Queima do Porto 2010: Dia 1 (1º Sábado)
Primeiro dia de queima, noite de serenata, e um queimódromo a meio-gás que só se compôs aquando da debandada da praça da cordoaria, a partir das 2 da manhã. A disposição das barracas algo diferente, e o habitual caos de tentar encontrar a barraca do curso, ou daquele amigo que se calhar até é capaz de arranjar umas bebidas à pala. Abriu assim a maior festa académica do Porto.
A abrir as hostilidades no palco, os Phama, banda vencedora do VIII Concurso de Bandas de Garagem da FAP. Ainda com pouco público, mas já com alguns fiéis, os Phama deram um bom concerto de apresentação ao mundo, que os poderá ter impulsionado para outros voos. Já à conversa com eles, confirmamos que a expectativa por este concerto, e por o que ele pode trazer, é alta. Mas que têm os pés bem assentes no chão, e que sabem que a vida de uma banda de garagem é feita de “picos”, que se têm de aproveitar ao máximo. Está aí o primeiro EP deles, “Mundo à Janela”, a ver se eles aproveitam o embalo.
Já passava da 1h quando Tiago Bettencourt e os Mantha subiram ao palco. Nas mãos os respectivos instrumentos, na cabeça o último álbum “Em Fuga”. Não se sabe bem de que anda Tiago Bettencourt a fugir, mas suspeita-se que seja do seu passado com os Toranja, sobre os quais ele confessou, em jeito de desabafo, que muita gente não saberia sequer que eles já tinham acabado. Foi um concerto agradável, talvez um pouco estranho num 1º dia de queima, mas que conseguiu ser aquele que agarrou mais público durante o dia de ontem. No meio dos temas deste último álbum, ainda alguns acordes dos tempos dos Toranja, para fazer a vontade à plateia. Ainda não imaginava Tiago Bettencourt que na sala de imprensa lhe esperavam perguntas sobre economia…
Um primeiro comentário à actuação dos Crystal Castles: ver o concerto muito perto das colunas pode provocar sensações estranhas. Boas ou más, depende de cada qual, mas que algo de estranho me corria pelos centros nervosos ao som daquelas vibrações não tenho dúvidas. Não tendo sido propriamente uma enchente, era bastante óbvio que havia gente ali de propósito para ver Crystal Castles, e não apenas mais um espírito deambulante da queima. E esses fâs devotos deliraram com o som poderoso dos canadianos. A vocalista Alice Glass é algo espantoso de ver em palco, com os seus movimentos algo esquizofrénicos que nos prendem a ,que raras vezes deambula para Ethan Kath, o outro elemento da banda e senhor dos sintetizadores, e Christopher Chartrand, baterista convidado nos espectáculos ao vivo. Momentos altos para “Alice Practice” e Crimewave”, a levar os fãs devotos ao delírio. Se é verdade que em relação aos Crystal Castles, ou se os ama, ou se os odeia…o saldo foi-lhes claramente positivo na noite de ontem.
Reportagem por Ricardo Machado e Tiago Cavaleiro