório, que esteve quase todo presente na 1:30 horas de actuacao. Temas como “Children Of The Underworld”, “Cain”, “Cold Seed”, “Gaia”, são exemplo de musicas que por la passaram, num concerto que deixou os fãs em êxtase.
Para fechar as actuações do primeiro dia de festival, eis que entra em palco Mikael Åkerfeldt e os “seus” Opeth. Abriram as hostilidades com o tema “The Grana and Conjuration” faixa-título do respectivo álbum de 2005 para delírio dos fãs. Mikael é um frontman bastante carismático, sempre com boa disposição e bastante interacção com o público. O seu concerto em Vagos não foi diferente, com Mikael constantemente a mandar piadas e a incentivar o público. O seu reportório incidiu maioritariamente na fase mais recente da banda (a partir do seu álbum de 2001 Blackwater Park), com a excepção do bonito tema “Face of Melinda” de 1999. O concerto terminou com Deliverance, uma das faixas mais rápidas e pesadas da banda, para delícia dos seus fãs. Não fizeram no entanto, nenhuma antevisao a “Heritage”, álbum que será lançado já no próximo mês de Setembro. A festa prosseguiu pelo recinto, nas barraquinhas do merchandising e na própria zona do campismo pelos festivaleiros.
Passando para Sábado, os concertos deram início mais uma vez com duas bandas nacionais. Os primeiros foram os lisboetas We Are the Damned que debitaram o seu death metal com influências da escola sueca e crust punk, tendo promovido o seu mais recente trabalho “Holy Beast”. Destacam-se a cover de “Into the Crypt of Rays” dos suíços lendários Celtic Frost, bem como o tema “Devorador dos Mortos”, onde o vocalista Ricardo Correia lamentou o facto de videoclip ser impróprio para passar na televisão nacional. Seguiram-se os Malevolence, uma banda oriunda de Leiria, também com raízes no Death Metal mas que estava inactiva desde 2003, tendo regressado aos palcos neste mesmo festival. Tocaram vários temas ao longo da sua carreira, tendo inclusivamente revisitado as suas origens com “Dominion of Hate”, tema da sua demo tape de 1994.
A primeira banda estrangeira a actuar neste dia foram os finlandeses Kalmah. Pela primeira vez em terras lusas, contagiaram os fãs e os que ainda não os conheciam, logo desde o início com a “Hook The Monster” retirada do seu último album, lançado em 2010. Ao longo da sua actuação notou-se uma influência constante dos seus compatriotas Children of Bodom, com teclados melódicos aliados a riffs bem pesados. Pouco tempo depois dos Kalmah terem abandonado o palco, entrou em cena Ihsahn com o seu projecto a solo. Ihsahn é um dos músicos mais conceituados no panorama do metal extremo, devido aos “seus” Emperor, uma das mais importantes bandas de black metal do movimento norueguês. Os Emperor esses, que não faltaram no seu reportório no Vagos Open Air, tendo tocado 2 temas dos mesmos (The Tongue of Fire e Thus Spake the Nightspirit). O seu projecto a solo assenta numa sonoridade mais progressiva e vanguardista, mantendo as suas raízes no black metal. Ihsahn é um músico multi instrumentalista, mas que nas suas actuações ao vivo traz consigo os músicos de “Leprous”, uma banda de metal progressivo também norueguesa. Deram um concerto bastante competente, os músicos têm qualidade e apesar de Ihsahn trazer na algibeira o seu último álbum lançado neste ano, o concerto percorreu todos os seus 3 álbuns a solo, para além das covers de Emperor acima citadas.
A estrear-se em terras lusas esteve também o músico multi-facetado Devin Townsend. Devin Townsend é um artista muito versátil e criativo, sendo capaz de fazer a música mais calma do mundo e segundos depois explodir para um caos incrível. Devin Townsend faz isto com mestria ao longo dos vários projectos a solo (e bandas) por onde já passou, sendo assim um dos concertos mais aguardados por muitos fãs em Portugal. Devin Townsend acima de tudo, é um músico bem humorado. Ainda na altura do sound-check diversas fotomontagens cómicas com a cara do artista foram passadas nos ecrãs laterais, tudo isto ao som da “Ziltoid Radio”, que passava os “melhores” temas das discotecas dos anos 90 (Vengaboys e “Barbie Girl” dos Aqua por exemplo). Mas eis que após os preparativos a banda entra em palco e Devin Townsend presenteou o público com um concerto vibrante e repleto de personalidade. Trouxe temas de muitos álbuns da sua carreira, desde os recentes Deconstrudion e Addicted, passando pelo Infinity, Physicist, Terria entre outros, como o tão aclamado Ziltoid the Omniscient.
Para fechar o festival, à semelhança do ano passado a organização escolheu uma banda histórica do Death Metal, nomeadamente os Morbid Angel, provenientes da Florida, EUA. Possuidores de um catálogo de músicas invejável, debitaram muitos clássicos como “Immortal Rites”, “Sworn to the Black” ou “Chapel of Ghouls”. Visto o vocalista/baixista David Vincent ter estado vários anos fora da banda (tendo reingressado em 2004), a setlist incidiu nos álbuns em que o mesmo gravou. A excepção foi de “Bil Ur-Sag”, um tema do álbum “Formulas Fatal to the Flesh” de 1998. Também esteve presente o mais recente trabalho “Illud Divinum Insanus”, lançado muito recentemente e que está a ser bastante polémico entre os fãs. Contudo as faixas que escolheram tocar neste concerto resultaram muito bem. A banda como um todo esteve irrepreensível, destilando uma violência sonora de tal ordem para delírio da multidão presente. Especial destaque para o guitarrista fundador da banda Trey Azagoth que foi uma autêntica máquina nas 6 cordas. Foi sem dúvida um final apoteótico para mais uma edição do Vagos Open Air, festival que tem vindo a crescer ao longo dos anos e que tem imenso potencial para o futuro. Venha o próximo!
Texto: Ivo Leitão e Patrícia Jerónimo
Fotos: André Henriques http://www.ahphoto.pt.vu/
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