Fantasporto 2010: Cerimónia de encerramento (Entrega de Prémios + The Crazies)
Foi com chave de ouro que Mário Dorminsky e a sua fiel trupe fecharam o portão de mais uma edição do FantasPorto verdadeiramente brilhante. Uma noite cheia de risos, lágrimas, apelos e lamentações. E claro, cinema! Mas comecemos, como manda a lógica, do ínicio. Após um excerto do clássico “Paixão (Segundo Nicolau da Viola)”, fruto da famosa colaboração Rui Veloso/Carlos Tê e que tem o Rivoli como pano de fundo, o mote para a primeira homenagem da noite estava lançado. A Rui Veloso, pois claro, pela sua longa carreira, que completa no presente ano 30 anos de vida, tantos quantas edições do festival.
Mas esta seria a primeira de várias homenagens a personalidades de diversos campos da cultura. Júlio Cardoso, fundador do Seiva Trupe, foi distinguido pelos seus feitos e batalhas travadas em nome do teatro. Outros homenageados incluem a artista russa Ludmila, autora dos quadros em exibição no hall do pequeno auditório, e ainda os vencedores dos Prémios Carreira, como o realizador Galvão Teles, juntando o prémio ao ciclo de cinema a si dedicado, e cuja subida ao palco se distinguiu como o momento mais emotivo da noite, num discurso marcado pelas suas lágrimas e agradecimentos, entre os quais ao FantasPorto e a sua organização, ao qual refere a sua dedicação ímpar “contra rios, marés e tempestades”. Mas, Galvão Teles foi um entre os muitos que aproveitaram o dom da palavra para juntar a sua voz ao coro de protestos por um apoio mais forte ao festival, essencialmente por parte tanto da Câmara como do Governo. Acabou por ser na voz de Mário Dorminsky que as mais duras críticas se soltaram, revelando que 65% do apoio financeiro provém de privados e, claro, endereçando agradecimentos a quem contribuiu positivamente para o evento, desde o público até os jornalistas estrangeiros que se encontraram presentes durante as duas semanas.
Quanto aos vencedores da noite, Phillip Ridley e o seu “Heartless” acabaram por ser os mais galardoados (Grande Prémio de Melhor Filme, Melhor Realização e Melhor Actor para Jim Sturgess), dando origem a um dos momentos mais descontraídos da noite, com as gargalhadas a instalarem-se, não só entre o público, mas também entre os membros da organização, devido às constantes chamadas a palco, apesar dos avisos para este mesmo não se voltar a sentar. “Fish Tank”, de Andrea Arnold, foi um vencedor mais do que justo do Prémio Manoel de Oliveira (destinado ao vencedor na secção Semana dos Realizadores), cuja sensibilidade suja e inflamável conquistou o júri, enquanto o novo filme do sul-coreano Chan-wook Park, “Thirst”, arrebatou o prémio da secção Orient Express, categoria destinada para o cinema oriental, com o Prémio Especial do Juri a ir para “Frozen Flower”. De referir o surpreendente “Deliver us from Evil”, cujo Prémio Especial do Juri acaba por destacar um dos filmes mais bem conseguidos e interessantes de todo o festival.
Para fechar a noite em beleza, antes da noite soltar os seus demónios no Baile dos Vampiros (a habitual festa de encerramento do festival), foi exibido “The Crazies” em ante-estreia nacional, celebrando os 40 anos do íconico “Night of the Living Dead’, de George Romero.
De ressalvar o apoio dado constantemente pelos convidados internacionais, bem cientes das dificuldades que todos os anos o FantasPorto infelizmente enfrenta, e da fantástica afluência do público, sedento por actividades culturais na Invicta, e capazes de tanto apreciarem uns quantos zombies a serem dilacerados, como de revisitarem clássicos do cinema europeu. Numa cidade onde rios secam cultura, é sempre bom contar com este oásis.
Poderão consultar a completa de vencedores aqui.