Paredes de Coura 2010 – Dia 4: Chegaram e afirmaram em bom som “We are the Prodigy”
Coube aos portugueses Os Dias de Raiva a sempre difícil tarefa de abrir o palco principal do último dia do festival. Seja por causa do calor intenso ou por causa das noitadas anteriores, é sempre complicado arrastar muito público até às grades. Este projecto recente conta com a participação de Carlão na voz, mais conhecido como o Pacman dos Da Weasel, Nuno Espírito Santo baixista dos Oioai, Paulo Franco e João Guincho dos Dapunksportif nas guitarras e coros e Fred na bateria. Inspirados nas músicas pesadas de hard rock, punk, hardcore e metal que ouviram enquanto cresciam juntaram-se para formar este super grupo português. Na bagagem trouxeram o seu único EP homónimo lançado através da Optimus Discos e tocaram-no na íntegra. Nunca é de mais salientar que é possível efectuar gratuitamente o download deste trabalho. Houve mosh e algum público a cantar as músicas, por isso pode-se dizer que o objectivo foi cumprido. Foi a primeira vez deles num festival, e esperam que não seja a última. Para já têm também presença confirmada na Festa do Avante deste ano.
Para não variar, mais um britânico em palco, e que efectuava a sua estreia em solo nacional. Jamie T, considerado uma das novas revelações da música britânica, surgiu acompanhado pela banda de suporte Pacemakers. Apesar do esforço, não conseguiu entusiasmar o público que já se encontrava no recinto. Começou com o seu último single “The Man’s Machine” do seu último trabalho “Kings & Queens”. O músico de Wimbledon apresenta uma fusão de rock e hip hop que pelo menos nesta sua primeira passagem pelo nosso país foi morna. “368” e “Back in the Game” também fizeram parte do alinhamento que terminaria com a música “Sticks & Stones”. Pode ser que num espectáculo a solo com um público mais conhecedor as coisas sejam diferentes.
Os The Dandy Warhols eram um dos grupos mais esperados do dia mas acabaram por desiludir. Apesar dos fãs nas grades vibrarem ao som das músicas da banda norte-americana, a verdade é que foi um concerto a meio gás para o restante público. Alguns problemas sonoros, a pouca interacção com os presentes e um final antecipado, apesar de ultrapassarem largamente o tempo destinado, tornou este momento em apenas mais um concerto morno. Hoje esperava-se casa cheia e por isso não era de surpreender a quantidade de pessoas que já se encontrava no recinto à aquela hora. “We used to be Friends” arrancou os primeiros aplausos sentidos mas o único momento quente desta actuação deveu-se à música “Bohemian Like You”, com o público a saltar e a cantar intensamente.
Os bracarenses Mão Morta ressuscitaram em Paredes de Coura, passados três anos. Num espectáculo irrepriensível, Adolfo Luxúria Canibal e companhia apresentaram o seu último trabalho, “Pesadelo em Peluche”. “Tiago Capitão” iniciou as hostilidades para depois chegar a “Teoria da Conspiração”. “Fazer de Morto” e “O Seio Esquerdo de R.P.” também apareceram mas foram os “Novelos da Paixão” que mais cativaram o público. Ao contrário do Festival Optimus Alive 2010, onde actuaram de dia, aqui já a noite tinha caído, tornando o ambiente mais ao gosto dos seis de Braga. Os clássicos “Tu Disseste”, “Budapeste (Sempre a Rock & Rollar)”, “Cão da Morte” e “Anarquista Duval” incendiaram os ânimos. De fora do alinhamento ficou o álbum “Nús” de 2005. Para os fãs mais devotos, “E Se Depois” e “Barcelona (Encontrei-a na Plaza Real)” fizeram as delícias. As batidas começaram a ser ouvidas e os cânticos a ser entoados. “1º de Novembro” estava a caminho para terminar em apoteose com banda e público a cantar a uma só voz. Os Mão Morta agradeceram com uma vénia, e o público retribuiu com largos minutos de aplausos. Mais um grande momento no festival, ficando apenas a sensação que soube a pouco. Temas como “Oub’ Lá”, “Charles Manson” e “Em Directo (Para a Televisão)” também mereciam ter tido a sua aparição.
Reportagem: Ricardo Machado e Tiago Cavaleiro
Fotos: Hugo Lima
Fotografias: Hugo Lima
Fotografias: Engenharia Rádio