Noites da Queima do Porto 11 – Dia 5
Tradicionalmente, as quartas-feiras das noites da Queima das Fitas são uma incógnita. Por norma, a afluência do público geral é fraca, restando os estudantes para fazerem a festa. Mas, claro, como para todas as regras, existem excepções. Numa jogada bastante inesperada, a FAP garantiu uma das “bandinhas” do momento: MGMT nas noites da Queima aparenta, à primeira vista, um engano qualquer. Se é certo que ano passado o certame contou com nomes consagrados como Franz Ferdinand e Crystal Castles, e se também por outro lado este ano apresentou dois históricos nomes da pop britânica (The Divine Comedy e Suede), MGMT está, provavelmente, no auge de popularidade entre os jovens adultos portugueses. E quando dizemos jovens…são jovens mesmo. O público cingia-se quase somente a adolescentes que foram naquela noite ao queimódromo principalmente para ver a banda de Nova Iorque. Ou melhor, para ouvir temas como “Kids” ou “Time to Pretend”, esquecendo-se que, de facto, MGMT são mais do que isso. São também elaborados e esotéricos, optando por povoar os temas com média intensidade, ao contrário das melodias mais contagiantes dos singles retirados de “Oracular Spectacular”. Por tudo isso, o público dividia-se bem em dois tipos: alguns fãs, com maioria das letras na ponta da língua, e outro bem mais numeroso, que esperaram estoicamente apenas pelos temas que transformaram os MGMT num fenómeno sério de sucesso. Para os mais distraídos, os MGMT estiveram de passagem pelo festival Alive! 08, no palco secundário, onde levantaram relativa curiosidade, mas nunca a loucura constatada em Matosinhos. E quando assim é, fabricar um concerto de festival (e, talvez por ser Queima, a tarefa seja ainda mais herculeana) torna-se um desafio interessante. No entanto, o problema foi mesmo esse. Os MGMT apresentaram-se para o público portuense da mesma maneira que se apresentam em todos os concertos, possivelmente ainda meio confusos por estar num festival bem diferente. “Congratulations” não é, definitivamente, um álbum apaixonante à primeira audição, e ao vivo os MGMT não fazem propriamente um esforço por tornar os seus temas mais dançáveis ou apelativos, simplesmente são suficientemente competentes para reproduzir as suas obras de estúdio. Este facto, aliado a uma presença algo limitada em palco (a comunicação com o público foi algo fraca, mas honesta), exceptuando a correria para os diversos “high fives” no fosso entre o público e o palco, resultou num concerto morno. Como momentos altos, as canções “Kids”, “Time to Pretend” e “Electric Feel” levaram a Queima à loucura. As outras, tais como “Its Working”, “Song for Dan Treacy” ou “Congratulations” foram recebidas com alguma falta de entusiasmo. Em suma, foi giro.
Umas horas antes, para aquecer as hostes, os meninos da casa X-Wife despejaram o seu rock moderno para cima do modesto público que foi ocupando a frente do palco. Sedentos de apresentar o novo trabalho, “Infectious Affectional”, os X-Wife souberam equilibrar muito bem o alinhamento, guardando um espaço para revisitar outros álbuns, apesar da ausência de temas do álbum de estreia de 2004, “Feeding the Machine”. Portanto, apesar de despidos de temas influentes como “Rockin’ Rio” ou “Fall”, os X-Wife mostraram porque são das bandas mais consistentes do panorama musical português. Os novos temas, como o mais recente single “Keep on Dancing” ou “That’s Right” mostram-nos uns X-Wife menos orgânicos e mais focados na electrónica, relegando as guitarradas tão características de Viera para um plano secundário. Houve ainda espaço para canções mais familiares, já praticamente clássicos, como “Ping Pong”, “Realize”, “Fireworks” ou “On the Radio”, que fizeram as delícias de quem esperava uma revisão da matéria dada. João Vieira mostrou-se muito agradado por estar, finalmente, num palco da Queima das Fitas do Porto, perante um público que se apresenta sempre heterogéneo e exigente. João Vieira, Rui Maia e Fernando Sousa passam assim com distinção, com a competência e energia do costume, mas à espera, certamente, de regressar como cabeça de cartaz numa Queima futura. E bem que merecem.
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Já no final de noite, Os Lábios, grupo oriundo de Sintra, actuaram no Espaço Mundos, mas antes de apresentarem o seu pop-rock aos estudantes, concederam uma pequena entrevista.
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Fotos e Reportagem: Catarina Silva e Tiago Magalhães
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