Reportagem Mayhem no Hard Club

 

Corpus ChristiiSeguiram-se os Corpus Christii, uma banda nacional de black metal já com vários anos de experiência e álbuns na bagagem. Os Corpus Christii foram um “bónus” no cartaz do concerto no Hard Club, tendo sido a única banda de abertura de Mayhem na noite anterior no Cine Teatro de Corroios, enquanto que Daemogorgon seria a única banda de abertura no Porto. Foi na própria sexta-feira que os próprios Mayhem abdicaram parte do seu cachet para convidarem os Corpus Christii a tocar também no Porto. Uma atitude surpreendente e louvável por parte da banda norueguesa, sendo que o público portuense ficou a ganhar: a duração dos concertos aumentou uma hora e o preço manteve-se.

Apesar de apresentarem um setlist ligeiramente encurtado face ao de Corroios, os Corpus Christii mostraram porque são uma das bandas de black metal com mais qualidade no underground nacional. Um concerto arrebatador, com temas que percorreram vários álbuns da sua carreira, incluindo temas do seu próximo álbum “Luciferian Frequencies“, que despertaram a curiosidade de todos os presentes. Destaque também para um momento inesperado com as vocalizações limpas na “The Wanderer” por parte de NH, o que fazem antever uma maior abrangência musical no futuro da banda.

MayhemE eis que chega o momento por que todos esperaram, e os Mayhem pisam o palco do Hard Club. A banda atravessou uma história bastante polémica e conturbada ao longo dos anos. Desde a postura sempre blasfema em relação à religião, tendo inclusive participado em incêndios e vandalizações de igrejas norueguesas, passando pelo suicídio e homicídio de elementos chave da formação, atiraram os Mayhem para um estatuto lendário dentro do movimento black metal. Mesmo com várias alterações de line-up ao longo dos anos, mutando também a sua sonoridade nos vários álbuns que gravaram, Mayhem sempre mantiveram a sua identidade e a sua postura extrema. No Hard Club não foi diferente. Dotado de 2 cabeças suínas em palco (como tem vindo a ser hábito), Attila Csihar com os seus dotes vocais extraordinários dentro desta sonoridade, teve uma presença em palco verdadeiramente incrível, macabra e doentia. Boa prestação também dos restantes membros, em especial para a máquina demolidora por detrás da bateria, Hellhammer.

Mayhem foram tocando várias músicas que percorreram a sua carreira, desde “Anti” e “Illuminate Eliminate” do seu mais recente álbum Ordo ad Chao, passando por “My Death” do Chimera, “A Time to Die” e “View From Nihil” do controverso Grand Declaration of War, “Ancient Skin” do seu EP Wolf’s Lair Abyss, e finalmente várias músicas dos clássicos Deathcrush e De Mysteriis Dom Sathanas, os 2 trabalhos intemporais de Mayhem. Faixas como “Freezing Moon”, “De mysteriis dom sathanas”, “Pagan Fears”, “Deathcrush” e “Pure fucking armageddon” fizeram as alegrias do público presente, numa experiência verdadeiramente hipnotizante.

Uma noite memorável no Hardclub, venham outras assim!

 

Porco

Texto: Ivo Leitão

Fotos: Diogo Oliveira